domingo, 14 de novembro de 2010

Fucile, Otamendi e Rúben levam a gestão à prática

Sem João Moutinho, suspenso, Falcao, a recuperar de lesão, Maicon, que deverá ser poupado, e Fernando, lesionado, são muitas as alterações que se prevêem no onze de André Villas-Boas para o jogo com o Portimonense, isto para além das opções que o técnico ainda deverá fazer, a julgar pela chamada de Fucile, em detrimento de Sapunaru. Curiosamente, todos os sectores da equipa deverão sofrer alterações, a confirmar-se a inclusão de Otamendi e Fucile na defesa. No meio-campo, com Fernando ainda de fora, Guarín deverá manter-se no papel de trinco. Mas aqui a novidade é a ausência de João Moutinho, que pela primeira vez esta época ficará na bancada, depois de ter visto o quinto cartão amarelo no clássico com o Benfica. Para o seu lugar, a alternativa mais provável é Rúben Micael, enquanto Belluschi deverá manter a titularidade. No ataque (ver peça na página anterior), Walter fará de Falcao, que não recuperou de um toque sofrido no clássico.

Num jogo em que Villas-Boas pretende manter a pressão sobre os jogadores, de modo a evitar qualquer deslize e a conservar os dez pontos de vantagem sobre o segundo classificado, a chamada de Cristian Rodríguez marca o regresso do uruguaio aos convocados depois da expulsão contra o Besiktas, ele que acabou por ficar de fora contra o Benfica.

in "ojogo.pt"

Quatro de volta à casa de partida

Desde que Fernando Rocha, antigo dirigente dos dragões, assumiu a presidência (em 2006), tem havido uma cedência regular de atletas por parte do FC Porto. Se, por um lado, já houve emprestados de grande valor, como Nuno Coelho ou Nuno André Coelho, já outros, como Maxi Asís, não deixaram saudades. Este ano, há quatro jogadores ligados ao FC Porto que se têm afirmado na equipa, uns mais que outros, mas todos com importância. O guarda-redes Ventura e o central André Pinto, produtos das escolas do FC Porto, pegaram de estaca na equipa e têm sido pedras fundamentais no esquema de Litos, onde de muito vale a experiência que já levam na I Liga, com o Olhanense e o Setúbal, respectivamente. Mais à frente, no meio-campo, surgem os médios Pedro Moreira e Soares. Estes dois jogadores, apesar de não terem passado pela formação dos azuis e brancos (o português foi formado no Boavista, o brasileiro foi contratado este ano ao Vila Nova, do Brasil), têm vindo a conquistar o seu espaço, principalmente o jovem Soares, de 21 anos, que nos últimos jogos tem ganho a confiança de Litos no centro do terreno. Além destes quatro atletas, há mais dois ex-dragões que dão cartas no Portimonense. Apesar de já não estarem vinculados ao FC Porto, Candeias (é desde Agosto do Nacional) e Ivanildo (terminou o vínculo no final da época passada) foram formados no FC Porto e agora espalham terror pelas alas alvinegras. Seis atletas que hoje esperam chamuscar o dragão.

in "ojogo.pt"

Boa assistência em perspectiva



Depois dos 49 817 espectadores que encheram as bancadas no clássico com o Benfica, o Estádio do Dragão vai registar hoje mais uma boa assistência. A liderança confortável no campeonato e o bom momento da equipa justificam a presença de muitos espectadores. Os sócios, recorde-se, beneficiaram de uma campanha em que, na compra do bilhete para o jogo, poderiam adquirir outro ao preço simbólico de um euro. Uma forma de chamar mais espectadores ao estádio. O facto de os adeptos só voltarem a poder ver a equipa no Dragão no dia 5 de Dezembro (entretanto há Taça de Portugal e a deslocação a Alvalade) também explica a afluência elevada às bilheteiras.

in "ojogo.pt"

