quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Maicon é trunfo forte no F. C. Porto


Foi jogador de futsal antes de ser futebolista. No Brasil, jogava no meio-campo, mas depois foi adaptado a defesa central. E o resultado está à vista. Maicon é um dos indiscutíveis do F. C. Porto e tem sido o substituto de Bruno Alves. Por isso, Otamendi tem de esperar.

Na época passada, Maicon apenas contabilizou quatro jogos no campeonato ao serviço do F. C. Porto. Um número magro que agora está a ter uma expressão mais gorda. Em apenas cinco jornadas, regista outros tantos desafios na prova. Aliás, é dos jogadores mais utilizados pelo treinador André Villas-Boas e foi titular nos nove encontros oficiais do F. C. Porto. Está seguro como uma rocha no eixo da defesa e a feroz concorrência de Otamendi até tem servido como estímulo no processo de afirmação.

O jogador tem sido o substituto de Bruno Alves, formando com Rolando uma dupla de centrais muito coesa. E os números são claros: dois golos sofridos na Liga, a segunda melhor defesa da prova, atrás do Olhanense. “O Bruno Alves é um excelente jogador e foi muito competente, mas o Maicon está no mesmo caminho. A prova disso são os resultados do F. C. Porto, que têm correspondido às competências do jogador”, avança Manuel Machado, treinador do Guimarães, que o lançou há duas épocas, no Nacional.

Maicon tem 22 anos, jogou futsal durante a adolescência e é por isso que tem um sentido técnico apurado. E quando chegou ao Cruzeiro com a idade de júnior actuava a trinco, mas depressa foi adaptado a defesa-central, por ter um perfil físico mais indicado para aquela posição. “Esta ascensão não me surpreende. Já no Nacional tinha as qualidades que hoje apresenta. Agora tem vindo a confirmá-las numa equipa com a grandeza do F. C. Porto. Está perfeitamente integrado e mais maduro”, explica o treinador.

Em nome de Michael Jackson

Maurides Roque, pai de Maicon, segue atentamente a carreira do filho e sente-se “orgulhoso” pela ascensão do jogador com a camisola do F. C. Porto. O segredo foi a perseverança de quem nunca desistiu, mesmo quando tinha os caminhos tapados: “Ensinei-o a ser humilde e paciente e ele nunca desistiu. Agradeço a Jesualdo Ferreira, porque ajudou-o a evoluir, e a André Villas-Boas, que lhe deu esta oportunidade. Quando o Bruno Alves saiu do F. C. Porto, disse-lhe ‘filho, o cavalo só passa uma vez perto de casa’ e ele agarrou a oportunidade”, conta, ao JN, Maurides Roque.

De raízes humildes, sempre revelou ter um espírito determinado: “Aos 13 anos, disse-me que ia sair de casa e só voltava como jogador profissional”. O sonho concretizou-se. Maicon tem dois irmãos futebolistas e um deles chama-se Muller “em homenagem ao antigo avançado do São Paulo”. E Maicon? “Baptizei-o com esse nome porque sempre fui fã do Michael Jackson”. O sucesso no F. C. Porto de Maicon junta-se a alegria pessoal de ter sabido, há pouco, que vai ser pai.

in "jn.pt"

F.C. Porto: Maicon, o «caçula» da linhagem de centrais canarinhos

Olhar para terras de Vera Cruz e descobrir um estanque. Um guardador de rebanhos com sotaque, físico imponente e capacidade de tapar os caminhos da baliza azul e branca. Foi esta a forma que o F.C. Porto, ao longo de vários anos, usou na procura de defesas centrais. Não são muitos, mas, salvo raras excepções, são centrais de classe reconhecida, aqueles que os dragões pescaram, desde que a equipa é dirigida por Pinto da Costa.


O último deles, numa altura em que a aposta parece ter mudado de rumo, é Maicon. Chegou do Nacional, com pezinhos de lá e envolto em desconfiança. Passou discreto pelo primeiro ano e foi lançado às feras para tapar a ferida aberta pela saída de Bruno Alves. Deu-se bem.

A chegada de Otamendi parecia traçar-lhe o destino, mas aos poucos a dúvida mudou. Já não se questiona quando o argentino entrará na equipa, mas o que terá de fazer para o conseguir. Maicon tem a palavra. Num lugar que outrora foi de nomes de Celso, Geraldão ou Aloísio, é este último a deixar uma palavra de incentivo ao compatriota. «Não me surpreende esta afirmação do Maicon. Dos jogos que vi, gostei bastante e parece-me que tem condições para segurar o lugar. É verdade que o F.C. Porto se reforçou forte para o sector, mas o Maicon dá todas as garantias ao André [Villas-Boas]», afirmou Aloísio, em conversa com o Maisfutebol.

O antigo defesa, ainda hoje o estrangeiro com mais jogos realizados com a camisola dos dragões, é um defensor da escola «canarinha» no que a defesas-centrais diz respeito. E lembra que o F.C. Porto raramente se deu mal. «O F.C. Porto sempre teve bons centrais brasileiros. Mesmo depois de eu sair apareceu o Pepe, que acabou por se naturalizar. É verdade que já há alguns anos não tinham um brasileiro naquele lugar, mas penso que foi apenas uma excepção, porque há muitos valores e é um mercado que o clube costuma ter sempre em atenção», afirma.

Maicon: será mais Celso ou mais Argel?

Desde que Pinto da Costa assumiu o clube, o F.C. Porto teve oito defesas-centrais brasileiros (contanto o naturalizado Pepe). Aos 22 anos, Maicon é o nono e ainda tem algum caminho a percorrer para se perceber se seguirá as pisadas de luxo deixadas por Celso ou Aloísio ou, pelo contrário, irá enveredar pelo caminho sinuoso de Lula ou, mesmo, desastrado de Argel, a experiência portista menos bem sucedida.

As primeiras impressões têm sido positivas, ainda para mais quando a equipa tinha pela frente o desafio de render um valor seguro como o de Bruno Alves: «A saída do Bruno [Alves] já era esperada, por isso o clube tinha opções em carteira. A aposta no Maicon vem nesse sentido e felizmente o jogador está a retribuir. Não é o primeiro caso de um central no F.C. Porto que tem de passar por muita desconfiança para se impor. Ele está a jogar bem e não vai ser fácil perder o lugar. »

in "maisfutebol.iol.pt"

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