sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vieirinha: "Se dominar no meio, ganha"




A caminhada europeia do FC Porto passa agora por Moscovo, onde terminou a de Vieirinha, que esteve quase, quase a regressar ao Dragão como adversário. "Foi pena, seria especial. Não só pelo reencontro, mas sobretudo porque acho que a nossa equipa não foi inferior nos dois jogos com o CSKA e merecia continuar", diz a O JOGO. Foi-se a eliminatória, ficou o conhecimento directo dos perigos. Para além do gelo de Moscovo, referência incontornável, há outros obstáculos de carne e osso que convém memorizar. "Tosic é um extremo muito rápido e, claro, Vágner Love é também muito perigoso." Há outros avisos que vale a pena fazer: "Eles começaram os dois jogos em 4x4x2, mas o esquema não é muito rígido. Aliás, a mobilidade é mais um ponto complicado para travar."
Dito isto, Vieirinha continua a achar que há motivos para os adeptos portistas conservarem o optimismo. "O FC Porto é favorito. Nos dois jogos." E explica porquê: "É mais forte, não só como equipa, mas também nas individualidades. Hulk, Falcao ou Varela podem resolver, apesar de ter gostado muito de um dos centrais. Mas, para mim, o segredo está no meio-campo. Se o controlar, e o CSKA é um bocado displicente pelo meio, o FC Porto ganha." A próxima dica encaixa que nem uma luva no estilo de jogo defendido por Villas-Boas. "Posse de bola é fundamental. O PAOK conseguiu dominar assim a primeira parte", explica.

Contratualmente desligado do FC Porto, Vieirinha está, ainda assim, identificado com o que se passa no Dragão. "Vi o jogo com o Sevilha e, mesmo com a derrota, deu para perceber que geriram bem a eliminatória. O que têm feito, não só na Liga Europa como no campeonato, prova que podem chegar à final." O sonho europeu do PAOK terminou. "Apostamos na Taça", diz Vieirinha, que viu o talento reconhecido na Grécia, ao ponto de ter sido alvo dos dois emblemas mais fortes de Atenas. "Falou-se disso, mas é impossível. Os adeptos do PAOK, que são especiais, achariam sempre uma traição. Daqui só me deixam sair para outro país." E há hipótese? "Embora gostasse de experimentar campeonatos como o espanhol, o inglês ou o italiano, não penso muito nisso. Deixei-me de ilusões, vivo com o que tenho, e a minha realidade é o PAOK, onde sou feliz." Menos feliz anda Jesualdo Ferreira, no Panathinaikos. "Está difícil para ele, mas precisa de tempo. Se lho derem, pode fazer um bom trabalho. Os clubes de Atenas vivem de ciclos e, em três ou quatro meses, é difícil mudar."

Sintético é fácil, o frio nem por isso...

Em Moscovo, nesta altura do ano dá para contar todos os ossinhos do corpo, que doem de tanto frio. "Jogámos com menos 15 ou 16 graus", conta um Vieirinha habituado ao clima ameno da Grécia. "A mim, custou-me tudo, sobretudo nos primeiros minutos. Os dedos dos pés e das mãos gelam. Vai-se aquecendo com o jogo e com a roupa adequada. 'Collants', luvas, tudo ajuda. Mas isso é uma coisa que o FC Porto sabe, porque já jogou nessas condições. Ainda este ano, lembro-me de os ter visto a jogar na neve quando foram à Áustria."

Além do frio, que se deverá manter quando o FC Porto visitar a Rússia - dia 10 de Março -, há outra experiência à espera dos portistas: o relvado sintético. "O frio foi mais complicado, pelo menos para mim; já estava habituado aos sintéticos, porque era normal usarmos quando estive no FC Porto. Até parece um campo normal, a única dificuldade, talvez por causa da temperatura, foi dominar a bola. Saltava muito, o que dificultava bastante no um contra um". No Olival e no Vitalis Park, não faltam sintéticos para André Villas-Boas adaptar a equipa, e o mais provável é que o treinador não dispense uns ensaios para garantir a adaptação total e evitar que os sonhos europeus patinem nos oitavos.

FMI no futebol grego nota-se nas bancadas

Na Grécia, a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi o caminho para atenuar a catástrofe financeira. Por cá, os portugueses vão-se familiarizando com a sigla, e importava perceber o impacto desse aperto de cinto no futebol. "O PAOK é uma realidade à parte, porque os adeptos enchem sempre o estádio. Mas sim, nota-se a crise , sobretudo nas bancadas, por causa das restrições financeiras a que os gregos estão sujeitos. Para um jogador, financeiramente continua a compensar jogar no campeonato grego. Os atrasos salariais são os normais. No que me diz respeito, que é o PAOK, não tenho razões de queixa." Em todo o caso, reforça Vieirinha, é bom que os clubes portugueses se preparem para o impacto...

in "ojogo.pt"

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