quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Danilo e Iturbe de gás colado

O Brasil dos portistas Danilo e Alex Sandro passou para a liderança do Grupo E do Mundial de sub-20 da Colômbia, com uma vitória, por 3-0, sobre a Áustria, e a Argentina, agora com Iturbe titular - e de novo em enorme destaque -, empatou a zero com a Inglaterra, abrindo ainda mais as portas dos oitavos-de-final. "Mini-Messi" garante mais tempo na Colômbia e mais atraso na chegada ao FC Porto.

O Brasil ofereceu belíssimos momentos de futebol. Os dois reforços do campeão português estiveram no onze inicial: o lateral-direito esteve no penálti do segundo golo; e o defesa-esquerdo permanece azarado, ganhou o lugar e cedeu-o ao cabo de 12 minutos, lesionado, regressando ao banco para ver o Brasil encantar como raramente é permitido, no futebol actual - e sobretudo no da ressaca da Copa América da Argentina, em que foi mais forte quem menos deixou jogar. Dois desses momentos em que trocou a bola como se estivesse a jogar noutra dimensão, adiantado no tempo em relação aos defesas, resultaram em golos que lembram os da que é recordada como a última grande representante da escola de talento canarinha: no Mundial de 1982, em Espanha, Sócrates, Falcão, Júnior, Zico, faziam isso mesmo, embora com mais espaço do que, hoje, é permitido.

Este é "o futebol deles", como lhe chama o resto do planeta, que, até hoje, não conseguiu imitar aquele ritmo. A Áustria conheceu essa impotência, quando, aos 37', Philippe Coutinho recebeu de Gabriel Silva, acelerou, deu para Óscar, recebeu de volta e passou a Henrique o primeiro golo da noite, em toques simples, alegres, imparáveis - foi assim que Danilo surgiu diante da baliza, lançado por Óscar, aos 52', dando origem ao penálti do 2-0 e abrindo definitivamente caminho para o futebol brasileiro em estado puro, coroado por um terceiro golo a quatro: Óscar deu para o toque de calcanhar de Philippe Coutinho, Casemiro recebeu e deu para Wilian assinar o 3-0, tudo por entre a impotência de cinco defesas austríacos e o deleite dos espectadores.

No jogo de Iturbe, desta vez, não houve mão de Deus a decidir o Argentina-Inglaterra. Na única vez em que os deuses poderiam ter decidido à margem das leis, o árbitro assistente assinalou um fora-de-jogo que anulou aquele que teria sido o golo inglês, pelo que os rivais históricos se ficaram por um empate que serve à equipa de Iturbe, líder do Grupo F e com o caminho aberto para os oitavos-de-final.

Lateral foi atropelado junto à baliza austríaca

Autor do golo que valeu o empate com o Egipto, na primeira ronda, o lateral-direito que o FC Porto contratou ao Santos ficou à beira do segundo golo no torneio, mas, quando recebeu o passe de Óscar e entrou na área - revelando essa apetência ofensiva, bem clara no primeiro jogo -, mais rápido do que toda a defesa austríaca, o guarda-redes decidiu que era preferível arriscar o penálti. Atirou-se-lhe às pernas e o golo adiado ficou para Philippe Coutinho, o avançado do Inter, que atirou rasteiro, dando a Radlinger a ilusão de que ainda poderia chegar à bola, que lhe tocou a ponta da luva e seguiu, imparável, para o 2-0.

"Iturbo" em todo o lado

A Argentina foi dona do jogo e se ficou a zero não foi por falta de tentativas para vencer. Muitas destas ocasiões passaram pelos remates de Iturbe, o artista que, mesmo sem as botas cor de laranja - já é o rosto da gigantesca marca desportiva Nike, na Argentina - ficaria na memória do jogo. Como já era de esperar, depois do bom desempenho na segunda parte da vitória sobre o México, Walter Perazzo colocou Iturbe no onze titular, para reforçar a capacidade ofensiva da equipa, debilitada pelas limitações de Lamela. A Inglaterra quase só se defendeu da vontade de golos que teve em Iturbe o máximo expoente, nesta partida em que, a cada oportunidade, deixou patente o instinto para o golo. Rematou de onde poucos arriscam fazê-lo e criando perigo, invariavelmente.

Imprensa: Iturbe foi um perigo

Desta vez, a alcunha pela qual é conhecido Iturbe nem foi a ideia mais recorrente saída da leitura dos jornais do país do Mini-Messi. O desfecho do jogo com a Inglaterra foi um nulo, é certo, mas que melhor elogio para Iturbe do que dizer que a haver um triunfo argentino teria de sair das suas botas? "Iturbe era a carta mais perigosa da sub-20 argentina", escreveu o generalista "Clarín", que destacou o sentido de oportunidade do portista: "Cada vez que via um buraco, Iturbe atirava à baliza". No desportivo "Olé", o reforço dos dragões foi considerado, a par de Lamela, o mais perigoso da Argentina.
No Brasil é notório o menor destaque dado a este Mundial por comparação com o vizinho do Sul, mas nas crónicas da vitória sobre a Áustria, Danilo merecia destaque por ter sido determinante para "soltar o Brasil", como escrever o "Estadão". O "Globo" afinou pelo mesmo diapasão, acrescentando ainda um bom passe do portista, aos oito minutos, "desaproveitado por Willian". O desportivo "Lance" sublinhou a "penetração de Danilo que deu o penálti para o 2-0".

in "ojogo.pt"

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