Pressão sobre Rolando aperta já em janeiro

AGITAÇÃO ENVOLVE CHELSEA E MANCHESTER CITY


São declarações de viva voz de um agente FIFA de primeira linha do plano internacional, o italiano Pippino Tirri, que confirmam a forte probabilidade de a SAD ter de escutar ofertas por Rolando já em janeiro. A pressão vai ser intensa, até porque após a Juventus ter identificado o central como um do seus alvos, agora são o Chelsea e Manchester City os nomes que entram no lote de pretendentes. Tratando-se de emblemas endinheirados da Premiership, a torrente de milhões pode arrastar para fora do Dragão um elemento que tem sido essencial para a estabilidade da linha defensiva de André Villas-Boas.
As palavras de Pippino Tirri, tornadas públicas por via italiana, são um aviso. “Estou a falar com muitos clubes, como compete a todos os agentes fazer. Também estive em contactos com o Inter Milão, mas não somente com eles. Repito, porém, que de momento ainda não há nada de concreto e real”, salientou o empresário que se afirma como representante de Rolando e se tem movido no mercado internacional.
De resto, Tirri não faz a coisa por menos e alerta a navegação para a dificuldade que implica tentar contratar um jogador que, aos 25 anos, tem estado em foco ao serviço dos azuis e brancos. “Estamos a falar de um titular indiscutível do FC Porto que também é chamado à Seleção Nacional. Penso que deve surgir alguma proposta importante para uma transferência já em janeiro. De qualquer forma, não vai ser fácil levá-lo”, salientou.
Grandeza
Apesar da escassa predisposição da SAD portista para debilitar o seu potencial desportivo a meio da temporada, ainda por cima quando o objetivo é o de recuperar o título e voltar a ter acesso direto à Liga dos Campeões, a verdade é que a partir do momento em que são alinhados nomes de emblemas de primeira grandeza internacional, tudo se torna possível. “É um jogador muito importante que também está a ser seguido pelo Chelsea e pelo Manchester City”, sublinha Pippino Tirri, o agente que mediou grandes transferências como de Sneijder e Walter Samuel, bem como a mudança de Luís Figo para o Inter Milão.
in "record.pt"

Agitar antes de abrir

VILLAS-BOAS VAI MEXER MAIS DO QUE NUNCA NO ONZE



Helton; Sapunaru, Rolando, Maicon e Alvaro Pereira; Fernando, Moutinho e Belluschi; Hulk, Varela e Falcão. Foi este o onze que venceu a Supertaça e o que Villas-Boas utilizou em 7 dos 10 jogos disputados na Liga, incluindo o clássico com o Benfica.
Esse foi um jogo que veio abrir uma nova era neste campeonato. A esclarecedora vitória perante o campeão vem concentrar as atenções das equipas da Liga no FC Porto e, esta noite, frente ao Portimonense, no primeiro desafio nessas condições, Villas-Boas terá de agitar a equipa, pois estará privado de três dos referidos atletas e vai mexer mais do que nunca no onze base. O miolo, sem Fernando (lesão) e Moutinho (castigo), será o sector mais afetado pela revolução e tudo aponta para que sejam Guarín e Ruben a ocupar essas vagas. No ataque, já se sabe, Falcão ficou por terra e avança Walter. Por fim, a defesa: Sapunaru não está convocado e o lugar será entregue a Fucile. Aqui, contudo, podem haver mais mexidas, uma vez que Maicon lesionou-se esta semana e, apesar de ter recuperado, é possível que Otamendi seja o titular.
Certo é que o onze vai mudar mais do que nunca em jogos na Liga. Tendo em conta a equipa base, Villas-Boas havia feito uma alteração com o Beira-Mar – Ukra por Hulk –, outra em Guimarães – Fucile por Sapunaru –, e duas com a U. Leiria – Fucile e Ruben nos lugares de Sapunaru e Belluschi. Esta noite serão pelo menos três alterações...
in "record.pt"

André Pinto: «Uma noite especial»

O central André Pinto faz parte – com Pedro Moreira, Ventura e Soares – do quarteto de jogadores do Portimonense cedidos pelo FC Porto. Por isso, hoje viverá “uma noite especial” pois, conforme reconhece, “é sempre um prazer voltar a casa, onde sempre fui acarinhado e bem tratado”.
O Portimonense terá hoje pela frente “um FC Porto muito forte e a viver um excelente momento”. “Espera-nos muito trabalho, mas vamos fazer o melhor possível na procura de um bom resultado”, referiu o central.
Hulk é o jogador do momento no Dragão mas André Pinto não se focaliza no brasileiro. “Tem feito grandes exibições, mas não poderemos concentrar as atenções num único jogador pois o FC Porto possui atletas de grande nível em todas as posições”, assinala o defesa, de 21 anos.
Sem ganhar no campeonato desde 29 de setembro, o Portimonense está num lugar incómodo. “Os resultados não têm coincidido com as exibições. Dispomos de um grupo forte e vamos atingir o objetivo traçado”, adianta o central, que sonha regressar um dia ao FC Porto.
in "record.pt"

