
Tem um final de campeonato com quatro jogos em casa, mas frente a adversários complicados (Vitória de Guimarães, Benfica, CAB Madeira e Barreirense). Como antevê esta fase da temporada?
Vai ser uma parte final de liga interessante. O facto de termos jogos em casa é muito importante, visto que aumenta as nossas hipóteses de vitória e nos dá ainda mais confiança. Há muito tempo que demonstramos solidez, consistência, mas jogar no Dragão Caixa é sempre mais agradável. Contudo, temos a noção de que vamos defrontar adversários muito complicados, que também andam à procura de um bom posicionamento na tabela classificativa.
Dificilmente o calendário do FC Porto poderia ser mais complicado, não? O Benfica, perseguidor directo, defronta Ovarense, Terceira Basket e Lusitânia…
Depois de uma fase regular em que todos jogamos contra todos, a primeira posição tem algum valor, mas só é realmente válida e valorizada quando acabam todos os jogos. Nós não nos sentimos primeiros porque neste momento ocupamos o topo da tabela, só nos sentiremos primeiros se mantivermos essa posição no final da última jornada. Eu não olho para o calendário das outras equipas.
Os jogadores estão preparados para esta fase tão exigent

Há pouco tempo de descanso, é um facto. Ainda agora tivemos a deslocação a Angola, onde estivemos muito, muito bem. Fomos muito bem tratados. Gostámos da experiência, mas dela resultou mais cansaço. Acusámos muito o desgaste desses jogos e ainda estamos em fase de recuperação. Há atletas que trouxeram de Angola pequenas mazelas, fruto do torneio, da sequência de jogos...
Preocupações extra, portanto…
Eu tenho uma sensação permanente, diária, e às vezes até tenho alguma dificuldade em lidar com ela, que é: parece-me que a minha equipa nunca está a 100%, nunca joga a 100%. Não falo só em termos físicos, desportivos, quero referir-me ao potencial, às capacidades que estes jogadores têm de ser melhores a cada dia que passa. A cada semana que passa podemos acrescentar um conceito táctico, podemos melhorar fisicamente, etc. Felizmente, uma equipa de basquetebol é como um ser vivo, susceptível de continuar a crescer e a melhorar. É isso que transmito aos meus atletas.
E tem-se visto a equipa a melhorar jogo após jogo.
Muitas vezes chegamos às provas, como vai acontecer agora, com a sensação de que poderíamos estar ainda melhor. Mas os atletas do FC Porto têm uma coisa muito boa, que é a vontade, a atitude guerreira, o sentido de compromisso. Isso ajuda a que o pouco que falta para se chegar ao óptimo se consiga atingir, seja possível de atingir.
Que análise faz ao Vitória de Guimarães, o próximo adversário?
O jogo com o Vitória de Guimarães vai ser muito complicado. O clube atra

Considera que os jogadores se focam mais na partida, no jogo em si, para esquecer essas dificuldades?
Sim, a equipa acaba por ultrapassar essas dificuldades, unindo-se mais, concentrando-se mais. Os jogadores entram num estado de alerta, de tensão, e ficam sem pressão, o que os faz crescer nos jogos contra as equipas ditas, na teoria, mais fortes, superiores. Isso transforma o Vitória numa equipa perigosa. Na realidade, os jogadores do Vitória têm muita experiência, têm talento, qualidade. De certeza que não vão chegar cá e entregar o jogo. Estou convencido de que vão entrar para tentar ganhar.
Terminar a fase regular com vantagem pontual tranquiliza? Tira pressão ao trabalho diário?
Dá muita motivação. Se acabarmos a fase regular do campeonato em primeiro, na prática isso traduz-se em vantagem por jogar em casa. Isso é o mais importante. Mas ficar em primeiro é um objectivo que, por si só, dá motivação, claro. É sempre bom ficar no topo. Mas há uma coisa que quero dizer e vou aproveitar esta oportunidade: a nossa equipa não é uma equipa que distinga todos os fins-de-semana um MVP. O melhor jogador de cada jornada quase nunca é um jog

Nota-se alguma tristeza nessas suas palavras. Parece-lhe que há falta de consideração pela sua equipa, pelo seu trabalho?
Estamos habituados. Na realidade, se formos a ver os jornais das últimas semanas, temos páginas inteiras de basquetebol sem qualquer palavra de destaque para os campeões nacionais. Eu fico feliz se houver uma página inteira sobre basquetebol nos jornais, é isso que desejo, mas é realmente estranho não haver referências ao FC Porto. Quando a minha equipa ganha com resultados expressivos é porque o adversário esteve mal, quando a minha equipa tem a melhor defesa do campeonato não se destaca o feito, etc, etc. Isso é algo a que já estamos habituados e que também nos dá motivação extra, que nos alimenta ainda mais a vontade de vencer, mas é injusto para todos os profissionais do FC Porto Ferpinta.
in "fcp.pt"