quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

3º Round - Tácticas escondidas com rotinas de fora

É uma coincidência notável: na véspera de voltar ao Dragão, Jorge Jesus perdeu David Luiz, a peça estratégica que, por ter sido desviada para o lado esquerdo da defesa, virou bandeira da explicação de uma das mais volumosas derrotas do Benfica num clássico com o FC Porto. Se ainda houvesse David Luiz, é bem provável que ele fosse um "mind game" irresistível de Jesus para entreter Villas-Boas, quanto mais não fosse porque, numa ironia do destino, as circunstâncias ditavam que os caminhos de Hulk e David Luiz haveriam de cruzar-se outra vez, mas agora no coração da área. Teria sido um "mind game" completo. Assim, só o é pela metade, porque Hulk será mesmo o ponta-de-lança de Villas-Boas, apesar do esforço criativo para esconder Falcao numa convocatória alargada. Outra coincidência notável: desta vez, por lhe faltarem o dono e a respectiva alternativa, até é Villas-Boas quem pode surpreender à esquerda, inevitavelmente condenada a uma adaptação, seja de Fucile ou de Sereno.

Com conferências de Imprensa sem o sal e a pimenta de outras ocasiões, porque as palavras também jogam, sobretudo quando são afixadas nos balneários, as tentativas de surpreender esgotam-se em pequenos detalhes: do jogo de xadrez feito de elogios mútuos (empate técnico nisso) à convocatória alargada de Villas-Boas na tentativa de arrastar as interrogações. No fundo, esses são pequenos oásis de imprevisibilidade que, por muito que se esforcem para esconder estratégias, acabam destapados no que é essencial. A estatística, por exemplo, é inimiga de grandes surpresas. Quando olhar para as escolhas oficiais de Villas-Boas, Jesus pode tirar uma série de conclusões automáticas. É certo que ter Hulk ao meio ou numa ala não é bem o mesmo, mas, no jogo de probabilidades alimentado pela estatística, há coisas que não mudam: o mais provável é que seja ele, Hulk, o rei dos remates; assim como é provável que sejam os passes de João Moutinho a alimentar o maior número das investidas de ataque do FC Porto; ou que Belluschi e Hulk dividam a marcação dos cantos. Villas-Boas, assim que olhar para o onze do Benfica, também pode encontrar pontos previsíveis no adversário: Fábio Coentrão é mestre nas recuperações; Saviola é o mais rematador, ainda que ameaçado de perto por Cardozo, ou que dos pés de Javi García costumam sair passes certos. A estatística também sugere que carregar sobre Hulk, Belluschi, Coentrão ou Gaitán é capaz de ser uma boa ideia estratégica, porque, por assumirem riscos, são eles também quem mais bolas perde na condução de jogo das respectivas equipas. E, claro, ganhar a bola num deslize desses pode ser meio caminho andado para surpreender o adversário. Dedução previsível, previsível...

FC Porto-Benfica

20h30 Sport TV1
Estádio do Dragão
Árbitro Paulo Baptista [AF Portalegre]
Assistentes José Braga/Luís Tavares
-

FC PORTO

Treinador André Villas-Boas
1 Helton GR
21 Sapunaru LD
14 Rolando DC
4 Maicon DC
13 Fucile LE
25 Fernando MD
7 Belluschi MO
8 João Moutinho MO
17 Varela AD
19 James AE
12 Hulk AV
-
24 Beto GR
16 Sereno DC
30 Otamendi DC
6 Guarín MD
23 Souza MD
28 Rúben Micael MO
10 Rodríguez AE
18 Walter AV
9 Falcao AV


BENFICA

Treinador Jorge Jesus
13 Júlio César GR
14 Maxi Pereira LD
4 Luisão DC
27 Sidnei DC
18 Fábio Coentrão LE
6 Javi García MD
2 Airton MD
8 Salvio AD
20 Gaitán AE
30 Saviola AV
7 Cardozo AV
-
12 Roberto GR
15 Roderick DC
25 César Peixoto LE
10 Aimar MO
16 Felipe Menezes MO
11 Jara AV
21 Nuno Gomes AV
31 Kardec AV

Agarra, Helton

Em média, Helton faz mais defesas por jogo do que Roberto, ainda que este último não deva ser titular esta noite. Com 3,5 defesas em média, o brasileiro é o último obstáculo a ultrapassar na defesa portista, que, como se sabe, é uma das menos batidas. Lá está, isso também acontece porque Helton contribui para estatísticas como esta, a das defesas


