sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Regresso ao trabalho com quatro ausências

Villas-Boas prepara receção ao V. Setúbal
 

Depois da vitória para a Liga Europa em Viena, por 3-1, frente ao Rapid, o FC Porto regressou ao trabalho já esta sexta-feira, no Centro de Estágios do Olival, com quatro ausências. Beto, Varela e Fernando juntaram-se a Alvaro Pereira no Departamento Médico. Por outro lado o médio brasileiro Souza já está apto.

O lateral esquerdo uruguaio permanece em treino condicionado. Beto, Varela e Fernando limitaram-se a fazer tratamento (o guarda-redes viu ser-lhe confirmada uma rotura muscular no gémeo da perna direita; o extremo apresenta uma mialgia de esforço na coxa direita e o médio sofreu uma tendinite no rotuliano do joelho direito).

O apronto matinal, que marcou o arranque da preparação para o desafio da 13.ª jornada da Liga, frente ao V. Setúbal, ficou também assinalado pela presença de Kadú, guarda-redes dos Juvenis.

Os dragões têm novo treino agendado para sábado, às 10 e 30, à porta fechada, no Olival, onde se realiza mais tarde, pelas 12 e 30, a conferência de imprensa de antevisão da partida frente aos sadinos.

Os azuis e brancos recebem a formação orientada pelo técnico Manuel Fernandes, na segunda-feira, às 19 e 45, no Estádio do Dragão.

in "record.pt"

FC Porto um a um

A Estrela: Falcao (8)

Um matador frio em noite de gelo

Falcao já tem um lugar especial na história do FC Porto. É incontornável. Desta vez, o colombiano tratou de escolher um palco recheado de boas memórias para marcar o primeiro hat trick desde que está em Portugal. Foram três golos únicos e capazes de revelar o melhor de Falcao: aquele instinto matador que só ele parece ter. Mas há mais; Viena assinalou o golo 50 do colombiano com a camisola do FC Porto (e também o 51 assim que completou o "hat trick") e transportou-o até ao topo da lista de melhores marcadores da Liga Europa, onde já festejou por sete vezes só na fase de grupos, tendo ainda mais um ao Genk. Falcao assinou, ainda, cinco golos marcados pelo FC Porto nos últimos... três jogos. Melhor era impossível e, em Viena, Falcao escreveu mais um capítulo de uma ligação que promete ficar para a eternidade.

Helton 6

Saltou do banco para a titularidade, devido à lesão de Beto, e começou o jogo com uma grande defesa, a cabeceamento de Gartler (19'). Depois, no golo do Rapid de Viena, arriscou a saída ao cruzamento, mas acabou traído pelo desvio de Otamendi.

Sapunaru 6

O cruzamento para o golo do Rapid de Viena surgiu pelo seu lado. Apesar disso, esteve bastante participativo no jogo, sobretudo durante a primeira parte, altura em que subiu muitas vezes para tentar criar desequilíbrios ofensivos. Um cabeceamento ainda na primeira parte (29') deixou-o a centímetros do golo.

Rolando 7

Seguro e eficaz. Teve uma noite com muito trabalho, mas resolveu sempre bem os problemas. Devido ao estado do terreno, optou, e bem, por arriscar muitas vezes o passe longo à procura dos avançados. Ainda esteve perto do golo, mas o remate acabou interceptado por um adversário (78').

Otamendi 5

Exibição irregular. Misturou intervenções de qualidade com algumas decisões disparatadas, quase sempre devido a um aparente excesso de confiança. No golo do Rapid de Viena, desviou (mal) com a cabeça uma bola que era de Helton, mas tratou de se redimir rapidamente, com um passe longo para o primeiro golo de Falcao.

Fucile 5

Deixou-se antecipar de uma forma infantil no golo do Rapid de Viena e raramente se eventurou no ataque. Por vezes, pareceu demasiado alheado da partida e isso custou-lhe algumas perdas de bola.

Fernando -

Regressou à competição no jogo contra o Sporting, depois de um mês de paragem devido a um problema muscular. Ontem, voltou a ressentir-se 16 minutos depois do início da partida...

