Wilson Davyes completou quatro anos no FC Porto. Quatro anos em que terminou todas as épocas a festejar a conquista do título nacional. Para um jogador que aos 23 anos é considerado já como uma das grandes certezas do andebol português, tudo sucedeu com naturalidade e o sucesso justifica-se porque "ninguém aborda o jogo em Portugal" como ele e os colegas.
"A forma como jogamos é diferente de todos os outros. Fruto desse modelo de jogo, se calhar cometemos mais falhas técnicas, mas é a nossa abordagem. Uma defesa forte e um contra-ataque rápido leva-nos a ter muitas situações de ataque durante o jogo, mais do que as outras equipas. É isso que faz a diferença", explicou Wilson.
Para muitos, a condição física dos portistas também se torna algo de inultrapassável pelos adversários. O jogador não desmente, mas não sustenta esse argumento: "Tudo dá nesse estilo de jogo. Poderá haver uma preparação física diferente das outras equipas. Eu não sei".
Há quatro anos, Wilson trocou uma equipa da II liga espanhola pelo regresso ao seu país, "via FCP". O que se passou neste espaço de tempo era inimaginável. "Este é o meu quarto ano. Ganhei quatro títulos felizmente. Era impossível prever isso, mesmo que fosse um grande desejo. Foram objetivos que se revalidaram ano a ano".
Wilson reconhece que, época a época, o seu clube é mais eficiente e escalpeliza o que se passou: "Temos melhorado. No primeiro ano o treinador era o Carlos Resende. Depois, veio o professor Obradovic e havia muitas dúvidas sobre o que se iria passar, porque tinham saído jogadores importantes. Surgiu um modelo novo e muita gente não acreditava no FC Porto, mas conseguimos voltar a ganhar. No segundo ano, mantinham-se as dúvidas, pensava-se que se calhar tinha sido um acidente, mas a equipa voltou a ganhar. Este ano acabaram-se as dúvidas. Não se pode ter sorte tantas vezes".
Entrada em 2012/13 será o percurso normal
Todos os jogadores do tetracampeão querem jogar na Liga dos Campeões da próxima temporada. Wilson Davyes considera mesmo que essa ambição não tem nada de desmedida: "Seria o percurso normal. Analisando o nosso trajeto até agora. Já temos uma base sólida e recordando mesmo as más experiências pelas quais passámos, vimos que já nos deram maturidade para no próximo ano atingirmos esse objetivo. O desfecho lógico será a nossa participação".
"Há um conformismo muito grande"
O andebol do FC Porto e a seleção têm vivido de costas voltadas. O FC Porto é um projeto vencedor. A equipa nacional soma desaires. O divórcio entre os dois revela-se ainda no facto de só um portista ter lugar nas principais opções do selecionador. Wilson Davyes comenta : "Os jogadores do FC Porto estão lá, mas não jogam. São opções do técnico, que entende não termos nível para representar a seleção. Deve ser bom sinal. Se uma equipa é tetracampeã e os seus jogadores não são escolhidos, quer dizer que os outros são melhores. Sobre os resultados pouco animadores: "É outra análise que não posso fazer. Quem decide que o faça.
Para Wilson não é muito usual a forma como Mats Olsson trata a realidade portista: "É estranho, se analisarmos os outros países, as equipas que dominam as ligas nacionais costumam ter mais jogadores na seleção. O nosso caso é especial". Sobre o que se passa na equipa das quinas, diz o jogador, "existe um conformismo grande. Os jogadores que lá estão, estão acomodados, Não há sinais de mudança. Se o insucesso é constante e nada muda, isso poderá levar a pensar que estão bem, sem se esforçarem para melhorar. Se calhar é preciso uma renovação". Por enquanto, Wilson não quer pensar em Europeus ou Mundiais, "É-me difícil falar nisso, como não sou utilizado não passa por mim. Há uma nova geração com talento e vontade de trabalhar e uma oportunidade de mudança com esta nova direção. Espero que isso aconteça".
Um penta-avô que fugiu do Gana e o sonho de jogar no estrangeiro
O nome Davyes é a herança de um penta-avô que fugiu do Gana, para a Guiné Bissau. Os seus país vieram dessa antiga colónia para Portugal e Wilson foi o primeiro da família a nascer em território nacional. Foi também o primeiro e único a apostar no desporto. Tudo começou "arrastado por uns amigos, quando tinha 11 anos, porque vivia perto de Alvalade". E, assim, o Sporting foi o seu primeiro clube, de onde saiu, aos 17 anos, para Espanha, ao descobrir que não tinha lugar na equipa sénior. "Se ficasse iria perder toda a ilusão que tinha de jogar andebol". Explica a polivalência como "fruto da iniciação e de querer imitar as grandes figuras que idolatra". Wilson Davyes faz o que gosta, tem ambição e parece saber muito bem o que quer: "Jogar numa grande liga estrangeira, fazer um curso de Comunicação Social e desfrutar ao máximo o momento".
in "ojogo.pt"
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