segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O povo está com eles

A grandeza dos números dá força à tradição que o FC Porto está a implementar e que, no primeiro dia de cada ano, já torna o treino dos dragões na actividade mais concorrida da cidade. Ontem foram 11 500 adeptos nas bancadas do Dragão, quase o dobro dos seis mil da época passada e o triplo do registado em 2009.
Para o plantel, não poderia haver prova mais inequívoca das tréguas dadas pelos simpatizantes depois de um início de temporada atribulado e da estabilização tardia. Os seis jogos consecutivos sem perder voltaram a entusiasmar os adeptos e a prova disso foi a romaria que começou cedo e resistiu até às nuvens que indiciavam a chuva que se viria a concretizar. A nação azul e branca está junta outra vez e de apoio e carinho aos jogadores não se podem queixar. Foi, para todos, uma grande surpresa.
Os responsáveis do estádio também não imaginaram um fenómeno assim e tiveram de solicitar a abertura do sector visitante, já depois do treino ter começado. A bancada central que estava aberta lotou 15 minutos depois de Vítor Pereira ter apitado para o início dos trabalhos. À entrada das portas de acesso já se formavam filas idênticas às dos dias de jogo.
O público saudou cada momento de maior proximidade com os craques e não os poupou a mimos. Viram-se bandeiras e cartazes e sucederam-se aplausos a cada gesto técnico mais conseguido. Os jogadores gostaram e no final do treino fizeram questão de lhes prestar uma vénia e agradecer novamente pela força dada, possivelmente única num país onde nem os jogos costumam ter bancadas tão cheias.
Para ficar com uma ideia mais clara, 71,2% dos jogos do actual campeonato tiveram menos de 11 500 espectadores. Só 30 das 104 partidas já disputadas registaram melhores casas, 27 delas envolvendo equipas grandes. O Guimarães-Braga, Guimarães-Rio Ave e Braga-Gil Vicente são as excepções. E, no somatório total feito em Maio, não será de estranhar que nem todas as equipas ultrapassem os 11 500 adeptos no acumulado de jogos, isto se excluirmos da contabilidade as recepções a FC Porto, Benfica e Sporting. A Naval da época passada, por exemplo, conseguiu apenas 9763 espectadores totais.
Para o FC Porto, o dia foi tão importante como para os adeptos. Por isso, os jogadores ofereceram-lhes cachecóis antes de a sessão começar, para assim lhes mostrarem a importância do banho de multidão e o significado profundo que teve esta recepção.

Só faltou mesmo o golo de Hulk

Aplausos antes do treino começar e no final do mesmo selaram uma tarde de saudável convivência e proximidade entre público e craques. Todos os jogadores foram saudados, mas já se sabe que só um é capaz de provocar a absoluta histeria: Hulk. O brasileiro não marcou nenhum dos 12 golos do treino e só terá faltado mesmo isso para a festa ficar completa. Se o Incrível foi tremendamente ovacionado sempre que se aproximou da bancada, imagine-se se marcasse.

Kléber contra novo avançado

À partida para as miniférias natalícias, Kléber confirmou que esperava ter feito mais em 2011 e assumiu o desejo de se impor definitivamente em 2012. No primeiro treino do novo ano ficámos a entender que as intenções são reais e aparentemente mais sólidas do que a maioria das resoluções que se tomam sempre que entra um novo ano. O brasileiro fez três golos na peladinha que encerrou a sessão e todos de belo efeito. Mais: foi eficaz a 100%, como que a tentar mostrar que não há necessidade de contratar mais um ponta-de-lança, assunto diário no diz que respeito ao universo portista.
Mais do que aquilo que o número vale - o jogo teve pouca intensidade e as defesas não foram rígidas - a forma efusiva como Kléber festejou cada um dos golos prova a importância de cada um desses momentos para o jogador.
No resto do treino, Vítor Pereira optou por não trabalhar nenhum aspecto em particular. A sessão foi ligeira e de reintegração progressiva ao ritmo alto que as férias quebraram. Os jogadores começaram por exercitar a circulação de bola, passaram para um jogo de futvólei e terminaram então num jogo de 12x12, sem que nenhuma das formações estivesse equilibrada entre defesas, médios e avançados. Além de Kléber(3), marcaram Fernando(2), Varela(2), Rolando, Alex Sandro, Sapunaru, Iturbe e Helton.

Festa do emigrante

Sem possibilidade de assistirem neste interregno natalício a qualquer jogo do FC Porto, muitos emigrantes que estão em Portugal de férias aproveitaram para ver de perto os ídolos. Havia gente de França, Suíça e Alemanha. E só contamos os que se identificaram.

Helton de calcanhar

Com três guarda-redes, mas apenas duas balizas para defender, Helton, Bracali e Kadú foram trocando, o que os obrigou a passarem, à vez, pelo papel de jogador de campo. Bracali e Kadú mal se viram, mas o titular arrancou o aplauso do dia ao marcar de calcanhar.

Famílias presentes

Foram vários os jogadores que tiveram a família nas bancadas neste primeiro dia do novo ano. Os mais discretos apenas acenaram, mas outros, como Sapunaru e Rolando, dirigiram-se à bancada no final do treino. O romeno beijou a mulher; o central pegou ao colo no filho.

in "ojogo.pt"

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