João Moutinho 6

Começou por sentir muitas dificuldades para se adaptar às condições climatéricas, mas, com o decorrer do jogo, foi subindo de produção. O passe para Hulk, que deu origem ao segundo golo do FC Porto, revelou, uma vez mais, inteligência de jogo. Foi, provavelmente, o jogador que mais correu no encontro de ontem.

Rúben Micael 6

Menos em jogo do que João Moutinho, mas esteve melhor quando em posse de bola. Jogou sempre de uma forma simples - a única eficaz na partida de ontem - e garantiu qualidade ao nível do passe. Acabou por sair quando André Villas-Boas optou por juntar a dupla mais utilizada no meio-campo.

Hulk 7

Viena recebeu o mesmo Hulk de sempre. A neve trouxe-lhe alguns problemas, sobretudo quando tentou insistir nas jogadas individuais, mas, no final, voltou a revelar-se decisivo para mais uma vitória do FC Porto. No segundo golo, fez o passe para Falcao; no terceiro, o remate para a recarga do colombiano.

Varela 4

Sentiu muitas dificuldades para se adaptar ao estado do terreno e esteve quase sempre ausente do jogo. No entanto, teve nos pés uma das melhores oportunidades da primeira parte: isolado, já em cima da pequena-área, rematou à figura do guarda-redes do Rapid de Viena (33'). Acabou por sair ao intervalo.

Guarín 7

Entrou a frio, mas entrou muito bem. Foi ocupar o lugar de Fernando, e esteve impecável, não só a defender e a ocupar os espaços à frente da defesa, mas também a sair a jogar. Apresentou-se num patamar físico elevadíssimo e foi muito importante no equilíbrio da equipa.

Ukra 5

Jogou a segunda parte e sobressaiu por uma boa jogada individual sobre o flanco esquerdo. Faltou-lhe, no entanto, alguma explosão para aproveitar melhor os espaços de que dispôs.

Belluschi 4

Esteve os últimos 20 minutos em campo, altura em que a equipa marcou dois golos, sem que tenha contribuído directamente para isso. Agarrou-se em demasia à bola.n

in "ojogo.pt"

André Villas-Boas : "Esta vitória tem sabor especial"

Quem tem Falcao tem tudo? André Villas-Boas não diria tanto. Apesar dos três golos do colombiano na vitória sobre o Rapid de Viena, que garantiram ao FC Porto a vitória no Grupo L da Liga Europa, foi o rendimento colectivo que encantou o treinador, que considerou injusto destacar o avançado. "Quem tem uma equipa como esta, capaz de se apresentar a um nível fortíssimo, de responder à importância que o jogo tinha para nós, de honrar os jogadores de 1987 que cá estão e de responder à confiança que o presidente depositou nela tem de louvar o colectivo. E temos também de dedicar esta vitória ao Beto, que merecia ter feito este jogo", afirmou, contornando a curiosidade relativamente ao eventual receio de perder Falcao, na reabertura do mercado de Janeiro. Os três golos de ontem por certo despertarão ainda mais o apetite de outros clubes, mas, essa foi uma questão que André Villas-Boas preferiu fintar. "Houve mais quem trabalhasse" para a vitória, defendeu: "Falcao é importante para nós, mas, temos um plantel forte e importante é continuarmos na sendas de vitórias e mantermos o rótulo de equipa a abater. Individualizar uma exibição desta categoria no Falcao é um exagero." Para o técnico portista, a noite do regresso ao Prater valeu pela capacidade de superação. "O FC Porto tem uma outra vitória valiosa e importante neste tipo de condições", recordou, quando questionado acerca da experiência de jogar na neve, numa alusão ao nevão que acompanhou a conquista da Taça Intercontinental, em Tóquio (Japão), em 1987: "Para estes jogadores e para mim foi uma estreia jogar debaixo de um nevão. Mostrámos uma boa capacidade de adaptação ao terreno, e também às lesões que sofremos, para jogarmos um bom futebol, criar as oportunidades que criámos e conseguir uma vitória importante para nós e com um sabor muito especial." O FC Porto já faz contas aos oitavos-de-final: "É é importante termos a segunda mão em casa, mas, a nossa obrigação já era seguir em frente nos 16-avos-de-final. Depois disso, teremos de ver o que nos reserva a competição, tendo em conta as equipas que descem da Liga dos Campeões."