El Tigre em alta mesmo lesionado

LIDERA VOTAÇÃO PARA O MELHOR DA ÚLTIMA CHAMPIONS



Falcão vai fazer uma pausa competitiva, devido a lesão. O internacional colombiano não foi convocado para o jogo com o Portimonense, mas mesmo assim continua em alta, colhendo os frutos de tudo o que de bom tem feito desde que chegou ao FC Porto.
Depois do “calcanhar karateca”, frente ao Benfica, que correu o Mundo, há um outro golo de calcanhar de El Tigre que está em destaque. A “Fox Sports” está a levar a cabo uma votação para a escolha do melhor golo apontado na última edição da Liga dos Campeões e, entre os cinco escolhidos, está aquele que Falcão apontou ao Atlético Madrid, ainda na fase de grupos, no Estádio do Dragão. O golo à Madjer reúne a maior parte das preferências e, ao fim do dia de ontem, tinha 80 por cento das votações, batendo o golo de Messi ao Estugarda, que segue na 2.ª posição. Milito completa o pódio, com o tento que apontou ao Bayern Munique, na final da competição.
É apenas mais um pormenor que justifica o estatuto de indiscutível que o internacional colombiano tem no FC Porto. Apesar de, esta época, vir a marcar menos golos do que na anterior, a verdade é que o avançado tem sempre um papel preponderante nas movimentações de ataque. Resta agora saber como a equipa vai reagir neste primeiro jogo que vai falhar, na atual edição da Liga. O recém-promovido Portimonense, é certo, continuará sem o selo de El Tigre...
in "record.pt"

F. C. Porto vai estrear Walter a titular na Liga


André Villas-Boas não vai repetir o onze que goleou o Benfica. Por opção (Sapunaru), castigo (João Moutinho) e lesão (Falcao) há saídas certas. A estes casos junta-se a dúvida no eixo da defesa, balançando a titularidade entre Otamendi ou Maicon.

A equipa do F. C. Porto vai ser objecto de uma mini-revolução, mas Villas-Boas confia na continuidade dos bons resultados. Até agora segue invicta. Na Liga, em 10 jogos, ganhou nove e empatou um. Passou a fasquia do primeiro terço da prova com distinção, na clara vitória obtida frente ao rival da Luz.

Esta noite, diante do Portimonense, penúltimo classificado, vai viver uma nova experiência: sem Falcao e com Walter. O brasileiro estreia-se a titular no campeonato, depois de já o ter feito na Taça de Portugal e com óptimos resultados. Fez um hat trick ante o Limianos, da 3.ª Divisão (4-1).

Fucile e Rúben Micael jogam de início, na condição de candidatos naturais às vagas surgidas na defesa e no meio-campo. Rodríguez, Emídio Rafael, Castro e Ukra são as novas munições para o banco, das quais não faz parte James, preterido na convocatória.

Por parte dos algarvios, o panorama não é animador. A equipa vem de dois empates, ambos em casa. Frente à Académica foi tirado a ferros (2-2) e com o Aves custou o afastamento da Taça da Liga (1-1). A ausência do treinador Litos, por castigo, também não ajuda.

in "jn.pt"

F.C. Porto-Portimonense (antevisão): terra chama dragão

F.C. Porto e Portimonense defrontam-se este domingos (20.15 horas), num jogo em que é imperativo chamar o líder da Liga à terra. Depois da goleada sobre o Benfica, o regresso ao Dragão trará provavelmente alguma euforia com ele. O desafio, portanto, é não deixar o entusiasmo transformar-se em deslumbramento.

Esse foi aliás o maior tónico no discurso de André Villas-Boas. «Temos passado esse alerta. o objectivo final está por atingir. Não podemos menosprezar o Portimonense, principalmente num jogo a seguir ao clássico não podemos deixar fugir a oportunidade de somar mais três pontos», frisou o treinador portista.

Ele que não conta para este jogo com o avançado Falcao, o que obriga a mexer no ataque mais concretizadora da prova: 28 golos, 22 dos quais dos três jogadores da frente. Sem Falcao é natural que seja Walter a ocupar a vaga no ataque, sendo que João Moutinho está castigado e deve dar lugar a Ruben Micael.

Do outro lado chega um adversário que soma apenas oito pontos em dez jogos e está um ponto acima da linha de água. Vinte pontos separam aliás as duas equipas que não se defrontam há vinte anos. É por isso um reencontro com história no futebol português, entre clubes que nos últimos anos se tornaram amigos.

