O treinador do FC Porto, Vítor Pereira, surgiu calmo na sala de Imprensa e com um discurso humilde e claramente não incendiário, optando por responder aos seus críticos... nas entrelinhas. Vítor Pereira recordou que apesar da importância anímica do clássico e pontual em caso de igualdade no final da Liga, esta vitória não vale mais do que três pontos que deixaram os dragões mais perto do "objetivo da época".
"Foi um jogo difícil, complicado. Vencer aqui são três pontos fundamentalmente. Ainda há muito para jogar e vamos ter de trabalhar muito até ao fim atrás do grande objetivo da época. Não ficou nada decidido, a margem é muito pequena, de três pontos, e é óbvio que foi uma boa vitória que nos moraliza. Parabéns aos meus jogadores e a vitória é dedicada aos nossos adeptos que vieram cá. Entrámos bem no jogo, tranquilos, e acabámos, em jogo intenso, por ganhar com justiça. Isto significou apenas três pontos. Para muita gente significará mais que isso, para nós não porque não nos deixamos enganar nem nos iludimos com uma vantagem muito magra ainda. Nem éramos tão maus há uma semana nem somos tão bons ou excecionais por ter ganho", comentou serenamente.
Em relação à arbitragem, muito criticada por Jorge Jesus, não se alongou e citou somente "queixas" dos seus jogadores em relação a "duas grandes penalidades". Ao técnico encarnado recordou que respeita todas as opiniões... inclusivamente as de vários setores que já foram negativas a seu respeito: "Não tenho que responder a ninguém. Tenho é de fazer o meu trabalho. Temos de estar concentrados, motivados, e se estivermos unidos como hoje [ontem] conseguiremos ultrapassar as dificuldades. Injustiçado até por adeptos do FC Porto? São o melhor do futebol... Os adeptos do FC Porto são exigentes. Acreditámos no nosso trabalho e na qualidade dos jogadores, numa época que não tem sido fácil." O técnico portista remeteu mais avaliações para o final da temporada: "No final se fará um balanço concreto e sério. Seria hipócrita se dissesse que este resultado não nos anima, que não nos dá alento, que não motiva... É sempre motivo de satisfação."
Pinto da Costa
"Os meus falam de dois penáltis"
Pinto da Costa não viu na televisão os lances polémicos do jogo e por isso não quis ser assertivo. Mas, a olho nu, ficou com uma certeza. "Este jogo, com este ambiente e com a incerteza do resultado, só um árbitro de grande categoria o poderia arbitrar", disse. E quanto a erros, só prejudiciais aos dragões: "Os meus jogadores falam e queixam-se de dois penáltis. Mas se o árbitro não marcou é porque não viu."
O presidente do FC Porto não conseguiu deixar de sorrir com a terceira vitória consecutiva na Luz, mas até tem memórias mais felizes, como "aquele jogo da Supertaça, quando ganhámos aqui 5-0." Ontem foi "um resultado justo", pois "ninguém pode ter dúvidas de que o FC Porto procurou a vitória. Viu-se na forma como começou e encarou o jogo e nas substituições."
No papel de analista, Pinto da Costa considerou a entrada de James decisiva. "Mudou completamente o jogo", sublinhou. "Fez um grande sacrifício". Por isso, deu-lhe os parabéns, como aliás ao resto do grupo, quando desceu ao balneário. "Não disse mais nada de especial. Eles estavam eufóricos. Houve jogadores que fizeram um grande esforço, como o James e o Moutinho. Além da qualidade, são jogadores como eu gosto, à FC Porto", realçou.
Pinto da Costa recusa que tudo esteja decidido, pois "o campeonato é uma prova de regularidade e nele perdem-se muitos pontos", e não exclui o Braga da luta pelo título. "Não temo ninguém, mas respeito todos. O Benfica é uma equipa mais espetacular, com mais valores individuais, mas o Braga é mais eficiente. São grandes equipas", avaliou.
Por fim, falou sobre Hulk, ontem elogiado novamente por Villas-Boas. "Ainda ontem falei com ele e nem agora nem quando esteve em Manchester me lembro de ter falado sobre Hulk. Quando chegar a época de transferências, se o Chelsea quiser, conversamos. Aliás, Villas-Boas esteve há dois dias no Dragão, para ser fotografado para um livro que estão a fazer sobre o FC Porto e nunca me manifestou esse desejo. Converso sobre tudo quando chegar a altura própria. Neste momento não estou disponível", resumiu.
Lucho
"Este clube fala sempre em campo"
As "provocações" de Jorge Jesus ao portista Lucho - e a Janko - na véspera do jogo, dominaram as questões a El Comandante. O argentino, que desvalorizou a influência do seu regresso na ultrapassagem ao Benfica, realçou que os jogadores portistas falam dentro de campo e elogiou o carácter da equipa.
