Apóstolos de André Villas-Boas vencem CSKA Sófia (3-1) no dia em que foi para as bancas novo livro com a história dos dragões. Que não pára: e já lá vão 35 jogos sem perder
O FC Porto já tem duas Bíblias: uma, aquela onde André Villas-Boas desenhou 10 mandamentos para uma época de sucesso (e vão 25 jogos sem derrotas), e outra que chegou ontem às bancas com a história do clube. Que, já agora, vai ter a primeira adenda muito em breve - a maior série de sempre do FC Porto sem derrotas subiu para 35. Agora foi a vez do CSKA vergar-se aos apóstolos do jovem treinador, ex-discípulo de Mourinho. A equipa de Sófia, conhecida como Os Vermelhos, saiu do Dragão com 3-1. E os números só não chegaram aos cinco porque Walter e Moutinho atiraram à trave e Falcao falhou um penálti.
I. Qualquer jogo é para ganhar. Os dragões estavam apurados, uma vitória na Liga Europa nem dá muito dinheiro mas há uma história para respeitar. Foi isso que se viu nos portistas a constante vontade de dominar, controlar, acelerar e, claro, marcar.
II. Renovação? Sim. Revolução? Não. Rolando ficou na bancada, Hulk, Guarín e Moutinho começaram no banco. Mas o conjunto não perdeu identidade, nem mesmo apresentando um esquema diferente do normal (4x4x2).
III. Futebol são golos - a ordem é para disparar. Ao intervalo, os portistas já tinham 12 remates, na segunda parte foram outros tantos. Mas o futebol é simples: bola na defesa, definição a meio--campo, procura das laterais, tentativa de visar a baliza. Ponto.
IV. As bolas paradas são um foco de perigo. Ou de golo. Otamendi aproveitou uns ressaltos, não desistiu e rematou a contar. Mas não é só de canto que o dragão cospe fogo; de livre, Belluschi e Falcao quase marcaram, quando foi James a bola sobrou para Micael e deu o 2-1. Só o 3-1, do mesmo James, foi de bola corrida (estreia a marcar).
V. Estabilidade é essencial. Frente a um adversário que teve oito treinadores desde Janeiro, notou--se a diferença de ter (ou não) um modelo definido. E enquanto os búlgaros, que até mexem bem na bola, não têm fio de jogo, os portistas conseguem ter fio de jogo mesmo quando nem mexem assim tão bem na bola.
VI. Quanto mais pressão melhor. Na véspera, Moutinho assumiu que "o FC Porto só é notícia quando ganha". O passar das partidas vai aumentando a sede dos adversários ganharem aos dragões. Mas é isso que parece alimentar mais a sede dos dragões.
VII. Não há imprescindíveis nem vedetas. Falcao foi titular e tentou de tudo para marcar no sexto encontro seguido na fase de grupos da Liga Europa: de cabeça, de livre e até de penálti, que falhou. Não marcou, saiu. Porque os interesses colectivos estão acima dos registos individuais.
VIII. Defender bem é estar mais próximo da vitória. O FC Porto gosta de ter bola e corre imenso quando não a tem para recuperar. Assim, dá pouca margem para sofrer golos; por isso, Villas-Boas ficou irritado com o remate de Delev, que fez o momentâneo 1-1 aos 48'. E nunca mais Helton teve trabalho na baliza...
IX. Só faz falta quem lá está. Já ninguém se lembra que Fernando, o Polvo que funciona como pêndulo no meio-campo, continua lesionado. E Souza, apesar de alguns erros, provou que pode ser tão titular como Guarín.
X. Jogos contra vermelhos (alcunha do CSKA) são para ganhar sempre. E a regra confirmou-se. Sem entretenimento, claro.
in "ionline.pt"