A prova disso, aliás, está nos seis jogadores que Litos convocou emprestados pelo F.C. Porto: Ventura, André Pinto, Ivanildo, Candeias, Pedro Moreira e Soares. Voltando atrás, já agora, e como curiosidade, refira-se que há vinte anos, no último jogo entre ambos, o F.C. Porto venceu com um golo de... Rui Águas.
O F.C. Porto que já recebeu quinze vezes o Portimonense em casa e ganhou sempre, de resto. O que é mais um sinal de que só o próprio Porto pode complicar uma tarefa que parece acessível. Mas como aviso, fica outro dado: na única vez que jogou no Dragão, Litos arrancou um empate (2-2). Foi em 2004/05.

Equipas prováveis:

F.C. PORTO: Helton; Fucile, Rolando, Otamendi e Alvaro Pereira; 
Guarín, Belluschi e Rúben Micael; Hulk, Walter e Varela. 

Suplentes: Beto, Maicon, Emídio Rafael, , Souza, Castro, Cristian Rodríguez e Ukra.


PORTIMONENSE: Ventura; Ricardo Pessoa, André Pinto, Ruben Fernandes e Pedro Silva; Elias e Jumisse; Ivanildo, Renatinho e Candeias; Calvin Kadi. 

Suplentes: Ivo, Nilson, Di Fábio, Pedro Moreira, Soares, Lito e Pelembe.

O jogo de todos os assistentes

Numa altura em que o calendário competitivo diverge, abranda e até permite olhar com perspectivas de alguma gestão, o facto é que André Villas Boas não trocaria, por exemplo, quase um meio campo inteiro se não fosse por razões de força maior. 

Mas dá-se, então, essa coincidência, dentro da inevitabilidade das alterações em relação a Fernando e João Moutinho: é que, por força das circunstâncias, vão jogar em simultâneo os três mais generosos distribuidores de bolas para golo, respectivamente Hulk (seis assistências), Belluschi (cinco) e Rúben Micael (outras cinco). Todo o talento reunido, numa equipa muito diferente...


in "abola.pt"

Villas Boas sem meia equipa

Onze de gala rachado ao meio. Fernando também lesionado, Moutinho castigado, Maicon em cuidados e Sapunaru não convocado. Walter estava mesmo à espera de um jogo destes... 

O FC Porto começa a pagar a factura de um estimulante e arrasador início de temporada: entre lesões e castigos (e talvez um toque de gestão...), meia equipa salta fora esta noite, com destaque para a aterragem forçada do segundo melhor marcador, Falcao, que não recuperou totalmente de uma lesão contraída no clássico com o Benfica, onde bisou e ascendeu à condição de terceiro goleador do ano 2010, com 36 tiros acumulados, logo atrás de Messi (Barcelona, 48) e Luís Suarez (Ajax, 38).

É a primeira vez, esta época, que Falcao se vê excluído de um jogo do campeonato, que o FC Porto comanda folgadamente. Até agora, foi sempre o farol atacante nas competições de referência para Villas Boas (Liga Zon Sagres e Liga Europa), numa envolvente linha atacante com Hulk e Varela, trio responsável por 22 dos 25 golos do FC Porto no campeonato!

A excelência e produtividade desse trio apenas tinha sido afectada quando Hulk teve que se ausentar inesperadamente por problemas familiares, falhando o jogo de Genk e a jornada 2, com o Beira-Mar. Esta será, pois, apenas a segunda vez que a fórmula mortífera do golo sofre alterações (sempre forçadas), abrindo-se espaço ao desesperado Walter, inapelavelmente secundarizado pela insuperável capacidade goleadora de “El Tigre2. 
Walter, difícil de dominar na sua ansiedade característica dos 20 anos, saudavelmente descontente com a subalternidade, terá a segunda oportunidade a titular: estreia celebrada com três golos de rajada, na Taça de Portugal, proeza que não deixará de dominar o cenário de antestreia a titular... na Liga.

Não é só o ataque a sofrer consequências já mais visíveis do primeiro grande acumulado competitivo: a defesa recupera Maicon, que acabou por ser convocado, mas a semana toda ao pé coxinho deve significar a ida preventiva para o banco, subindo Otamendi ao onze, antes de viajar para o apetecível Argentina-Brasil; Sapunaru, que também vai de viagem para jogo de selecção, foi riscado da lista, aqui mais claramente manobra regular de gestão.