in "ojogo.pt"

Beto arrisca longo tempo de paragem

Guardião tem rotura no gémeo direito
 

A infelicidade bateu à porta de dois jogadores portistas: Beto e Fernando. O guarda-redes abandonou o relvado em braços ainda durante o período de aquecimento, depois de ter contraído uma rotura muscular no gémeo da perna direita que o pode afastar dos relvados por um longo período de tempo. Beto ia ser titular frente ao Rapid, relegando para o banco de suplentes Helton, naquela que era uma prova de confiança do treinador André Villas-Boas nas capacidades do internacional português. Beto deixou o terreno de jogo lavado em lágrimas e, após o final do encontro – já mais calmo – saiu do estádio auxiliado por canadianas.

Já Fernando, que alinhou entre os titulares, foi obrigado a ceder o seu lugar a Guarín ainda durante a primeira parte do desafio. O brasileiro está a contas com uma tendinite rotuliana e, por precaução, o técnico portista optou pela sua substituição.

in "record.pt"

Ruben Micael: «Não vai aguentar muito tempo cá»

MADEIRENSE PERSPETIVA SAÍDA DE FALCÃO
 

Sem querer ser juiz em causa própria, o matador expõe-se às evidências que outros não calam. É o caso de Ruben Micael, que vai direto ao assunto. “É muito fácil jogar com o Falcão, infelizmente para nós não vai aguentar muito tempo cá”, afirmou, garantindo não ter informações privilegiadas, mas limitou-se a antever o óbvio.

Para o madeirense, este dragão está “muito forte”: “O FC Porto é muito difícil de bater, fomos muito superiores.” Fucile concorda e congratula-se como a invencibilidade. “A motivação está intacta, nada motiva mais do que ganhar. O caminho é este”, diz o uruguaio, que leva um souvenir de Viena: “É bonito jogar na neve, fica para lembrança.”

in "record.pt"

Hulk dispensa batalhas internas

Brasileiro evita falar de duelo com Falcao

Hulk foi ontem ultrapassado por Falcão na contabilidade dos golos marcados. A vantagem do colombiano (17-16) só merece elogios do companheiro de ataque. “Quem entende de futebol vê que ele é um grande jogador, sem dúvida. Parabéns para ele, não só por este jogo, mas por toda a época que ele está a fazer. É um grande profissional”, elogiou o camisola 12, que enjeita qualquer duelo particular com Falcão. Quem vai marcar mais até final da temporada? “É o FC Porto, tem de ser o FC Porto, a equipa toda”, atirou, diplomaticamente, antes de realçar a grande vitória alcançada no Prater. “A equipa demonstrou que está muito forte, entrámos a perder mas demos a volta por cima e isso é mérito de todos e fruto do nosso trabalho diário”, disse o Incrível, que saiu a mancar, mas negou problemas físicos. “Estou a experimentar uma chuteira nova, fez bolha. Nada de especial”, comentou.

in "record.pt"

Liga Europa: Sporting e F.C. Porto com sorteio «protegido»

Benfica e Sp. Braga podem fazer-lhes companhia

Confirmado o apuramento de Sporting e F.C. Porto como vencedores dos grupos, Portugal terá pelos menos dois cabeças-de-série no sorteio da Liga Europa. Um estatuto que lhes permitirá ter pela frente um dos segundos classificados desta fase ou um dos quatro piores terceiros provenientes da Liga dos Campeões. Para já, ficam fora de hipóteses encontros com Liverpool, Bayer Leverkusen, CSKA Moscovo, Estugarda e Zenit S. Petersburgo, que já têm garantida a vitória no seu grupo.

Mas há boas possibilidades de serem quatro os representantes portugueses com esse estatuto, já que Sp. Braga e Benfica se perfilam nesta altura entre os melhores terceiros da Liga dos Campeões.

