quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

3º Round - Tácticas escondidas com rotinas de fora

É uma coincidência notável: na véspera de voltar ao Dragão, Jorge Jesus perdeu David Luiz, a peça estratégica que, por ter sido desviada para o lado esquerdo da defesa, virou bandeira da explicação de uma das mais volumosas derrotas do Benfica num clássico com o FC Porto. Se ainda houvesse David Luiz, é bem provável que ele fosse um "mind game" irresistível de Jesus para entreter Villas-Boas, quanto mais não fosse porque, numa ironia do destino, as circunstâncias ditavam que os caminhos de Hulk e David Luiz haveriam de cruzar-se outra vez, mas agora no coração da área. Teria sido um "mind game" completo. Assim, só o é pela metade, porque Hulk será mesmo o ponta-de-lança de Villas-Boas, apesar do esforço criativo para esconder Falcao numa convocatória alargada. Outra coincidência notável: desta vez, por lhe faltarem o dono e a respectiva alternativa, até é Villas-Boas quem pode surpreender à esquerda, inevitavelmente condenada a uma adaptação, seja de Fucile ou de Sereno.

Com conferências de Imprensa sem o sal e a pimenta de outras ocasiões, porque as palavras também jogam, sobretudo quando são afixadas nos balneários, as tentativas de surpreender esgotam-se em pequenos detalhes: do jogo de xadrez feito de elogios mútuos (empate técnico nisso) à convocatória alargada de Villas-Boas na tentativa de arrastar as interrogações. No fundo, esses são pequenos oásis de imprevisibilidade que, por muito que se esforcem para esconder estratégias, acabam destapados no que é essencial. A estatística, por exemplo, é inimiga de grandes surpresas. Quando olhar para as escolhas oficiais de Villas-Boas, Jesus pode tirar uma série de conclusões automáticas. É certo que ter Hulk ao meio ou numa ala não é bem o mesmo, mas, no jogo de probabilidades alimentado pela estatística, há coisas que não mudam: o mais provável é que seja ele, Hulk, o rei dos remates; assim como é provável que sejam os passes de João Moutinho a alimentar o maior número das investidas de ataque do FC Porto; ou que Belluschi e Hulk dividam a marcação dos cantos. Villas-Boas, assim que olhar para o onze do Benfica, também pode encontrar pontos previsíveis no adversário: Fábio Coentrão é mestre nas recuperações; Saviola é o mais rematador, ainda que ameaçado de perto por Cardozo, ou que dos pés de Javi García costumam sair passes certos. A estatística também sugere que carregar sobre Hulk, Belluschi, Coentrão ou Gaitán é capaz de ser uma boa ideia estratégica, porque, por assumirem riscos, são eles também quem mais bolas perde na condução de jogo das respectivas equipas. E, claro, ganhar a bola num deslize desses pode ser meio caminho andado para surpreender o adversário. Dedução previsível, previsível...

FC Porto-Benfica

20h30 Sport TV1
Estádio do Dragão
Árbitro Paulo Baptista [AF Portalegre]
Assistentes José Braga/Luís Tavares
-

FC PORTO

Treinador André Villas-Boas
1 Helton GR
21 Sapunaru LD
14 Rolando DC
4 Maicon DC
13 Fucile LE
25 Fernando MD
7 Belluschi MO
8 João Moutinho MO
17 Varela AD
19 James AE
12 Hulk AV
-
24 Beto GR
16 Sereno DC
30 Otamendi DC
6 Guarín MD
23 Souza MD
28 Rúben Micael MO
10 Rodríguez AE
18 Walter AV
9 Falcao AV


BENFICA

Treinador Jorge Jesus
13 Júlio César GR
14 Maxi Pereira LD
4 Luisão DC
27 Sidnei DC
18 Fábio Coentrão LE
6 Javi García MD
2 Airton MD
8 Salvio AD
20 Gaitán AE
30 Saviola AV
7 Cardozo AV
-
12 Roberto GR
15 Roderick DC
25 César Peixoto LE
10 Aimar MO
16 Felipe Menezes MO
11 Jara AV
21 Nuno Gomes AV
31 Kardec AV