Ao meio, é a maior revolução no onze: Fernando ainda sem condições de competir, e Moutinho a atingir os cinco cartões amarelos. Como pelo meio do calendário há um jogo da Taça de Portugal, é provável que apenas em Alvalade (dia 28) se volte a juntar o onze que tem aterrorizado em Portugal e na Europa. Desse onze destravado, Sapunaru, Maicon, Fernando, Moutinho e Falcao estão fora de jogo. Meia equipa...


in "abola"

A metamorfose de Belluschi, um "oito" que vale mais do que um "dez"

Há jogadores que têm o condão de se reinventar e de contrariar ideias feitas. Belluschi parece ser um desses casos de metamorfose radical, tendo passado a fazer parte de um reduzido lote de exemplos capazes de surpreender boa parte dos críticos (grupo em que, de resto, nos incluímos). Reconhecê-lo acaba por ser o mais justo elogio que se pode fazer a uma unidade a quem todos reconheciam muitos méritos, mas que só esta época ganhou o estatuto de fundamental e talvez até de imprescindível.

Qual libélula que de um dia para o outro ganhou asas, o argentino desenvolveu-se e deixou de ser um "dez" que, por força do desenho táctico (4x3x3), tinha de jogar a "sete" ou a "oito", com tudo o que isso acarretava em termos de prejuízo para a equipa como para ele próprio. Hoje, Belluschi conserva o que já o distinguia - classe pura, técnica, remate e visão de jogo. Mas acrescentou-lhe, por exemplo, sentido posicional raro e capacidade guerreira, tudo qualidades que os analistas consideravam não integrar o seu ADN. Sabe-se agora que elas estavam lá, só que camufladas e por revelar.

Não por acaso, Belluschi foi o jogador do FC Porto que mais nos surpreendeu frente ao Benfica, mesmo que a sua exibição tenha surgido na sequência de outras muito meritórias realizadas esta época. Claro que - é mais do que evidente - Hulk foi o homem do jogo, pelos golos e pelo poder desequilibrante que já lhe é reconhecido até pelos seus mais antigos detractores. Mas, independentemente dos tiros nos pés que acabaram por representar para o Benfica e para alguns dos seus principais jogadores (David Luiz, Coentrão, Aimar e, por exclusão, Saviola) as opções tácticas e o discurso de Jorge Jesus, a verdade é que Hulk limitou-se a valorizar boa parte das características que há muito o consagram como um jogador fenomenal, uma autêntica ave ara. 

O mesmo se poderia dizer de Falcao, sempre eficaz e ainda mais letal quando encontra pela frente o primeiro clube português que o tentou contratar. E, obviamente, não deve ser desprezado também o mérito de André Villas-Boas, que tem contrariado os temores em torno da sua juventude com um trabalho de qualidade, uma sagacidade táctica assinalável e um discurso em que impera a confiança e a frontalidade. Tudo com uns pingos de arrogância que, pelo menos por enquanto, até contribuem para a aura mediática e vencedora.

Belluschi sempre foi visto como um médio-ofensivo, alguém que rendia claramente mais nas costas dos avançados, servindo de interface entre o miolo e o ataque. Foi assim no Newells"s Old Boys, onde deu os primeiros passos como profissional, ganhou os seus primeiros títulos e somou as suas duas primeiras e, até ao momento, únicas internacionalizações. E continuou a ser assim quando, quatro anos depois, foi chamado a ajudar a substituir Gallardo e Lucho (que se havia mudado precisamente para o FC Porto) no River Plate. As boas exibições levaram o Olympiakos a pagar por ele 7,4 milhões de euros (por metade do passe), na reabertura do mercado em 2008. Na Grécia, continuou a vender talento, mesmo que com várias intermitências exibicionais, jogando a "dez". Foi também no Pireu que teve a sua primeira experiência feliz frente ao Benfica, derrotado por 5-1, em 2008/09. Essa tendência manteve-se na época passada, quando contribuiu com um golo e duas assistências para impedir que os benfiquistas fizessem a festa do título no Dragão.

As suas qualidades agradaram a Jesualdo Ferreira, que há um ano deu o aval à sua contratação como potencial substituto de Lucho, vendido ao Marselha por 17 milhões de euros. Belluschi custou cinco milhões, mas por apenas metade do passe, continuando o restante a pertencer ao empresário israelita Pina Zahavi. Ficou com uma cláusula de rescisão de 30 milhões e uma outra que prolonga automaticamente o contrato em mais um ano (até 2014) caso realizasse um determinado número de jogos, entretanto já cumpridos. Refira-se que uma eventual transferência pode ser um pouco prejudicada por ainda não possuir o estatuto de comunitário.