Hulk como alvo

Hulk assume o jogo, corre riscos, e é ele o alvo preferido das faltas (2,2 é a média). Apesar de lhe estar destinada uma missão na área, o brasileiro não perde a oportunidade para procurar outras zonas, arriscando no um-a-um. No Benfica, é Gaitán o que mais falta sofre (2,1)


Cruzamentos são com Hulk

A ausência de Falcao tem desviado Hulk para a área, ainda que a dinâmica de ataque imposta por Villas-Boas não o dispense de investidas pelas alas. Hulk continua a ser o jogador que mais cruza (5,9), média muito próxima da que ostenta o benfiquista Gaitán, que é quem se destaca na matéria


A pontaria de Hulk

Hulk, outra vez. Podia dar-se o caso de ele ser apenas o mais rematador, mas, espreitadas as estatísticas dos que podem estar hoje em campo, é também ele quem mais vezes acerta com a baliza (2,1). Do outro lado, é conveniente que Helton tenha em atenção os remates que saem dos pés de Saviola (1,2) e Cardozo (1,1), também sintonizados com a baliza


Mão-cheia de cartões

O histórico da época de Paulo Baptista sugere que, em média, mostra 5 amarelos por jogo. Essa é a estatística resultante dos 73 amarelos exibidos em 14 jogos (Liga Sagres, Orangina e Taça da Liga, a bwin). Há ainda registo de dois vermelhos. No cadastro da época não há é clássicos como este...


Moutinho a fazer faltas

Em campo, João Moutinho parece estar em todo lado e é ele que, em média, mais faltas faz (2,5). Segue-se Belluschi, criativo a que Villas-Boas deu um toque guerreiro (2,1). De resto, os dois foram os primeiros portistas a completar uma série de cinco amarelos este ano. No Benfica, o mais faltoso é Aimar (1,8)


Moutinho a distribuir

João Moutinho é rei do campeonato na matéria (47,4) e é também líder no que toca a passes certos (38,1). Portanto, hoje, como sempre, o mais provável será vê-lo assumir a responsabilidade de desenhar as coordenadas de jogo do FC Porto. Belluschi marca pontos neste particular. No Benfica, à falta de David Luiz, Javi García é quem se destaca (36,2)


O incrível remata mais

Para Hulk, rematar é tão natural como respirar. É ele quem domina (5,5 por jogo, em média), independentemente do ângulo ou da distância a que está da baliza. De resto, Hulk é o melhor marcador da equipa, com 27 golos no somatório de todas as competições. Para marcar, é preciso rematar. Seguem-se Falcao (2,8) e Belluschi (2,4)


Ora Belluschi, ora Hulk

Empate técnico. Belluschi e Hulk dividem a marcação dos cantos (50 para cada um, segundo as estatísticas oficiais da Liga, o que dá uma média de 2,9 por jogo). O mais provável é que seja um ou outro a marcá-los. Sem Carlos Martins, Aimar (2,6) é o preferido a marcá-los no Benfica, mas, como não deve ser titular, Gaitán (1,6) é o senhor que se segue

in "ojogo.pt"


Breves


Palito já treina

Fora do clássico, mas mais perto do regresso. Álvaro Pereira já recebeu autorização para subir ao relvado, tendo iniciado há dois dias os treinos condicionados. O objectivo dos portistas é recuperá-lo para o Sevilha.

Rafa voltou

Depois de dois dias de absoluto repouso domiciliário, Rafa já voltou ao Centro de Treinos para iniciar os tratamentos, na sequência da operação a que foi submetido à fractura do perónio esquerdo.

in "ojogo.pt"

Hulk é o melhor jogador desde o início da época

Esta é mesmo a temporada de Hulk, que colecciona os troféus de melhor jogador da Liga portuguesa desde o início da temporada. Os 19 golos apontados no campeonato e o facto de se afirmar a cada jornada que passa como o grande desequilibrador do FC Porto têm sido mais do que suficientes para justificar uma escolha que se repete. Como tal, o Incrível voltou a ser eleito para os meses de Dezembro e Janeiro, com 31 por cento dos votos, relegando Salvio (12%) e Saviola (10%) para o segundo e terceiro lugar, respectivamente. Já no mês de Novembro, o FC Porto dominara por completo o pódio com Hulk na liderança, seguido de Falcao e João Moutinho. Em Outubro, Hulk venceu, recorde-se, com 39 por cento dos votos, mais de metade dos recolhidos por Fábio Coentrão, que já em Agosto tinha ficado em segundo lugar, atrás do mesmo Hulk que merecera o dobro dos votos.