"É mais uma prova de que este clube fala sempre no campo. Ficou demonstrado, fizemos um grande jogo de carácter, somos uma verdadeira equipa. Sofremos um golo na segunda parte, mas por desconcentração. O resultado é mais que justo, mas ainda falta muito. Tínhamos capacidade quando estávamos em segundo, agora depende só de nós. Estamos tranquilos e no bom caminho", comentou, aprofundando a resposta sobre as provocações de Jorge Jesus por insistência dos jornalistas: "Não fico preocupado com o que falam, estou é contente porque quer eu quer o Janko fomos bem recebidos. É melhor que cada um fale do seu clube. Esse treinador terá de pensar um pouco mais na sua equipa e no seu plantel, nós pensamos na mentalidade do nosso clube. Eu só me preocupo comigo e com a minha equipa."
Agora, para renovar o título de campeões nacionais, Lucho defende que o grupo azul e branco tem de ser "humilde" e "trabalhar muito". "Mas estamos confiantes", atira, antes de comentar as incidências da arbitragem e a sua influência na equipa: "Fora de jogo? Foi rápido... No do Benfica também fiquei com a sensação de que Cardozo estava em fora de jogo! Acho que a arbitragem esteve bem e só se falará de futebol. Eu importante? Não é só um jogador que faz a diferença, há aqui uma grande família."
Hulk
"Melhores do início ao fim"
Depois de sete jogos sem marcar, que melhor palco para acabar com o jejum - e alcançar a cifra dos 150 golos na carreira, em 290 jogos - que o Estádio da Luz? Hulk abriu, demolidor, a contagem e considerou que os dragões foram "melhores do princípio ao fim": "Agora, são mais nove finais, se quisermos ser campeões temos de continuar com o mesmo ritmo e humildade. Demos um grande passo. O segredo é a humildade e a vontade de todos de querer correr e dar o máximo até ao fim. Independentemente de jogar contra dez ou onze fomos a melhor equipa do início ao fim e isso é o mais importante. Quando se trata da melhor equipa portuguesa tudo é possível." Hulk evitou ainda falar do interesse do Chelsea, reiterando ter contrato válido com o FC Porto.James
"Foi um dia atípico"
"Foi um dia atípico", reconheceu James. O colombiano teve uma longa viagem - 15 horas de avião - e só dormiu sete horas. O sacrifício valeu um decisivo contributo para a vitória. "O mérito não é só meu. É de toda a equipa que lutou por este resultado. Esperemos continuar no mesmo caminho", considerou, confessando-se "muito orgulhoso" com os elogios de Pinto da Costa.Sobre o facto de não ser titular e revelar-se uma arma secreta ao sair do banco, não se mostra preocupado. "Treino todos os dias e estou aqui para dar o meu contributo. Cabe ao mister tomar as últimas decisões", comentou James, referindo que nada está decidido em relação ao título: "O Benfica é uma grande equipa, mas, se continuarmos assim, creio que o título vai ser do FC Porto."
Maicon
Espírito guerreiro"
Maicon considera o triunfo do FC Porto "merecido". O autor do golo da vitória aponta a entrada dos dragões como fator decisivo. "O segredo foi entrarmos com espírito guerreiro. Estivemos o tempo todo em cima do Benfica, não lhes demos espaço", atirou, assumindo que o triunfo na Luz tem "sempre um sabor especial".Janko
"Inacreditável"
Janko terminou o jogo "quase morto", mas ficou deslumbrado com o ambiente e o triunfo, claro está. "Foi uma das maiores atmosferas onde já joguei", admitiu, qualificando de "inacreditáveis" as últimas semanas. "Quando cheguei, estávamos a cinco pontos e agora já estamos de novo à frente. Fico feliz por fazer parte disto", assumiu o goleador, que só quer "ser campeão".Helton
"Um passo para o título"
Para Helton, a vitória foi muito importante, mas nada decide. "Demos um grande passo para renovar o título. Nada está definido", analisou, confessando que chegou a ver as coisas tremidas. "Depois do segundo golo do Benfica, houve uns momentos complicados. O que valeu foi a determinação e o empenho dos companheiros na frente", defendeu.in "ojogo.pt"
1 comentário:
Foi um jogo bem conseguido, e, é justo dizê-lo, com uma óptima leitura de Vítor Pereira. Confesso que torci o nariz quando vi Maicon de novo na lateral direita, quando me parecia que deveria iniciar a central para contrariar a maior estatura de Cardozo, em relação a Otamendi. Mas percebi a ideia do treinador. Preferiu o equilíbrio defensivo já que a tendência do constante adiantamento de Palito, aconselhava o outro lateral menos subido. Djalma na esquerda foi nitidamente para compensar os avanços de A.Pereira e tentar travar os de Maxi.
Até nas substituições VP esteve à campeão. Arriscou e petiscou. Eu que não sou um particular fã do treinador dou-lhe os meus parabéns muito sinceros. Espero que este desempenho tenha sido a regra para manter. Se assim for ninguém ousará criticá-lo de novo.
Justa vitória, conquistada com todo o mérito e muita raça. O caminho fica aberto para a renovação do título, mas é preciso manter os pés bem firmes na terra. Há ainda caminho difícil para desbravar. Não percamos a serenidade.
Um abraço
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