O Sp. Braga ainda sonha com o apuramento na Champions, mas as possibilidades são remotas: implicam uma goleada ao Shakhtar, na Ucrânia ou, em alternativa, fazer mais pontos do que o Arsenal, em casa com o Partizan. Sendo o terceiro lugar o destino mais provável para os minhotos, estes partem para a última jornada com nove pontos, o melhor registo nos grupos. Há quatro equipas com seis pontos, entre elas o Benfica. Por isso, um empate em Donetsk garante, desde logo, que o Sp. Braga será o melhor terceiro da Liga dos Campeões, sendo cabeça-de-série no sorteio.
Já o Benfica tem de vencer o Schalke na última jornada para ficar em terceiro, e com isso passaria a somar também nove pontos. Nesse caso, ficaria à frente do Twente (grupo A), Rangers (C) e Ajax ou Auxerre (G), bastando depois que num dos grupos D, E ou F, o terceiro classificado não vença o seu último jogo.

Cabeças-de-série já confirmados para o sorteio:

Sporting
F.C. Porto
Liverpool
CSKA Moscovo
Estugarda
Zenit S. Petersburgo
Bayer Leverkusen

Recorde as normas para o sorteio dos 16 avos da Liga Europa:

a) Equipas do mesmo país não podem defrontar-se
b) Os 12 vencedores de grupo e os quatro melhores terceiros classificados da Liga dos Campeões são cabeças-de-série, defrontando os 12 segundos classificados da Liga Europa e os quatro piores terceiros da Liga dos Campeões
c) Equipas que se tenham defrontado na fase de grupos não voltam a cruzar-se
d) Os cabeças-de-série jogam a segunda mão em casa.

in "maisfutebol.iol.pt"

Falcao já é o melhor marcador da Liga Europa


Marcou três golos ao Rapid Viena. Falcao, avançado do F. C. Porto, já soma oito remates certeiros na Liga Europa e já é o melhor marcador da prova.

Quando o F. C. Porto se sagrou campeão europeu em 1987, Falcao tinha um ano. Não se lembra do jogo. Muito menos do golo de calcanhar de Madjer nem do toque de Juary, no triunfo sobre o Bayern (2-1). Ontem, os antigos jogadores portistas estiveram em Viena, onde nevou como em Tóquio, na final da Taça Intercontinental. E o dragão voltou a ser feliz. Tão feliz quanto Falcao. Marcou o primeiro hat-trick pelos portistas, soma oito golos na Liga Europa (um no play-off, sete na fase de grupos) e é o melhor marcador da prova.

"Hat trick" de Falcao em Viena

No Prater, personificou a equipa que derrotou os alemães há 23 anos. O F. C. Porto começou a perder por força da pontaria do Rapid. Tal como aconteceu com o Bayern. Mas isso não abalou a confiança de Falcao, um ponta-de-lança à moda antiga. Com o mesmo faro goleador de Gomes, que falhou a final de 1987 por lesão. Marcou três golos e os portistas venceram por 3-1. No twitter explicou que já não assinava três golos "desde a noite mágica" no River Plate-Botafogo (4-2), em 2007.

"Fizemos mais uma exibição de categoria, controlando muito bem a bola, mesmo num relvado com estas condições. Foi uma excelente vitória. Não foi só minha, mas de toda a equipa". O treinador assinou por baixo e disse que o mérito era de todos. Mas estrela da noite só foi uma: El Tigre.

in "jn.pt"

Quem quer ser milionário?

Perguntas. É este FC Porto mesmo imparável? Porque quebrou o Benfica? O regresso de Moutinho a Alvalade.