in "ojogo.pt"

Walter no banco, apesar da produção

Walter foi utilizado por Villas-Boas nas quatro eliminatórias que o FC Porto disputou na Taça de Portugal, tal como Sapunaru, Guarín, Rúben Micael e Hulk. O avançado tem aproveitado esta prova para mostrar serviço ao técnico portista, chegando a esta fase como o melhor marcador da equipa, com quatro golos, um pouco à semelhança do que se passou com Farías no passado. Na altura, o argentino, tapado na equipa por Lisandro e, depois, Falcao, conseguiu manter um rendimento interessante nesta competição.
Walter chega às meias-finais com 198 minutos de utilização, pelo que tem precisado de pouco mais do que meio jogo para marcar um golo. O Bigorna fez um hat trick ao Limianos e marcou também diante do Juventude de Évora. Apesar desta estatística, esta noite não repetirá a titularidade, mesmo com Falcao indisponível.


4

Walter esteve em todos os jogos e é o melhor marcador do FC Porto na presente edição da Taça de Portugal, somando o dobro da contabilidade de Falcao e Hulk.

in "ojogo.pt"

Falcao e outros mind games

Falcao não defronta o Benfica, apesar de estar convocado para o clássico desta noite no Estádio do Dragão. O colombiano foi considerado como apto para a competição pelo departamento médico - de acordo com o que o clube revelou no sítio da internet -, mas até é bem provável que nem sequer esteja no banco de suplentes. Villas-Boas alimentou a ideia de que o goleador estaria pronto para a meia-final da Taça de Portugal, assinando um "mind game" bem ao estilo de José Mourinho, mas a verdade, tal como O JOGO tem escrito, é que vai acabar por ter de usar Hulk no centro do ataque. O jogo psicológico que o técnico "acredita poder ajudar à construção de vitórias através da comunicação para o exterior", conforme referiu na conferência de Imprensa de antevisão deste encontro, recebeu ontem mais um capítulo com a chamada de todos os jogadores do plantel - excepto Álvaro Pereira e Rafa -, numa intenção clara de limitar as conclusões quanto ao onze que vai utilizar esta noite.

Além de Falcao, também Otamendi entra nestes "mind games", visto que também não deve ser utilizado. O argentino tem sido presença habitual nos últimos onzes, mas um problema no tornozelo esquerdo, consequência da partida em Barcelos, deve obrigar Villas-Boas a repetir a dupla de centrais que defrontou o Benfica nos outros dois clássicos desta temporada: Rolando e Maicon. Em todo o caso, só hoje é que a decisão final será tomada. Com a presença de Hulk no centro do ataque, Varela vai para o lado direito do ataque, ficando o lado contrário entregue a James, que assim se estreará na condição de titular nos jogos contra os grandes. No meio-campo, não deve haver surpresas, atendendo às opções habituais: Fernando, Belluschi e João Moutinho serão os escolhidos.

Sem El Tigre na equipa, quem marca mais são Hulk e Walter

Hulk e Walter têm sido os principais artilheiros quando Falcao não está em campo. No caso do Incrível, isso quase não é notícia; afinal tem marcado em quase todos os jogos esta temporada, na qual lidera destacado a lista dos goleadores.
O JOGO fez as contas e dos 79 golos que o FC Porto leva esta temporada, apenas 32 foram marcados sem El Tigre na equipa, seja porque não foi utilizado devido a lesão ou porque, entretanto, já tinha sido substituído. Destes golos, 13 têm a assinatura de Hulk e sete a de Walter, que, dizem os números, tem aproveitado a ausência do colombiano para mostrar serviço. Afinal, só Hulk tem uma eficácia superior à sua.
Os outros golos dos azuis e brancos sem Falcao foram marcados por James (3), Guarín (2), Rafa (2) e Rúben Micael, Fernando, Varela, Souza e Belluschi, todos com um golo.
Dos sete golos apontados ao Benfica nos dois clássicos já disputados esta época, Falcao é responsável por três, mas estava em campo nos outros quatro. Contudo, o colombiano também não defrontou os encarnados no Dragão na época passada, e o FC Porto venceu por 3-1.

