Cardinal tinha sido notícia por ter faltado a um treino de futsal do Sporting para ver o FC Porto sagrar-se campeão na Luz. Desta vez, terá arrancado para Dublin sem autorização do clube e, ontem, um comunicado proveniente de Alvalade dava conta da "rescisão unilateral" do contrato. "Não foi bem assim; o acordo é amigável, mas não gostaria de dizer muito mais do que isso agora; terei oportunidade de explicar melhor", diz Cardinal a O JOGO. Mas, detalhes contratuais à parte, explica que não podia mesmo faltar a mais um momento histórico do clube que lhe enche o coração. "Dou sorte ao FC Porto". Assim mesmo, e até apresenta provas. "Não estive nas duas supertaças no Mónaco e perdemos". A urgência resume-a assim, de forma simples. "Eu tentei ir a bem. Na terça-feira, falei com o treinador e com o director Miguel Albuquerque. Disse-me que não era ele que podia autorizar, pedindo-me que falasse com outros directores. Tentei fazê-lo, mas não os encontrei disponíveis", acrescenta. Forçado a tomar uma decisão, nem hesitou."Desde a barriga da minha mãe que sou portista, nascido no Campo Alegre", conta, como que reforçando a justificação para não perder o regresso às finais europeias. "Estive em Sevilha e em Gelsenkirchen. Não fui Viena, mas esteve lá o meu pai. Tinha de ir a Dublin. Fui e valeu a pena; pelo FC Porto vale tudo a pena. Foi lindo e só quem esteve lá pode explicar".
Está visto que não há maneira de quebrar a ligação, e já se tinha percebido isso da primeira vez que Cardinal fora notícia. "Não podia perder aquele jogo na Luz", recorda. A emoção de ver o FC Porto festejar o título em casa do Benfica ficará "para sempre" na memória. E, em última instância, são essas memórias que ficam a quem vive o clube com paixão. "O meu sonho era jogar futsal pelo FC Porto, só não jogo porque não há equipa". Aliás, é por isso que terá de fazer as malas: deve seguir para o CSKA de Moscovo. Confirmando-se o interesse dos russos, não colocará nenhuma alínea que o liberte para ir ao Mónaco. "Mas posso tentar pedir para me deixarem ir", diz, bem disposto, a ver se quebra o enguiço com as supertaças.
Das finais, guarda a de Sevilha como a mais especial: "Gostei de todas, porque ganhámos, mas Sevilha foi a mais eufórica, pelo jogo e pelo resultado". A próxima tem data marcada. "É já domingo e lá estarei no Jamor", promete, ansioso por ver em campo os dois jogadores preferidos: João Moutinho e Falcao. "Nunca falei com o Moutinho no Sporting, mas adorava conhecê-lo. Temos a mesma idade. Admiro-o pela personalidade e pela visão de jogo. O Falcao, por motivos óbvios. Tem a mesma função que eu, que é marcar golos".
Para o Sporting, reincidência foi gota de água
Godinho Lopes, presidente do Sporting, deu voz à decisão de afastar Cardinal dos seus quadros. A medida foi explicada pelo presidente do emblema de Alvalade, que lembrou a reincidência de um pivô cujo talento desportivo não pode, frisou, estar acima da conduta: "Embora admire o excelente jogador que é, ele já tinha tido um comportamento anterior do qual não gostámos. O problema foi resolvido, ele pediu desculpa aos sócios e pensámos que estava sanado. Infelizmente, ontem [anteontem] foi reincidente, e essa foi a gota de água." O líder dos verdes e brancos considerou que a "fuga" de Cardinal para Dublin passou das marcas. "Há limites para as relações de responsabilidade que os jogadores devem ter para com os seus colegas e massa associativa, daí termos decidido terminar o contrato."
in "ojogo.pt"
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