O futebol de 'amor à camisola' que reclamam os adeptos mais antigos é hoje, nos migratórios tempos modernos, uma causa perdida. Esse legado de respeito infinito que os jogadores tinham com um clube já não tem quase sobreviventes. Moutinho entrará em Alvalade com a camisola do FC Porto como símbolo dessa nova ordem (ou desordem, depende da perspetiva). O ponto mais estranho da história é essa mudança ter sido pacífica, produto de um acordo entre todos, e não hostil como outras do passado. Ser assobiado quando tocar na bola nem o irá incomodar muito. Até porque Moutinho também é importante (decisivo) quando... não tem a bola. O 'motor de futebol' que esconde dentro de si continua igual. Percebo que não seja fácil, sem 'lupa tática', ver a sua contribuição decisiva no jogo. Eis a visão raios-X: pela sua rapidez, visão e 'generosidade tática' impede um dos maiores problemas que qualquer equipa pode ter no relvado: a fratura do seu meio-campo. Um jogador, portanto, idílico para qualquer treinador: fiável, solidário e, se necessário, com técnica e passe.

O meio-campo do FC Porto agarra-se a ele. Chega-se à 11ª jornada e parece que nada se pode fazer contra o poder do 11 azul e branco. Eu diria que sim, que algo se pode fazer: defender melhor, marcar, estar em cima dos espaços (e jogadores), não os deixar pensar (e jogar) e lançar contra-ataques. Não é pouco, dirão. Será este Sporting taticamente camaleão capaz de o fazer? A dúvida nasce, desde logo, por esse lado 'tático-camaleónico' surgir mais da indefinição do que da versatilidade. 4x2x3x1, 4x3x3, 4x4x2. Sistemas, sistemas. O melhor será o que for capaz de fazer tudo aquilo que escrevia atrás. O mais perturbante será, a certo ponto do jogo, perceber que o jogador (mesmo invisível) fundamental para isso está agora na... equipa adversária.

Apesar disso, parecerá estranho mas este pode ser o jogo ideal para o Sporting neste momento. A uma distância de 13 pontos, a frase 'sentir a pressão de ganhar' já não fará muito sentido. O seu campeonato já não passa pelo primeiro lugar. Mas, vencendo o primeiro classificado, Paulo Sérgio como que pode renascer. Porque, nesta fase, só uma vitória destas pode fazer alguém vê-lo como um 'treinador carismático', o único que faz verdadeiramente sentido num clube grande. Para qualquer das equipas, embora em circunstâncias diferentes, este jogo será como escapar da realidade no sentido de resgatar emoções. O campeonato, tirando, claro, na 'casa do dragão', está num acelerado processo de entristecimento.

Na coluna ao lado falo de duas razões para o abismo em que o Benfica caiu em Telavive: a ansiedade dos jogadores desde o primeiro minuto (com expressão no remate ou no último passe) e a substituição ao intervalo (tirar o rápido Saviola para meter Cardozo, sem ritmo de jogo). Prismas diferentes, portanto, para entender uma derrota e uma época deficiente, porque o lado emocional adulterado, a ansiedade, e os equívocos táticos (onde emergem os erros defensivos) já tinham surgido noutros jogos. Na origem, uma deficiente pré-época e os erros de casting na avaliação das características dos jogadores contratados para ocupar o lugar dos essenciais que saíram (algo que, neste jogo, se pode aplicar à troca do médio lutador e rematador Carlos Martins, que também vem recuperar atrás, por Salvio, ainda indefinido entre ser ala ou segundo avançado, mas que nunca recua). Uma questão particular que espelha um problema estrutural.

As perguntas feitas no título têm, portanto, respostas cada vez mais óbvias. É o pior que pode suceder a um campeonato: viver de certezas. Será que no futebol está mesmo tudo inventado?

Ansiedade com bola

É cada vez maior a quantidade de estatísticas que surge no futebol. Mas o resultado, no fim, e a bola, durante o jogo, raramente têm uma boa relação com elas. 21 cantos a favor, mais cinco ou seis flagrantes oportunidades de golo, diriam, estatisticamente, algo diferente do que uma derrota por 0-3. A exibição do Benfica em Israel caiu nessa 'armadilha'. Futebolisticamente, foi quase uma demonstração da 'lei de Murphy' em 90 minutos (quando uma coisa pode correr mal então ela irá ainda correr pior). Se há coisa que as estatísticas não conseguem, é entrar na cabeça dos jogadores e pressentir a sua ansiedade. Os processos de jogo encarnados foram os suficientes para criar muitas oportunidades de golo, mas esse estado emocional alterado, que se sentiu desde o início e se avolumou com o passar do tempo, impedia cumprir a formalidade do remate. Os erros defensivos são, depois, consequência disso.