in "ojogo.pt"

Mariano ficou fora da lista para a UEFA

Mariano não vai jogar nas competições europeias esta temporada. A lista de jogadores inscritos pelo FC Porto na UEFA não sofreu quaisquer alterações, o que quer dizer que o capitão vai continuar de fora. Esta ausência do argentino não tem que ver com qualquer opção de André Villas-Boas, mas com o facto de a equipa portista não poder inscrever mais estrangeiros nas competições europeias, uma vez que ninguém saiu do clube no mercado de Inverno, à excepção de Ukra e Castro, emprestados até ao final da temporada. Recorde-se que Mariano só foi inscrito nas competições nacionais no início do mês, depois da lesão sofrida em Coimbra, que o afastou do grupo de trabalho no início da época, altura em que as transferências de Bruno Alves e Raul Meireles estavam por resolver.

in "ojogo.pt"

Kléber tem portas abertas no defeso

Fica em aberto a possibilidade de Kléber, avançado do Marítimo que o Sporting quis contratar em Janeiro, tornar-se leão no próximo defeso. Esse é um dos cenários que se induz das palavras de Carlos Pereira, presidente dos verde-rubros, que revela a O JOGO os contornos de um negócio que se gorou, confirmando ter exercido o direito de preferência pelo jovem brasileiro, cedido até ao final da época pelo Atlético Mineiro.

O clube de Minas Gerais travou o negócio acertado entre José Couceiro, director-geral da SAD leonina, e Carlos Pereira, presidente do Marítimo, ao recusar uma proposta avançada pelos leões no valor de 2,530 milhões de euros, superior à que tinha sido aceite ao FC Porto no último defeso, de 2,3 milhões de euros, pelo presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil. De imediato, Carlos Pereira exerceu o direito de preferência definido contratualmente por valor idêntico à melhor proposta - a dos leões -, dando conhecimento à FIFA, que poderá intervir caso se mantenham as diferenças de interpretação dos responsáveis jurídicos do Marítimo e Atlético Mineiro, com quem Kléber tem um contrato até 2014. A troca de palavras começou com Alexandre Kalil a considerar "ridícula" a proposta do Sporting, com conhecimento do Marítimo, negando que os insulares tenham exercido o direito de preferência.

Carlos Pereira assegura a O JOGO: "As declarações do presidente do Atlético Mineiro estão cheias de contradições e dependem da hora e local onde são feitas. A verdade é que accionámos o direito de preferência, que terminava no dia 31 de Janeiro e demos conhecimento à FIFA. O valor oferecido foi idêntico, como definido, à melhor proposta apresentada, precisamente 2,530 milhões de euros. O dinheiro não tem cor. Não é do Sporting, do FC Porto, Atlético Mineiro ou de outro. Não se percebe como não foi aceite uma proposta de 2,5 milhões de euros agora e, no Verão, o Atlético de Mineiro ter aceite 2,3 milhões de euros do FC Porto", atirou o presidente do Marítimo, que no futuro negociará com quem... quiser, assegura.

"Marítimo não exerceu direito de preferência"

Alexandre Kalil, presidente do Atlético de Mineiro, garantiu a O JOGO que o Marítimo não exerceu qualquer direito de preferência sobre Kléber. "O que aconteceu foi muito simples: o Sporting apresentou uma proposta com o conhecimento do Marítimo e apenas isso. Poderíamos ter aceite, mas recusámos e ponto final. O Marítimo não exerceu o direito que tinha até ao fim de Janeiro", disse. Já o agente FIFA Luciano Brustollini atirou: "Não soubemos de nada."

"Lamento aliciamentos feitos pelas costas"

Carlos Pereira, presidente do Marítimo, considerou a proposta do Sporting por Kléber como "muito boa", deixando o "ridículo" para adjectivar a oferta feita pelo FC Porto no último defeso, atacando a postura dos seus responsáveis. "Não faço ideia se o jogador poderá ir para o FC Porto. A proposta que apresentaram é que era ridícula e disse-o ao jogador e ao seu empresário. As condições apresentadas pelo Sporting eram muito boas. Lamento é que os aliciamentos sejam feitos nas costas de instituições que até jogam na mesma Liga. A humildade cai sempre bem. No Marítimo, somos humildes, mas não pedintes", disse a O JOGO. O agente FIFA de Kléber, Luciano Brustolini, recusa "especulações" que apontam o avançado ao FC Porto: "O único contrato assinado é o de empréstimo."

