Vítor Pereira não consegue dormir quando perde, mas na noite que se seguiu ao empate com o APOEL também não terá conseguido pregar olho. O treinador foi para casa fazer uma reavaliação do que se passou nos 90 minutos em que a equipa demonstrou uma gritante incapacidade para ultrapassar os blocos dos cipriotas. Visto e revisto o jogo, Vítor Pereira traçou o diagnóstico: falta alma à equipa e solidariedade em campo, além de ter detectado alguma sobranceria. Foi esta a mensagem que procurou transmitir ao grupo na palestra que antecedeu o primeiro treino após a perda de mais dois pontos na Liga dos Campeões. E terminou a pedir que cada um dê um pouco mais. Só com "solidariedade dentro das quatro linhas", sublinhou, é que o FC Porto poderá retomar o trilho do sucesso recente.
Durante pouco mais de cinco minutos, Vítor Pereira reuniu o plantel - faltaram apenas Iturbe, Fucile e Rafa - no centro do relvado do Olival a uma distância confortável para que os jornalistas não ouvissem tudo, mas, também, perto o suficiente para que se entendessem as frases mais fortes do discurso, aquelas que proferiu levantando um pouco a voz. O vento, a favor de quem tentava escutar, deu a ajuda que faltava.
A conversa começou com um assumir de responsabilidades pelo resultado da véspera. Depois, sem nunca individualizar, insistiu que a equipa se exibiu vários furos abaixo do pretendido, admitiu erros que espera não ver repetidos e reafirmou o desejo de ver a resposta adequada com o Nacional, já no domingo. "O que me custou mais foi ver algum excesso de confiança. Deu a sensação de que achavam que a coisa se resolveria mais cedo ou mais tarde, sem grande esforço, num ou outro lance individual ou num erro deles, e isso levou-nos a cometer erros", atirou, lançando desde logo um repto: "Temos que ser mais solidários". E usou a partida em Coimbra como exemplo. O FC Porto vinha de uma série de três jogos sem ganhar, a pressão atingia os limites, mas a equipa, mesmo sem Kléber, levou os três pontos para casa.
As críticas em jeito de alerta continuaram: "Passámos muito tempo a discutir com o colega porque este não passou a bola ou porque não acompanhou a jogada, ou isto ou aquilo. Está a faltar-nos alma de equipa", concluiu. Vítor Pereira aproveitou ainda para comparar o percurso actual com o da época passada, com a intenção de mexer com o orgulho dos seus jogadores. "Isto é a Liga dos Campeões, mas se quiserem ficar à sombra da bananeira do que conseguimos na época passada, tudo bem... Só que não vamos ter sucesso", sublinhou, apresentando a receita para o mal de que padece o FC Porto. "A solução passa pelo trabalho como equipa. É preciso mais de cada um. Cada um de nós tem que dar mais em campo", pediu, dando ordens para que o trabalho de campo se iniciasse. Resta, agora, aos portistas esperarem pelo jogo de domingo, com o Nacional - a equipa que mais vezes ganhou no Dragão - para perceber se a mensagem passou.
Mudar os nomes sem tocar na fórmula
Vítor Pereira realizou três substituições durante a segunda parte da partida com o APOEL, mas em nenhumas delas mexeu no sistema táctico da equipa. Os gráficos apresentados pela UEFA, retirados do sistema que segue todos os passos dos jogadores em campo, e que servem também para apresentar a disposição táctica da equipa nas duas partes do jogo, demonstra que não houve mudanças no FC Porto, tendo Vítor Pereira optado por trocar jogadores sem nunca mexer na forma final. Quando saiu Fernando para entrar Belluschi, Guarín passou a ocupar a posição do brasileiro, enquanto Varela se limitou a colar ao lado esquerdo do ataque, até então entregue a James. Mesmo o belga Defour, que não consta desse gráfico por só ter entrado aos 79', foi chamado ao jogo para preencher os mesmos espaços de Moutinho.
in "ojogo.pt"
Sem comentários:
Enviar um comentário