O jogo reflete-se em passes ou remate. No papel da estatística, são todos iguais. Na relva do jogo, são todos diferentes. A ansiedade não se mede.

Ataque sem bola

Ao intervalo, Jesus fez uma substituição que colocou a dupla de avançados com um perfil diferente do habitual. Em vez de um avançado fixo e outro móvel (a combinação Cardozo ou Kardec com Saviola) colocou dois mais altos e fixos (Cardozo-Kardec). Saindo Saviola, saiu mobilidade e desmarcação. Uma alteração que pedia ofensivamente mais a Aimar, em vez de o concentrar só na construção, e pedia a Salvio capacidade para fazer cruzamentos. A equipa ficou a atacar com princípios (movimentações) em que não está rotinada. Passou a estar mais perto da baliza, mas mais longe do golo.

O futebol é, sobretudo, um jogo de criar espaços. Nesse sentido, mais importante do que 'estar' na área 90 minutos, é 'aparecer' na área no momento certo. Sem ansiedade, claro.

Pep & Mou Fútbol S.A.

O início do livro "El Método de Guardiola", de Miquel Violan, diz muito da sua essência: "Porque é que líderes com senso comum conseguem resultados descomunais?". A resposta está na pergunta. O 'bom senso' de Guardiola reflete-se na sua filosofia de jogo (técnica e passe) e nas suas relações fora dele (jogadores, adeptos, imprensa, adversários). Mourinho cultiva a arte do conflito para, através de 'jogadas mentais', fazer da equipa um exército. Diz mesmo que a conferência de imprensa também faz parte do jogo. Um poder de liderança com 'sentido comum' diferente, mas igual na capacidade de entrar na cabeça dos jogadores e de todo o mesmo entorno futebolístico.

Barcelona e Real Madrid tratam a bola de forma diferente. O Barça gosta de a ter o mais tempo possível. O Real gosta de a ter apenas o tempo essencial. Sem dilemas estéticos, Mourinho foge ao 'lugar-comum' de que todos devem atacar e defender. As obrigações só são iguais para todos no que toca a... defender. Não lhe interessa uma equipa partida em cinco que defendem e cinco que atacam. O ideal? Dez defendem sempre e, depois, só cinco deles atacam. Parece a mesma coisa, mas é muito diferente. Voltem a ler o parágrafo e pensem nisso.

Ronaldo está um jogador diferente. Nota-se no jogo coletivo e até na forma como passou a festejar os golos. Em vez de correr sozinho para a bancada tirando a camisola, dá a volta e procura o resto dos companheiros para abraçar. Messi continua como o miúdo que está a jogar no pátio da escola a quem todas as camisolas parecem ficar grandes.

Adepto de construções longas, Guardiola não se importa de dar 14/16 passes até chegar à baliza adversária. Mourinho quer chegar lá em três ou quatro. As táticas são diferentes, mas os estilos, no banco, com barba de três dias, têm as suas semelhanças.

Texto publicado na edição do Expresso de 27 de novembro de 2010

Um FC Porto com classe de quem vence em qualquer tipo de terreno

O FC Porto tem mostrado nestes últimos meses uma confiança extrema nas suas capacidades. É o resultado de êxitos que começam a ser contínuos. Seja em terrenos que mais parecem piscinas (como aconteceu em Coimbra), seja num recinto coberto de neve, que caiu de forma incessante durante esta quinta-feira. É uma máquina em que tudo parece funcionar na perfeição. Para azar do Rapid, que encaixou a terceira derrota em casa (1-3) e viu os “dragões” confirmarem o primeiro lugar no Grupo L.

