quarta-feira, 16 de março de 2011

FC Porto. Quantos são? Quais são? Villas-Boas pode continuar a bater recordes

"Perder"foi palavra que não entrou no vocabulário dos dragões até Janeiro. Desde então já perderam, mas nunca fora de casa. O recorde de invencibilidade está à porta. É mais um


André Villas-Boas já se queixou do exagerado mediatismo que o Benfica tem quando ganha. Já o fez mais do que uma vez. O técnico do FC Porto lamenta que os feitos dos dragões não sejam exaltados e falados da mesma forma como a série de triunfos dos encarnados desde a goleada sofrida no Dragão. Por outro lado, Villas-Boas parece desvalorizar constantemente os feitos que tem conseguido ao serviço dos azuis-e-brancos. As vitórias seguem-se mas o técnico não está focado nas batalhas, antes nas guerras. Ou seja, não quer saber de jogos, quer é os títulos.

Villas-Boas é imperador do Dragão. Roma, diz o ditado, também não se fez em apenas um dia e o técnico que ainda não tem sequer dois anos como profissional apresenta uma forma muito própria de viver os triunfos. Os recordes existem para ser batidos e nesse aspecto o FC Porto está a trabalhar bem. A campanha na Liga Europa é um dos exemplos. Até este ano, nunca uma equipa portuguesa tinha vencido mais de nove jogos numa só competição europeia. E mais, os dragões nunca tinham passado dos oito triunfos. Em casa, frente ao Sevilha, Villas-Boas poderia ter batido esse recorde mas foi prudente: o importante era assegurar a qualificação. O FC Porto perdeu (0-1), mas o "importante" de Villas-Boas tinha sido conseguido. Além do mais, o nono triunfo podia ser conseguido com o CSKA em Moscovo. O resto da história já se sabe: Guarín disparou de fora da área e o FC Porto, tal como em Sevilha, ficou a um passo de seguir em frente. O importante, lá está, continua a ser passar aos quartos-de-final, mas a vitória em casa fixará um novo recorde: a décima vitória de uma equipa portuguesa numa época europeia.

Antes disso, Villas-Boas já tinha partilhado outros recordes com Jesualdo Ferreira, que terminou a época passada: um ano sem perder para o campeonato e um ano sem perder fora de casa, independentemente da competição. Este FC Porto não é invencível, mas as derrotas, todas no Dragão, são raras. A do Sevilha não deixou mossa e a do Nacional foi entendida como natural numa competição que era a última prioridade do FC Porto. Só mesmo a derrota caseira com o Benfica, na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, poderá ser vista como negativa. Ainda assim, há 90 minutos na Luz a 20 de Abril para tentar inverter a desvantagem.

Serão também 90 minutos na Luz, mas a 3 de Abril, aqueles em que Villas-Boas e FC Porto poderão conseguir nova marca histórica no clube. Ser campeão é claramente o grande aliciante, mas Villas-Boas aposta mais uma vez na mesma carta: a prudência. "É preciso ter cuidado com o objectivo de conquistar o título na Luz. O Benfica tinha esse objectivo no ano passado [ser campeão no Dragão] e não correu bem", afirmou na segunda-feira após o jogo em Leiria. Mesmo sem ser campeão em Lisboa, Villas-Boas poderá atingir novo recorde, ainda que dividido com o FC Porto de 1990/91. Na altura, a equipa de Carlos Alberto Silva esteve 26 jogos consecutivos sem perder fora de casa, que incluíram um triunfo em Alvalade (2-0) e empates na Luz (2-2) e em Munique com o Bayern (1-1). Agora, 20 anos depois, o FC Porto volta a vestir-se de gala de cada vez que se afasta do Dragão. A frase de José Maria Pedroto, que estranhava o medo que os jogadores tinham assim que atravessavam a ponte sobre o Douro, nunca fez tão pouco sentido como agora.

Na Luz, Villas-Boas terá um naipe de recordes à espera de ser alcançados mas não será preciso ser bruxo nem ler nas estrelas, como poderia dizer Pinto da Costa, para adivinhar que Villas-Boas não vai dar assim tanta importância a essa possibilidade. O que conta no final são os títulos, mas os recordes já chegam para lhe encher o bolso.


in "ionline.pt"

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