Na época passada, Belluschi alinhou em 27 das 30 jornadas do campeonato, quase sempre a titular. Marcou quatro golos, mas esteve longe de conseguir afastar o sentimento de orfandade pelo compatriota Lucho. Essa foi, de resto, uma das razões apontadas para o menor rendimento e para a época fracassada que levou à saída de Jesualdo. Durante o defeso, alguns jornais chegaram a aventar a possibilidade de Belluschi receber uma guia de marcha idêntica às que tinham sido entregues a Tomás Costa e Valeri. 

Até por isso, não deixou de ser sintomático que Villas-Boas tenha apostado em Belluschi desde a primeira hora. Fê-lo mesmo contra a expectativa dos adeptos, crentes de que esta seria a época da afirmação definitiva de Rúben Micael. E continuou a fazê-lo mesmo depois de Pinto da Costa ter provado por que há muito dizia que Moutinho era um jogador à FC Porto... Aqui há que dar mérito ao técnico portista. Ele percebeu, melhor e mais rápido do que todos nós, que Belluschi tinha predicados que estavam ocultos e à espera de serem desvendados. 

Outro exemplo possível da capacidade de aproveitamento dos recursos disponíveis é o romeno Sapunaru. De totalmente desacreditado, o romeno passou num ápice a aposta principal nos jogos de maior grau de dificuldade, numa rotação com Fucile que é um dos exemplos possíveis da inteligente gestão que André Villas-Boas tem sabido fazer.

A transfiguração de Belluschi já tinha sido patente em Coimbra. O pantanal em que se tinha transformado o relvado não impediu o argentino de se manter à tona da água e de terminar como um dos melhores em campo. De resto, Belluschi segue surpreendentemente como o portista que conseguiu mais recuperações de bola (81) nas dez jornadas do campeonato, claramente à frente de João Moutinho (65). Esta sua nova faceta já tinha começado a ser notória no termo da época passada, quando foi quem mais correu na final da Taça de Portugal.

Os jogadores sul-americanos melhoram substancialmente o rendimento após o segundo ano na Europa. Belluschi chegou a Portugal após vários anos na Grécia, mas pode também estar a beneficiar de uma primeira fase de adaptação às singularidades do futebol português. Mas, mais importante do que isso, foi certamente o facto de ter passado a jogar ao lado de Moutinho, cuja inteligência táctica e posicional contribui para que tudo funcione com maior harmonia em seu redor.

Belluschi já foi deixando algumas explicações para a sua metamorfose. Por um lado, reconhece ser "mérito da equipa e do treinador", que o libertou e lhe deu confiança. Nesse ponto, vale a pena acrescentar uma passagem de uma outra entrevista em que diz que o FC Porto é agora uma equipa mais parecida com o Barcelona na forma de jogar, o que, depreende-se, beneficia as suas características. Mas onde Belluschi deve mesmo ter acertado na mouche foi quando afirmou: "É mérito meu também, que me propus estar melhor e trabalhar mais do que na época passada". Nota-se. 

Jesus merece algum crédito
Quem se apressou a pedir a cabeça de Jorge Jesus está a cometer um disparate tão grande como aqueles que, ainda há poucos meses, não hesitavam em rotular o treinador do Benfica como o melhor português, à frente, até, imagine-se, de José Mourinho. Os segundos ficaram inebriados com as exibições e as vitórias conseguidas durante breves dez meses, esquecendo-se que o saldo de uma carreira é muito mais do que isso. Mas quem já quer ver Jesus pelas costas está a cometer um pecado idêntico, vendo agora apenas manchas num treinador que está longe de ser perfeito, mas que já mostrou mais do que o suficiente para merecer algum crédito. Falhou estrondosamente no Dragão? É verdade. Mas mais importante do que isso seria tentar entender por que razão o Benfica não é bicampeão há 27 épocas. As situações não são comparáveis, mas, desta vez, salta à vista que o Benfica foi negligente na gestão do sucesso, sendo que isso foi verdade tanto para o treinador como para os jogadores e o próprio presidente. Nos últimos dias, os jornais desportivos enumeraram mil e um defeitos a quem ainda há pouco tempo tratavam como "mestre da táctica". E até o dinheiro que passou a ganhar desde que Pinto da Costa o tentou "raptar" serve para a criação dos cenários que levarão à sua demissão. É assim o futebol, mais volúvel até do que as taxas cambiais.


Bruno Prata in "publico.pt"