Dragão ganhou direito a tornar-se sobranceiro: e para a semana joga em Braga.
Ora ter o controlo sobre o calendário é uma aspiração legítima, sim, mas que sobretudo legitima outras aspirações. Legitima por exemplo a ambição de na pior das hipóteses recuperar a liderança em Braga, no sábado. Legitima também a ambição de entrar na reta final com mais auto-estima.
O que nos devolve ao início da crónica e ao tal ar sobranceiro que o F.C. Porto pode atirar aos adversários. A vitória sobre o Olhanense não chegou sozinha, veio escoltada por momentos de puro deleite numa das melhores exibições da equipa esta época. Sobretudo no início da segunda parte.
Curiosmente já não é a primeira vez que acontece: na semana passada, recorde-se, em Paços de Ferreira, o F.C. Porto fez uma das melhores exibições dos últimos tempos numa mão cheia de ocasiões claras de golo. Não ganhou, é certo, mas jogou melhor e por isso surgiu esta noite mais Porto.
Demorou quinze minutos a entrar no jogo mas a partir não voltou a sair dele. Marcou por Lucho e James, em momentos importantes do encontro, e deixou por acabar uma goleada das antigas. As ocasiões sucederam-se e construíram um herói com direito a estátua de bronze: Fabiano Freitas.
O empresário do guarda-redes brasileiro deve até estar de sorriso rasgado: o jogo no Dragão deu-lhe material para fazer, só ele, uma daquelas compilações que se apresenta a clubes maiores. O que diz muito da noite portista. Mas não diz tudo: como é possível continuar a desperdiçar tantos golos?
Assim por alto, por exemplo, contam-se oito oportunidades de golo, todas elas paradas por Fabiano, mais uma bola ao poste num livre de James. Onze ocasiões para marcar, portanto, mais dois golos, numa exurrada de futebol ofensivo que não viveu de Hulk, mas apoiou-se muito em Moutinho.
Tal como tinha acontecido na segunda parte da Mata Real, após a entrada de Fernando, João Moutinho cresceu com a liberdade ofensiva e pôde enfim inventar rotas por onde o futebol caminhava. Surge nesta altura em excelente forma e o F.C. Porto cresce com ele. Até Lucho volta a ser mais Lucho.
Ora tudo isto perante um adversário musculado mas muito pouco criativo, que fez o primeiro remate à baliza de Helton já depois da hora de jogo. A semana passada, em casa, deu para travar o Benfica: no Dragão teve sorte em não ser goleado. O F.C. Porto, esse, agradeceu a gentileza e sorriu.
Resta da falar da primeira novidade: Rolando ficou no banco: não acontecia há muito tempo. Maicon respondeu bem e tornou difícil imaginar que Rolando possa regressar à equipa. Mas enfim, não é inocente o facto deste reparo ter ficado para o fim. Não afetou nada a dinâmica coletiva.
O F.C. Porto esteve bem e recomenda-se.
in "maisfutebol.iol.pt"