Djalma recusou contrato

As negociações entre Marítimo e Sporting, no fecho do mercado de Janeiro, envolveram, para além de Kléber, o avançado Djalma, que termina contrato em Junho, tendo os dois emblemas chegado a acordo... em vão. É que o internacional angolano "não aceitou" as condições propostas, como desvenda Carlos Pereira, presidente dos insulares: "A proposta do Sporting era interessante para o Marítimo e boa para o jogador. Disse que não lhe interessava. Se tenho esperanças em renovar? Não, já fizemos uma proposta que foi recusada".

in "ojogo.pt"

Nas mãos de Hulk

SÓ É BATIDO POR MESSI


Hulk está encarregue de liderar o ataque do FC Porto no grande duelo desta noite, fazendo-o pela primeira vez na condição de ponta-de-lança num clássico. A responsabilidade é grande, mas nada que intimide um jogador habilitado para enfrentar os maiores desafios, muitas vezes por conta própria. O Incrível atravessa um momento de forma extraordinário. Já marcou por nove vezes em 2011 e só Lionel Messi, com 10 golos, consegue fazer melhor que o poderoso avançado dos dragões.
Em janeiro, o brasileiro só não conseguiu marcar ao Beira-Mar, para a Taça da Liga, porque abandonou o relvado ao intervalo, e ao Gil Vicente, já que só entrou quando faltava menos de um quarto de hora para o apito final. Os serviços estão a ser cumpridos com a máxima eficácia e com alguns toques de brilhantismo. Desde os tempos de Mário Jardel que os adeptos portistas não viam ninguém com tanta aptidão pelo golo, ao ponto de contar com uma média superior a um tento por jogo no campeonato. É precisamente nesta competição que Hulk mais tem desequilibrado esta época. Não espanta, por isso, que tenha sido novamente distinguido pela Liga com o título de melhor jogador dos meses de dezembro e janeiro, deixando a concorrência a grande distância. Adversários que, aliás, terá hoje pela frente.
in "record.pt"

Villas-Boas baralha o jogo

ESTRATÉGIA CAMUFLADA E "MIND GAME"



Quando se esperava que a convocatória dissipasse as dúvidas em torno da equipa, eis que Villas-Boas baralha e dá cartas em excesso. O treinador já tinha avisado na véspera: “Acredito nos ‘mind games’.” Dito e feito, chamou 22 jogadores para o clássico e escondeu o jogo de Jorge Jesus. Só Alvaro Pereira e Emídio Rafael ficaram de fora, por razões bem conhecidas, sendo que o boletim clínico de ontem limpou os nomes de Falcão e Otamendi. Sinal de que estão recuperados e vão jogar? Não necessariamente.
Ao que apurámos, o argentino será mesmo carta riscada, ficando a dupla de centrais entregue a Rolando e Maicon, afinal de contas, a parceria que venceu as águias na Supertaça e na Liga sem ceder qualquer golo. Quanto ao avançado, e por muita que seja a filtragem da informação, são mínimas as possibilidades de ser lançado no onze inicial. Ou seja, Villas-Boas vai a jogo com o trio de ataque que tem feito as despesas neste novo ano, com Hulk ao centro e James e Varela nas alas.
in "record.pt"

FCP-SLB. Quando Coimbra era do Norte

Na primeira edição da Taça em 1939, FCP e Benfica encontraram- -se nas meias-finais. Que confusão!


Era uma questão de tempo. Duas grandes forças do futebol, Benfica e FC Porto, dividiam o país em norte e sul. Promovido o regionalismo, era uma questão de tempo até o início de problemas, rixas, suspensões e afins.