Agarra, Helton

Em média, Helton faz mais defesas por jogo do que Roberto, ainda que este último não deva ser titular esta noite. Com 3,5 defesas em média, o brasileiro é o último obstáculo a ultrapassar na defesa portista, que, como se sabe, é uma das menos batidas. Lá está, isso também acontece porque Helton contribui para estatísticas como esta, a das defesas


Hulk como alvo

Hulk assume o jogo, corre riscos, e é ele o alvo preferido das faltas (2,2 é a média). Apesar de lhe estar destinada uma missão na área, o brasileiro não perde a oportunidade para procurar outras zonas, arriscando no um-a-um. No Benfica, é Gaitán o que mais falta sofre (2,1)


Cruzamentos são com Hulk

A ausência de Falcao tem desviado Hulk para a área, ainda que a dinâmica de ataque imposta por Villas-Boas não o dispense de investidas pelas alas. Hulk continua a ser o jogador que mais cruza (5,9), média muito próxima da que ostenta o benfiquista Gaitán, que é quem se destaca na matéria


A pontaria de Hulk

Hulk, outra vez. Podia dar-se o caso de ele ser apenas o mais rematador, mas, espreitadas as estatísticas dos que podem estar hoje em campo, é também ele quem mais vezes acerta com a baliza (2,1). Do outro lado, é conveniente que Helton tenha em atenção os remates que saem dos pés de Saviola (1,2) e Cardozo (1,1), também sintonizados com a baliza


Mão-cheia de cartões

O histórico da época de Paulo Baptista sugere que, em média, mostra 5 amarelos por jogo. Essa é a estatística resultante dos 73 amarelos exibidos em 14 jogos (Liga Sagres, Orangina e Taça da Liga, a bwin). Há ainda registo de dois vermelhos. No cadastro da época não há é clássicos como este...


Moutinho a fazer faltas

Em campo, João Moutinho parece estar em todo lado e é ele que, em média, mais faltas faz (2,5). Segue-se Belluschi, criativo a que Villas-Boas deu um toque guerreiro (2,1). De resto, os dois foram os primeiros portistas a completar uma série de cinco amarelos este ano. No Benfica, o mais faltoso é Aimar (1,8)


Moutinho a distribuir

João Moutinho é rei do campeonato na matéria (47,4) e é também líder no que toca a passes certos (38,1). Portanto, hoje, como sempre, o mais provável será vê-lo assumir a responsabilidade de desenhar as coordenadas de jogo do FC Porto. Belluschi marca pontos neste particular. No Benfica, à falta de David Luiz, Javi García é quem se destaca (36,2)


O incrível remata mais

Para Hulk, rematar é tão natural como respirar. É ele quem domina (5,5 por jogo, em média), independentemente do ângulo ou da distância a que está da baliza. De resto, Hulk é o melhor marcador da equipa, com 27 golos no somatório de todas as competições. Para marcar, é preciso rematar. Seguem-se Falcao (2,8) e Belluschi (2,4)


Ora Belluschi, ora Hulk

Empate técnico. Belluschi e Hulk dividem a marcação dos cantos (50 para cada um, segundo as estatísticas oficiais da Liga, o que dá uma média de 2,9 por jogo). O mais provável é que seja um ou outro a marcá-los. Sem Carlos Martins, Aimar (2,6) é o preferido a marcá-los no Benfica, mas, como não deve ser titular, Gaitán (1,6) é o senhor que se segue

in "ojogo.pt"


1 comentário:

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Logo vai ser um jogo totalmente diferente do que seria um a contar para o campeonato. Trata-se de uma eliminatória a duas mãos, e por conseguinte isso irá condicionar táticamente as equipas.

Espera-se que seja um excelente jogo de futebol, que ambas as equipas joguem um futebol de ataque, e que o péssimo árbitro nomeado não tenha influência no resultado.

Que os jogadores se respeitem e não entrem em picardias, e que tudo corra bem fora do campo entre adeptos.

Basta de guerras, isto não passa de um jogo de futebol.

Se o nosso Porto estiver ao seu nível, vencerá este jogo, pois é no seu conjunto melhor e mais sólido que o Benfica.

Abraço

Paulo

http://pronunciadodragao.blogspot.com/