sábado, 25 de junho de 2011

O querido inimigo

Ao FC Porto, vendo as coisas pelo prisma financeiro, não faltam motivos para agradecer a Roman Abramovich, independentemente de os portistas não terem apreciado nada a forma como este foi buscar jogadores e, sobretudo, treinadores ao Dragão. André Villas-Boas é o último destes casos em que o magnata russo fez valer a sua fortuna, que serviu para pagar a cláusula de rescisão do treinador português, com contrato em vigor com o FC Porto. Já em 2004 havia sucedido algo assim, quando José Mourinho também trocou o Dragão por Stamford Bridge. Só à custa dos dois treinadores, o magnata russo depositou, na conta bancária da SAD portista, 21 milhões de euros. Se o primeiro tinha acabado de ganhar a Liga dos Campeões, o segundo vem de conquistar a Liga Europa; isto no plano internacional, depois de várias conquistas internas.

O encanto de Abramovich pelo talento e capacidade vencedora dos treinadores e jogadores portugueses praticamente "pagou" os 94,5 milhões de euros orçamentados pelos campeões nacionais para a temporada que terminou (91,5 milhões em compras mais uns milhares de direitos de formação). E se Ricardo Carvalho, Bosingwa e Paulo Ferreira foram negociados directamente entre o Chelsea e o FC Porto, num total que rendeu 70,5 milhões de euros aos dragões, já os dois técnicos deixaram o clube sem justa causa, obrigando Abramovich a pagar as cláusulas de rescisão. Acrescenta-se a esta verba o valor, não divulgado, da saída dos adjuntos de Mourinho e Villas-Boas.

No meio do "vendaval" Villas-Boas, esconde-se um dado curioso que constitui mais uma chance para o FC Porto associar o seu nome a um recorde, depois de a saída do treinador de 33 anos ter elevado as transacções do Dragão para Stamford Bridge até aos 91,5 milhões de euros. A verba está ainda aquém dos cem milhões mas o desejo de contar com Falcao pode fazer a fasquia subir até aos 121,5 milhões. E isso significaria ficar a 8,5 milhões da mais frutuosa relação comercial entre dois clubes neste século: as vendas de Beckham e Ronaldo ao Real Madrid renderam ao Manchester United 130 milhões!

Jorge Mendes na maioria das transferências

Jorge Mendes tem sido um dos grandes responsáveis pela entrada de mais de cem milhões de euros nas contas dos clubes portugueses. O agente FIFA intermediou a maioria dos negócios, exceptuando este último, de André Villas-Boas, numa transferência conduzida por Carlos Gonçalves, o empresário do novo treinador do Chelsea. À qualidade dos jogadores e dos treinadores, o empresário tem juntado a boa relação que mantém há mais de sete anos com o magnata russo. Jorge Mendes poderá ainda ajudar a transferir mais 30 milhões de euros para a SAD portista ainda este Verão, isto porque Falcao mudou de empresário e passou a ser representado pelo dono da Gestifute.

Chelsea gastou tanto como Real, Manchester e Barça juntos

Se negociar jogadores de futebol fosse o mesmo que uma compra quotidiana, talvez o Chelsea já tivesse o direito de exigir descontos de cada vez que vai ao Dragão. O clube de Abramovich é de longe o melhor dos "clientes" do FC Porto, tendo, no total, deixado mais de 90 milhões de euros nos cofres dos azuis e brancos. Por outro lado, é essa capacidade gastadora, aliada à vontade de manter um plantel forte, que, na óptica portista, inviabiliza toda e qualquer possibilidade de desconto; e, desde a saída de Villas-Boas, até de negociar com os blues londrinos, ou seja, a haver saídas de jogadores, só se for pelo valor da cláusula de rescisão!

O certo é que, desde o Verão de 2004, logo após a Champions ganha pelos dragões em Gelsenkirchen, o dinheiro proveniente do Chelsea mais do que dobra o do segundo melhor comprador, o Dínamo de Moscovo, também ele um ávido comprador entre 2004 e 2005. Outros colossos europeus, como Real Madrid, Manchester United e Barcelona, surgem bem atrás. Tanto que o somatório das compras de jogadores que fizeram aos dragões equivale... ao total do Chelsea!

in "ojogo.pt"

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