quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Clássico: 1967/68, o grito de Pedroto destroça o Benfica europeu

A tese do «mestre» e as diabruras de Djalma no último duelo a duas mãos na taça


43 anos depois, F.C. Porto e Benfica voltam a digladiar-se na Taça de Portugal numa eliminatória a duas mãos. A ferrugem do tempo não apaga os horizontes da memória, essa que nos coloca na temporada 1967/68. 2-2 no primeiro jogo, disputado no Estádio da Luz, 3-0 para uns dragões esmagadores e impulsionados pelas bancadas repletas das Antas no segundo.

O Benfica tinha Eusébio, António Simões e José Augusto, magriços coroados pelas mais altas instâncias do futebol mundial. O F.C. Porto tinha o respigo emanado pelo discurso conquistador de José Maria Pedroto. «Toda a gente é corcunda quando se abaixa», grita o mestre, acabrunhado com o estado de hibernação em que subsistia o azul e branco da Invicta.

As águas turvas e revoltas ameaçavam inundar o balneário portista. A borrasca só seria travada com o sucesso perante o fidalgo arqui-rival de Lisboa. 

«O Djalma destroçou um Benfica traumatizado»

Quebrar a hegemonia do Benfica, impedir o esbulhar do clube, evitar a qualquer custo a submissão ou qualquer tipo de inferioridade. Palavras de ordem no balneário do F.C. Porto para uma meia-final que podia salvar (mais) uma época decepcionante no campeonato nacional. 

O antídoto revelou-se fulminante. José Augusto conta como foi ao Maisfutebol. 

«A derrota frente ao Manchester United na final europeia marcou-nos. Diria mesmo que foi um Benfica traumatizado aquele que jogou contra o Porto na Taça de Portugal», explica o antigo extremo da Luz.

«O F.C. Porto queria salvar a época e conseguiu. Empatou com alguma sorte em nossa casa e depois fez uma exibição de sonho nas Antas. Eles tinham um brasileiro chamado Djalma que nos destroçou por completo.»

A opinião de José Augusto é um decalque da realidade. Djalma fez quatro dos cinco golos do F.C. Porto neste último encontro a duas mãos para a taça. O malogrado Pavão fez o outro. 

Na final o F.C. Porto haveria de vencer o V. Setúbal por 2-1 no Jamor. 

«Sidnei vai fazer esquecer o David Luiz»

Para o jogo de quarta-feira, José Augusto prevê grande equilíbrio. E lamenta que a meia-final não se decida num só jogo. «Há quase três meses entre este e o jogo da Luz. Não faz sentido. Acredito no Benfica e acredito que o Sidnei vai conseguir fazer esquecer o David Luiz.» 

O Maisfutebol falou com um atleta do F.C. Porto, integrante do plantel de 1967/68, mas o mesmo explicou-nos que apenas podia prestar declarações devidamente autorizado pelo clube ao qual ainda está ligado. Uma autorização que não chegou em tempo útil. 

1ª mão: 2-2 (2 de Junho de 1968)

Estádio da Luz
Árbitro: Saldanha Ribeiro, Leiria

BENFICA: José Henrique; Cavém (cap), Humberto Coelho, Raul e Cruz; Jaime Graça e Jacinto; José Augusto, Nelson, Eusébio e António Simões.

Treinador: Otto Glória

F.C. PORTO: Rui; Sucena, Valdemar, Atraca e Jaime; Manuel António, Pavão, Custódio Pinto e Bernardo da Velha; Djalma e Malagueta.

Treinador: José Maria Pedroto

Golos: Eusébio (11), Djalma (44 e 61), Jaime Graça (56) 

2ª mão: 3-0 (9 de Junho de 1968)

Estádio das Antas
Árbitro: Ismael Baltasar, Setúbal 

F.C. PORTO: Américo; Sucena, Valdemar, Atraca e Jaime; Gomes, Pavão, Custódio Pinto e Bernardo da Velha; Djalma e Nóbrega. 

Treinador: José Maria Pedroto 

BENFICA: José Henrique; Cavém, Raul, Jacinto e Cruz; Pinto e Coluna (cap); Yaúca, Raul Águas, José Augusto e Vieira.

Treinador: Otto Glória

Golos: Djalma (47 e 70), Pavão (83)

1 comentário:

Unknown disse...

Nao temos um grande Jose Maria Pedroto,mas temos tambem um grande treinador! Forca V.Boas
desta vez podemos chegar a meia duzia.
Viva o F.C.Porto