A bomba-relógio explodiu a 28 de Maio de 1933, quando o FC Porto cometeu a proeza de golear o Benfica, recém-campeão lisboeta, por 8-0, na maior vitória de sempre dos dragões aos encarnados, na Constituição, e com uma equipa de recurso, obrigando o treinador húngaro Joseph Szabo a voltar aos pelados, por lesão de Castro. O problema foi depois do jogo. Laurindo Grijó, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e delegado do jogo, dirigiu-se ao balneário do Benfica, cujo ambiente, como já se esperava, era o pior possível. Perguntou se era "preciso alguma coisa". Ele que não prestara assistência ao Benfica na visita ao Porto e nem se dera ao trabalho de comunicar ao clube a mudança da hora do jogo. Houve intensa troca de insultos entre Grijó e Conceição Afonso, presidente do Benfica, com o primeiro a provocar a equipa do Benfica. O avançado Guedes Gonçalves não demorou a responder e agredi-lo sem contemplações. Grijó teve de fugir para o campo, mas isso não o impediu de continuar a ser pontapeado por todos.

SILÊNCIO E REVOLTA A 4 de Junho, a direcção da FPF, após reunião extraordinária, suspendeu até ao congresso seguinte os jogadores Eugénio Salvador, Ralf Bailão, Manuel de Oliveira, este com proposta de irradiação, e também Rogério de Sousa, Francisco Albino e Francisco Gatinho por seis meses.

A 12 de Agosto, surge a decisão final da FPF, por unanimidade e depois de o Benfica ter emitido um comunicado no qual dava a conhecer a verdadeira identidade do agressor (Guedes Gonçalves): 30 dias de suspensão para Eugénio Salvador e seis meses para Guedes Gonçalves. Mantém a censura pública a Conceição Afonso. Decide por maioria expulsar Ralf Bailão, por agressão a Laurindo Grijó, censura este, e iliba Gatinho, Albino e Rogério. Na sequência destes episódios, o FC Porto corta relações com o Benfica. Os dois clubes não se dão até 29 de Dezembro de 1935, altura em que organizam um particular na Constituição para reatar relações.

A amizade não durou muito. Em 1938, o rastilho reacendeu-se, quando o Benfica festejou a conquista do título de campeão, fazendo valer a vantagem no confronto directo (3-1 nas Amoreiras e 2-2 no Lima), regra de desempate que merece o repúdio dos portistas. O poder está em Lisboa, queixavam-se os nortenhos. Pouco depois, nos quartos-de- -final do Campeonato de Portugal 1937--38, os dois jogos entre Benfica e FC Porto levam famílias aos estádios mas os espectáculos são desagradáveis. Muitos golos (13 no total, com 4-2 no Lima e 7-0 nas Amoreiras), casos por resolver, entre polícias, adeptos, jogadores e dirigentes, e expulsões, muitas! Ao todo, sete, com 4-3 para o FC Porto. Pior só na década de 90.

BARULHO E REVOLTA Numa altura em que qualquer jogo entre Benfica e FC Porto era sinónimo de faísca dentro de campo, fora dele também havia discussões entre adeptos. Os dragões, inclusive, possuíam uma claque denominada Esquadrão Azul e Branco que perseguia a equipa por todo o país.

Como é lógico, não faltaram à "convocatória" das meias-finais da primeira edição da Taça de Portugal, em 1938--39. Na primeira mão, o Benfica foi goleado no Estádio do Lima por 6-1, em que Francisco Ferreira, ex-FC Porto e capitão dos benfiquistas, falhou um penálti e foi maltratado pelos antigos companheiros de equipa e pelos próprios adeptos, que o assobiavam cada vez que tocava na bola. A resposta benfiquista foi pronta: 6-0 nas Amoreiras e passagem à final. Este jogo também tem história.

Num clima tenso e tremendamente regionalista, os adeptos do Sporting e do Belenenses vão apoiar o Benfica, o que desconcentra o FC Porto, que abandonou o campo a 15 minutos do fim, alegando o constante lançamento de bombinhas de Santo António para a sua área, sem esquecer o facto de já estar a jogar com nove elementos, por expulsões. A atitude dos nortenhos foi reprovada pelos encarnados e motivou mais um corte de relações por parte da direcção do Benfica. A reacção não se fez esperar: na final da Taça de Portugal, com a Académica, todos os portistas uniram-se a favor dos "estudantes". "Coimbra é do Norte", justificavam. E os " nortenhos" ganharam 4-3.

