O vencedor da Liga Europa tem passado uma imagem pobre lá para fora esta época: a de incompetente e devedor
O FC Porto frio, letal, cirúrgico é uma criação do passado, com crédito para AndréVillas-Boas e sublimação nos golos de Falcao. Três meses e meio depois do primeiro jogo de preparação, já não restam dúvidas de que Vítor Pereira moldou a equipa com outras ideias. É uma filosofia própria, ainda mais adulterada pelo fracasso portista no fecho do mercado – faltou pelo menos um avançado.
Começa aí um dos problemas do FC Porto, que na verdade são dois. A perda de Falcao não foi superada e o jogo com o APOEL serve de prova. Quando Hulk tem de assumir o jogo sozinho, os dragões rendem menos, criam menos, sobretudo se o adversário se fechar em copas na defesa. Kléber tem apenas menos dois golos (quatro) do que o colombiano somava na época passada, por esta altura. Mas o impacto para lá dos golos é ainda menor, nota-se na forma como a equipa se organiza no ataque.
A transferência de Falcao – ou o dinheiro devido pelo Atlético Madrid – ainda veio atrasar o pagamentos dos passes de Défour e Mangala ao Standard Liège. O clube belga pediu explicações ao FC Porto, mas na terça-feira viu-se forçado a emitir mais um comunicado a queixar--se de que o dinheiro ainda não tinha chegado. E prometeu levar o caso para os órgãos competentes.
Depois de um ano de sonho, com a conquista da Liga Europa, o FC Porto está a deixar uma imagem menos feliz fora de Portugal. Ganha fama de devedor – mesmo que a culpa seja relativa – e encalha nos jogos da Liga dos Campeões. Se no jogo com o Shakhtar foi capaz de dar a volta à desvantagem (ganhou 2-1), com o Zenit e o APOEL não foi capaz de segurar a vitória depois de se pôr na frente. Helton, o salvador da noite de quarta-feira, desabafa: “O que ficou para trás não é lembrado por ninguém. Pelo contrário, é cobrado quando a prestação não corre da melhor forma.”
Resultados passados não compram vitórias. Nem a fama de outros tempos. João Moutinho e Guarín, dois motores em alta rotação com Villas-Boas, parecem agora cansados, incapazes de carregar a equipa. “Não tenho estado ao meu nível. As coisas não me estão a sair bem”, reconheceu o médio português. O FC Porto ressente-se, até emocionalmente:frente ao APOEL igualou o recorde de cartões amarelos (oito, da Roma, em 2007) num jogo da Champions.
Os assobios foram quase todos para Vítor Pereira, que nos últimos jogos da Champions tem acumulado opções duvidosas – sobretudo ao tirar James. É para ele que os adeptos apontam, é dele que esperam soluções. Afinal, não mudou assim tanta coisa entre os nomes que compunham e compõem este FC Porto. A crise, palavra rara no Dragão, está aí à porta. Será que vai entrar?
in "ionline.pt"
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