sábado, 11 de setembro de 2010

Choque na Avenida dos Aliados



FC Porto e Braga já aprenderam há muito a não confundir a amizade que os une com os interesses desportivos que os separam. Hoje, no Dragão, os dois aliados de outras batalhas vão discutir a liderança do campeonato e, com ela, a possibilidade de embalarem definitivamente na frente do pelotão, cavando a diferença não só entre si, mas também em relação aos perseguidores do costume. É, por isso, um jogo grande, o desta noite. Um clássico, por mérito próprio e pelos reflexos que pode ter no resto da classificação. André Villas-Boas quer garantir a quarta vitória consecutiva no campeonato e, com ela, deixar os minhotos a cinco pontos de distância, sem perder a vantagem que já conseguiu sobre os outros candidatos ao título. Domingos espera recuperar o primeiro lugar que ocupava por esta altura na última época, colocando para trás das costas o único adversário que lhe preenche o horizonte. E se o FC Porto vai jogar em casa, o Braga vai ter o resto do país desportivo a torcer por si e por um deslize dos portistas que equilibre as contas da tabela classificativa. De resto, depois de quase duas semanas de paragem, é difícil prever quem se poderá apresentar em melhores condições. Os portistas aproveitaram para recuperar Varela que estava lesionado e para afinar Otamendi que já fez por merecer uma primeira chamada de André Villas-Boas. No Braga, Domingos recuperou e chamou Matheus pelo que as duas equipas se apresentam na máxima força para um confronto que vai exigir muito músculo e ainda mais cabeça. A confirmar, mais logo, à noite.

21h15 TVI

Estádio do Dragão

Árbitro

Pedro Proença [AF Lisboa]
Assistentes Tiago Trigo e André Campos



Alinham os suspeitos do costume

Para o FC Porto-Sp. Braga, cartaz a ganhar contornos de clássico, André Vilas Boas terá decidido contemplar os suspeitos do costume, os que lideram, os que só sabem ganhar, os que têm mandado em casa e fora e já deixam, por esta altura, os portista a pensar que não é nenhuma insanidade sonharem com tudo o que há para ganhar.

Com isto... ganha Sapunaru, o único, em rigor, que tinha o lugar suspenso da libertação interna de Fucile, que perdeu a carruagem inicial por estar à venda e que, tal como André Villas Boas denunciou anteontem, «ainda tem que continuar a trabalhar porque Sapunaru esta época está num patamar mais elevado», sublinhou o líder técnico, quem decide e lembra que ainda não sofreu golos na Liga.

Percebe-se então que André Villas Boas, chegada a hora de começar a pensar em gestão (tem pela frente o Rapid de Viena, na quinta-feira), ainda mantenha, pelo menos esta noite, o seu onze mais brilhante: é, no geral, a equipa que ganha tudo, e que até pode, hoje, deixar o Sp. Braga, facilmente reconhecido como concorrente directo ao título, a cinco pontos de distância.

Máxima nos máximos

André Villas Boas segue, então, a máxima de a equipa que ganha ser, para já, intocável. Premeia um início perfeito dos seus jogadores mais requisitados, e mesmo com alguns deles potencialmente mais desgastados (em especial Falcao Hulk, porque Moutinho pouco foi utilizado e Rolando só viajou e treinou), vai manter o onze que arrasa, com um início incomparável nos registos desta década, seis jogos, seis vitórias, objectivos iniciais em pleno: Supertaça ganha, play-off superior, arranque de campeonato insuperável, e sem golos sofridos.

in "abola.pt"

'Queridos amigos' vestem hoje a pele de rivais


Influência portista no Sp. Braga já rendeu aos minhotos 13 jogadores cedidos a custo zero ou por empréstimo desde que António Salvador subiu à presidência.

FC Porto e Sporting de Braga sobem hoje ao relvado do Estádio do Dragão (21.15, TVI) como rivais, para, em jogo da 4.ª jornada da Liga, disputarem aquele que se tem firmado como o maior clássico nortenho, mas fora das quatro linhas têm sido nos últimos anos uma espécie de "queridos amigos".

Desde que António Salvador subiu à presidência dos minhotos (2003), que se tem dado a aproximação entre os dois clubes - estreitada pelo facto de, no final da época 2007/08, o Vitória de Guimarães, grande rival bracarense, ter enveredado esforços para ver os dragões fora da Liga dos Campeões na sequência do processo "Apito Final". Estrategicamente, o FC Porto ganhou um aliado de peso no que toca à influência no futebol nacional, porém, desportivamente, são os arsenalistas quem mais beneficiou desta estreiteza de relações.

O Sporting de Braga é quem faz melhores negócios em Portugal na hora de combinar qualidade e preço. A política da SAD bracarense passa em grande medida por adquirir atletas em fim de contrato e contar com cedências; e, nesse capítulo, o FC Porto tem-se revelado como um parceiro ideal. Se antes de Salvador eram pouco comuns as transferências entre FC Porto e Sp. Braga (Barroso, Fredrik Soderström e Wozniak são as excepções que confirmam a regra), recentemente não faltam exemplos de negócios entre os dois clubes.

Ao todo, desde que Salvador é presidente (2003), a SAD azul e branca já emprestou ou cedeu a custo zero nada menos do que 13 jogadores. O médio uruguaio Luis Aguiar foi o único atleta proveniente do FC Porto pelo qual os bracarenses tiveram de pagar, mesmo assim apenas porque o negócio envolveu o Liverpool de Montevideu (à data detentor do passe do atleta). Desde então, o Sp. Braga já fez bons negócios com ex-portistas, como as vendas precisamente de Luis Aguiar ao Dínamo de Moscovo e de César Peixoto ao Benfica. Outros, com o extremo brasileiro Alan à cabeça, não valeram encaixes financeiros avultados, mas ajudaram a catapultar a equipa para outro patamar desportivo.

No sentido oposto, não têm sido assim tão profícuos os negócios dos azuis e brancos com o Sp. Braga desde que António Salvador está à frente dos destinos do clube. Exemplo disso mesmo são Bruno Gama e Orlando Sá, jovens pelos quais o FC Porto desembolsou verbas importantes, e que ainda estão longe de confirmar o seu valor com a camisola portista, a tal ponto que foram cedidos a título de empréstimo a outros clubes da Liga.

Em todo o caso, também é facto que, noutro plano, o banco bracarense também tem servido para dar oportunidades a antigas glórias do FC Porto, sendo como um trampolim para as suas carreiras de treinadores. E se é um facto que Jorge Costa (com Aloísio a adjunto) não teve uma passagem brilhante por Braga, Domingos Paciência, muito pelo contrário, já conseguiu alguns dos feitos mais brilhantes da história do clube.

in "dn.pt"