sexta-feira, 4 de março de 2011

"Belluschi encontrou em Moutinho um sócio ideal"

Para a família Belluschi, 2 de Março de 2011 não foi um dia qualquer. Ficou gravado para sempre na memória dos Belluschi como aquele em que o agregado familiar foi aumentado com a chegada de Francesca, a primeira filha de Fernando Belluschi e a primeira neta de Carlos e Silvia Belluschi, os pais do médio portista. Francesca chega numa altura em que o argentino atravessa uma boa fase na equipa de André Villas-Boas, abrilhantada com o golo marcado ao Olhanense, festejado, de resto, com a bola debaixo da camisola, antecipando a chegada da filha e simulando a barriga da mulher. "Belluschi está maravilhado por ser pai. Estava ansioso que esse momento chegasse. E nós também, claro", disse o pai de Belluschi a O JOGO a partir de Quirquinchos, uma pequena cidade na região de Santa Fé, na Argentina, a 400 quilómetros de Buenos Aires.

Por estes dias, Carlos Belluschi está em casa com o irmão de Belluschi, dado que a mulher, Silvia, está no Porto a amparar os primeiros dias da neta. "Acompanhei tudo pela internet. Felizmente, agora é mais fácil a comunicação e podemos ver e falar com eles todos os dias. Fui obrigado a aprender a usar o computador para poder estar em contacto com o meu filho e também ver os jogos do FC Porto. Quando os transmitem, vou ao computador e vejo-os."
A felicidade de Carlos Belluschi não se limita ao nascimento da neta, mas também ao momento que Belluschi atravessa na equipa portista. Um dos melhores momentos da carreira, diz o pai. "Está um espectáculo. No Newell's Old Boys, River Plate e no Olympiacos alcançou picos de rendimento como aquele que agora atravessa. Vejo todos os jogos, em directo ou em diferido, e sei que ele se sente muito bem, porque está a jogar novamente na posição de que mais gosta e em que mais rende. O treinador anterior colocava-o quase como um avançado, mais próximo da área, e ele não se sentia muito bem. Agora é um médio puro, arranca jogadas e parece um avião. Avança e recua todo o tempo. Com o Olhanense, fez um grande jogo. Falámos depois, e até lhe disse para parar um pouco, porque durante 90 minutos não parou de correr. No fim continuava a correr como se o jogo estivesse a começar. Parecia um rato atómico", explicou.

Para o bom momento do filho, Carlos Belluschi tem uma explicação. Aliás, é a mesma que André Villas-Boas costuma dar quando algum jogador se destaca. "A equipa está muito bem, com ideias claras e espírito ofensivo. Belluschi encontrou em Moutinho um sócio ideal. Ambos escolhem os tempos de jogo e são muito parecidos, porque trocam de posição e sobem à vez ao ataque. E a presença de Falcao também é muito importante. Belluschi conhece-o bem desde os tempos em que representaram o River Plate. Trata-se de um ponta-de-lança impressionante. Voltou a jogar depois da lesão e esteve muito bem."

Os golos difíceis e os pulmões que não param de encher

Apesar de, nesta altura, as temperaturas quentes fazerem da Argentina um lugar especial, Carlos Belluschi não se importava de trocar o país natal pelo Porto, precisamente para poder acompanhar o médio portista numa ocasião de grande felicidade. O pai de Belluschi já esteve duas vezes no Porto e ficou encantado com a cidade, mesmo que as saídas para passear com o filho se tenham revelado algo complicadas. Fama e frio foram as razões. "Tínhamos de ter um gorro e também era preciso escondermo-nos um pouco, porque os adeptos são fanáticos. Tratam-no muito bem, mas, às vezes, é complicado sair para passear ou comer", recorda Carlos Belluschi.

De seguida lembra-se do último golo marcado pelo camisola sete e derrete-se em elogios. "Ele não é de marcar muitos golos, mas, quando marca, são sempre bonitos. Ou marca com um remate forte ou faz um chapéu. Desde Agosto que não marcava, ou porque a bola esbarrava nos ferros ou porque não queria entrar. Também é verdade que, no FC Porto, não joga para o golo, mas antes para assistir os três avançados e depois tentar recuperar de novo a bola. Belluschi nunca se cansa, tem dois pulmões enormes."

A partir de Quirquinchos, o pai de Belluschi torce para que o FC Porto "se consiga sagrar campeão o mais rápido possível". "A equipa está muito bem, mas não se pode desleixar, porque os adversários são bons. Quanto a Belluschi, ele não vai abrandar, mesmo que sinta dores. Desde que não haja risco de lesão, ele aguenta e joga sempre. E também sei que ainda pode jogar melhor. Conheço-o e sei que não tem limites. Não é fácil manter-se num nível tão alto, mas vai continuar a evoluir", diz o pai de Belluschi, isto antes de tratar de ver as últimas fotografias da neta, acabadas de chegar por e-mail.

Só lhe falta mesmo a selecção

Aos 27 anos, no auge da carreira, Belluschi não desiste de chegar à selecção argentina. O pai fala em sonho. Por enquanto, nem Maradona, que chamou mais de cem jogadores, nem Sergio Batista o convocaram. "O meu filho tem uma vontade enorme de representar a selecção da Argentina. Na última convocatória, contava ser chamado, mas não foi. É o que lhe falta. Penso que já merece e não o digo por ser pai dele. Vejo-o a jogar e creio que tem nível suficiente para ser chamado, para se poder mostrar. Oxalá lhe dêem a oportunidade", diz Carlos Belluschi.

in "ojogo.pt"


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