Hoje é o 102.º clássico FCP-Benfica no Porto. Desta vez, sem adeptos do Sporting nem do Belenenses a puxar pelos benfiquistas. Muito menos sem a Académica metida ao barulho. Até porque Coimbra é do centro e não está para se meter nesta interminável guerra entre norte e sul.


in "ionline.pt"

Clássico: 1967/68, o grito de Pedroto destroça o Benfica europeu

A tese do «mestre» e as diabruras de Djalma no último duelo a duas mãos na taça


43 anos depois, F.C. Porto e Benfica voltam a digladiar-se na Taça de Portugal numa eliminatória a duas mãos. A ferrugem do tempo não apaga os horizontes da memória, essa que nos coloca na temporada 1967/68. 2-2 no primeiro jogo, disputado no Estádio da Luz, 3-0 para uns dragões esmagadores e impulsionados pelas bancadas repletas das Antas no segundo.

O Benfica tinha Eusébio, António Simões e José Augusto, magriços coroados pelas mais altas instâncias do futebol mundial. O F.C. Porto tinha o respigo emanado pelo discurso conquistador de José Maria Pedroto. «Toda a gente é corcunda quando se abaixa», grita o mestre, acabrunhado com o estado de hibernação em que subsistia o azul e branco da Invicta.

As águas turvas e revoltas ameaçavam inundar o balneário portista. A borrasca só seria travada com o sucesso perante o fidalgo arqui-rival de Lisboa. 

«O Djalma destroçou um Benfica traumatizado»

Quebrar a hegemonia do Benfica, impedir o esbulhar do clube, evitar a qualquer custo a submissão ou qualquer tipo de inferioridade. Palavras de ordem no balneário do F.C. Porto para uma meia-final que podia salvar (mais) uma época decepcionante no campeonato nacional. 

O antídoto revelou-se fulminante. José Augusto conta como foi ao Maisfutebol. 

«A derrota frente ao Manchester United na final europeia marcou-nos. Diria mesmo que foi um Benfica traumatizado aquele que jogou contra o Porto na Taça de Portugal», explica o antigo extremo da Luz.

«O F.C. Porto queria salvar a época e conseguiu. Empatou com alguma sorte em nossa casa e depois fez uma exibição de sonho nas Antas. Eles tinham um brasileiro chamado Djalma que nos destroçou por completo.»

A opinião de José Augusto é um decalque da realidade. Djalma fez quatro dos cinco golos do F.C. Porto neste último encontro a duas mãos para a taça. O malogrado Pavão fez o outro. 

Na final o F.C. Porto haveria de vencer o V. Setúbal por 2-1 no Jamor. 

«Sidnei vai fazer esquecer o David Luiz»

Para o jogo de quarta-feira, José Augusto prevê grande equilíbrio. E lamenta que a meia-final não se decida num só jogo. «Há quase três meses entre este e o jogo da Luz. Não faz sentido. Acredito no Benfica e acredito que o Sidnei vai conseguir fazer esquecer o David Luiz.» 

O Maisfutebol falou com um atleta do F.C. Porto, integrante do plantel de 1967/68, mas o mesmo explicou-nos que apenas podia prestar declarações devidamente autorizado pelo clube ao qual ainda está ligado. Uma autorização que não chegou em tempo útil. 

1ª mão: 2-2 (2 de Junho de 1968)

Estádio da Luz
Árbitro: Saldanha Ribeiro, Leiria

BENFICA: José Henrique; Cavém (cap), Humberto Coelho, Raul e Cruz; Jaime Graça e Jacinto; José Augusto, Nelson, Eusébio e António Simões.

Treinador: Otto Glória

F.C. PORTO: Rui; Sucena, Valdemar, Atraca e Jaime; Manuel António, Pavão, Custódio Pinto e Bernardo da Velha; Djalma e Malagueta.

Treinador: José Maria Pedroto

Golos: Eusébio (11), Djalma (44 e 61), Jaime Graça (56) 

2ª mão: 3-0 (9 de Junho de 1968)

Estádio das Antas
Árbitro: Ismael Baltasar, Setúbal 

F.C. PORTO: Américo; Sucena, Valdemar, Atraca e Jaime; Gomes, Pavão, Custódio Pinto e Bernardo da Velha; Djalma e Nóbrega. 

Treinador: José Maria Pedroto 

BENFICA: José Henrique; Cavém, Raul, Jacinto e Cruz; Pinto e Coluna (cap); Yaúca, Raul Águas, José Augusto e Vieira.

Treinador: Otto Glória

Golos: Djalma (47 e 70), Pavão (83)