O ex-atleta do FC Porto e dirigente da Associação de Atletas de Alta Competição, Nuno Fernandes, lamentou hoje a suspensão da secção de atletismo dos “dragões”, que o colocou numa situação “ingrata”.
“A Associação de Atletas de Alta Competição de Atletismo votou a favor da alteração dos regulamentos, em prol da defesa dos atletas portugueses, pelo que, em parte, contribuímos para esta situação”, disse.
Nuno Fernandes não escondeu a sua decepção com o evoluir de todo o processo, dado que o FC Porto suspendeu a secção na sequência da alteração aos regulamentos no que respeita à utilização de atletas estrangeiros, pelo que o ex-saltador ficou numa situação “ingrata”.
“Não estava à espera deste desfecho. A vida dá muitas voltas”, disse Nuno Fernandes, recordando que o objectivo da medida era “privilegiar os atletas portugueses”, pois “a vinda de estrangeiros de qualidade é sempre positiva”.
Apesar de ter votado favoravelmente a alteração aos regulamentos, que limitam a utilização de estrangeiros nos nacionais, Nuno Fernandes negou a autoria da proposta.
“A ideia deve ter sido da federação, por força dos clubes do Sul”, acrescentou, considerando que a alteração foi um pouco apressada. “A época estava a começar e era preciso decidir”.
Enquanto sócio e ex-responsável pelo atletismo do FC Porto, Nuno Fernandes - principal impulsionador do reactivar da secção em 1996 - ficou triste pela situação e pela diferença de tratamentos em relação a outros clubes.
“O FC Porto está a ser prejudicado em relação ao clubes do Sul. Se há uma lei que já existe há vários anos e as coisas correm bem porque é que quando o FC Porto ganha vão a correr mudar os regulamentos”, questiona.
Nuno Fernandes disse ainda que na altura foi questionado se a alteração era legal e a resposta foi que sim e que já estava a vigorar num país europeu, mas “não parece que esteja tão legal como isso”, defendeu.
“O Sporting, como o clube que com mais atletas mete na selecção, tenta ditar as sua leis, mas isso são outras questões que não são para aqui chamadas e podíamos falar muito disso, bem como de ética”, adiantou.
O ex-atleta explicou que, “dado que o Sporting tem mais dinheiro do que todos os clubes juntos em Portugal, consegue os três ou quatro melhores atletas nacionais por disciplina, o que deixa ao FC Porto pouco espaço de manobra”.
Nuno Fernandes esclareceu que o recurso ao estrangeiro foi a solução encontrada pelo FC Porto para tentar, com êxito, a oposição ao Sporting e que culminou no último ano com a conquista dos nacionais de pista e ar livre (femininos).
O ex-saltador apontou ainda incongruências à lógica federativa, no que toca à limitação de estrangeiros, uma vez que “é a própria federação a naturalizar atletas para lutarem pelas medalhas por Portugal”.
“A própria federação consegue naturalizar atletas que não nasceram em Portugal, como Naide Gomes, Nelson Évora e Francis Obikwelu. Todos com uma história diferente, mas todos naturalizados por interesse da federação. A vida não é justa”, disse.
in "desporto.sapo.pt"
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