O treinador dos austríacos chegou a avançar com o rótulo de mini-Barcelona para catalogar o FC Porto. Salvaguardada a comparação, a verdade é que a formação portuguesa voltou a mostrar que sabe ser eficaz em qualquer palco, em qualquer terreno. Em Viena, pouco havia para ganhar (excepção feita à confirmação antecipada do primeiro lugar do grupo) e o 
manto de neve que cobriu o 
relvado do Ernst-Happel podia fazer perder muita coisa.

A Beto chegou-lhe o aquecimento para sofrer uma rotura e sair ao colo, Fernando também resistiu menos de um quarto de hora (entrou Guarín). Mas o técnico do FC Porto acredita na capacidade de adaptação dos jogadores às circunstâncias do jogo e não abdicou da maioria dos habituais titulares.

O Rapid Viena conseguiu, no início, aproveitar as condições pouco favoráveis para um adversário pouco habituado a um clima tão agreste. E teve o apoio incondicional de um público que encheu o estádio e que viu a equipa explorar os cerca de 20 minutos de aprendizagem do FC Porto.

Mas o tempo foi passando e os portistas começaram a encontrar o seu futebol, feito de posse de bola e dotado de passes precisos para criar oportunidades de remate. As diferenças entre os austríacos e os portugueses foram ficando evidentes. Restava a este Rapid, que não é uma boa equipa, a solidez e a tentativa de explorar os lances longos. Corria muito, mas sem se expor a demasiados riscos, atitude própria de uma equipa que sabe reconhecer a sua inferioridade perante o adversário. O que, de resto, se notava em toda a linha.

Nos primeiros minutos, porém, o Rapid teve uma boa oportunidade: aos 18’, Saurer tirou um bom cruzamento e Gartler meteu a cabeça onde muitos não metem os pés e Helton salvou com uma boa defesa. O golo surgiu, aos 38’, quando já era claramente o FC Porto que mandava na partida. Graças também a um tremendo erro defensivo com principais responsabilidades para Helton e Fucile. Trimmel aproveitou para fazer o 1-0.

Mas um a um, os jogadores portistas foram-se impondo aos adversários. Quase sempre de forma clamorosa. João Moutinho foi um senhor no meio-campo e, na frente de ataque, Hulk e Falcao começaram a causar demasiados estragos. Varela não soube aproveitar um punhado de oportunidades na cara de Hedl, mas a diferença era demasiado evidente para aquele resultado e o empate surgiu com toda a naturalidade. Otamendi, aos 42’, faz um passe longo, Soma falha o corte e isola o colombiano, que não falhou.

No segundo tempo, Villas-Boas trocou Varela por Ukra e fez entrar Belluschi, como que a dar um sinal à equipa que o jogo era para ganhar. O árbitro deixou passar em claro uma grande penalidade sobre Guarín, mas depois a sociedade Hulk-Falcao (um predador de área)resolveu tudo. O brasileiro, aos 86’, fugiu pela esquerda, cruzou para uma intervenção desastrada de Hedl e Falcao aproveitou. O golpe final chegou aos 88’, num lance em que Moutinho recuperou uma bola, entregou a Hulk para um primeiro remate. Hedl não segurou e Falcao voltou a facturar. O primeiro lugar no grupo L estava garantido.



Ficha de jogo

Rapid Viena, 1

FC Porto, 3

Jogo no Estádio Ernst-Happel, em Viena.

Assistência cerca de 50 mil espectadores.

Rapid Viena Hedl, Sonnleitner, Soma, Patocka, Kayhan, Kulovits, Heikkinen, Saurer, Drazan (Salihi, 63’), Trimmel (Dober, 83’) e Gartler (Nuhiu, 77’).

FC Porto Helton, Sapunaru, Otamendi, Rolando, Fucile, Fernando (Guarin, 16’), João Moutinho, Ruben Micael (Belluschi, 71’), Varela (Ukra, 46’), Hulk e Falcao.

Árbitro Aleksandar Stavrev, da Macedónia.

Amarelos Drazan (8’) e Patocka (80’).

Golos 1-0, por Trimmel, aos 38’; 1-1, por Falcao, aos 42’; 1-2, por Falcao, aos 85’ e 1-3, por Falcao, aos 88’.

in "publico.pt"