sábado, 10 de agosto de 2013

Está de volta o futebol, com a taça do Mestre

 FC Porto e Vitória de Guimarães inauguram oficialmente a época 2013/2014 para disputar a Supertaça Cândido de Oliveira. Numa espécie de David contra Golias à beira-mar plantado, o clube vimaranense tentará surpreender o campeão nacional e repetir o êxito do Jamor, quando derrotou o então favorito Benfica, mas a tarefa está longe de ser fácil, naquela que até se poderá chamar «a Supertaça de Pinto da Costa».
​Primeiro que tudo, porque o clube vimaranense tem uma realidade diferente em termos financeiros, não apenas no volume, mas também na forma (orçamental). Depois, porque saíram vários jogadores que eram importantes na manobra da equipa, como Ricardo, Tiago Rodrigues, Amido Baldé, El Adoua ou Soudani. Ainda assim, Leonel Olímpio conseguiu ver uma vantagem - o FC Porto mudou de treinador, o Vitória de Guimarães manteve Rui Vitória - o que não deixa de ser factual... mas relativo.


Com 19 títulos em 34 possíveis, o FC Porto tem a maioria das taças na sua posse, tendo apenas falhado seis finais. De resto, Sporting (7) Benfica (4), Boavista (3) e Vitória de Guimarães (1) totalizam 15, um dado revelador do domínio portista nas últimas três décadas. Aliás, e explicando o porquê do uso da designação de «Supertaça de Pinto da Costa», os dragões venceram-na a primeira vez em 1981, precisamente a altura da chegada do dirigente à presidência do clube.

Implementado em 1979 e denominado com o nome do eterno Mestre Cândido de Oliveira, personagem ímpar no futebol português, este troféu sempre juntou o vencedor do campeonato e o vencedor da Taça de Portugal (ou o vencido, caso se registasse uma dobradinha).

Precisamente uma dobradinha foi o que aconteceu na última vez que ambas as equipas se defrontaram na discussão deste troféu. E nem foi assim há tanto tempo. Em agosto de 2011, o então campeão do campeonato e da Taça FC Porto voltava a Aveiro para defrontar o Vitória SC, que havia saído do Jamor vergado por um 6x2. Naquela noite, dois golos de Rolando derrotaram um de Toscano e Vítor Pereira, que se estreava oficialmente, levantava o ceptro (2x1).

©Catarina Morais
Adeus Vítor Pereira, olá Paulo Fonseca

O FC Porto procura o penta na competição, à qual não falha desde 2005. Mais do que as saídas de James e de Moutinho ou das chegadas de Quintero e de Herrera, a grande mexida no Dragão é a de técnicos. Foi-se o bicampeão Vítor Pereira, chegou Paulo Fonseca e quis a ironia do destino que o arranque oficial fosse exatamente o mesmo.

A identidade portista não se parece ter alterado, como é habitual na casa portista, e a pré-temporada foi quase perfeita, apenas com dois «senãos»: a derrota com o Galatasaray (com a prolongada crise dos penáltis) e a ausência de Bernard. Sim, o FC Porto não terá chegado a fazer uma proposta concreta ao Atlético Mineiro e sim, o valor parece incomportável para uma equipa portuguesa.

A questão é que Bernard parecia ser a peça que faltava no puzzle de Paulo Fonseca, como elemento desequilibrador da banda direita. Há Quintero, que pode aprender como Lucho faz (o colombiano parece o sucessor perfeito do argentino) «sacrificando» a época em terrenos mais distantes. Há Kelvin e Iturbe (não foi convocado), mas ambos precisam de «educação racional» para atingirem uma maturidade que se coadune com o talento que lhes é inquestionável. Há Licá e Varela, mas ambos funcionam melhor do outro lado do campo, emprestando equilibrio à equipa.

Quintero pode ser a surpresa no onze ©Catarina Morais
Outra questão que importa focar é a defensiva azul e branca. Quatro golos sofridos em oito partidas é um belo registo, sobretudo se comparado com os rivais, mas a zona recuada do FC Porto apresenta, por vezes, excesso de confiança na abordagem aos lances. Ainda não deram mau resultado, mas alguns atrasos e facilitismos em zonas proibidas podem pagar-se bem caro nos jogos a doer.

Por fim, talvez o maior problema de Paulo Fonseca, o meio-campo portista tem oscilado - mesmo em diferentes fases do jogo - entre o dinamismo e a apatia. Por outras palavras, a fluidez de jogo que Moutinho dava ao conjunto ainda não foi colmatada e o conjunto parece depender muito do ritmo a que atua El Comandante Lucho. A questão é que o argentino não é eterno nem aguenta 90 minutos. Um aspeto a rever com cuidado.


Esperança foi a palavra que imperou no Jamor ©Catarina Morais
Vitória do querer e paixão de conquista

Disse Geninho ao zerozero.pt, a meio da semana, que o segredo é acreditar que tudo pode acontecer, pois este troféu discute-se em 90 minutos. Não sabemos se Rui Vitória leu a entrevista ou não, mas o seu discurso não fugiu muito daquele que foi preconizado pelo único homem que levou uma Supertaça para junto de D. Afonso Henriques: num dia bom do Vitória SC e num dia mau do FC Porto, tudo pode acontecer.

É exatamente a essa ideia que a equipa vitoriana se agarra. A essa e a uma massa adepta que deslumbra pela paixão imprimida. Os dados não são concretos, mas serão poucos mais os portistas que os vimaranenses no Municipal de Aveiro e, à semelhança da final do Jamor, mais do que as questões orçamentais (que distam muitos os dois emblemas), os adeptos do clube transportam consigo jerricans de vontade, querer e entusiasmo.

Relativamente à final do Jamor, apenas cinco dos titulares figuram nos convocados de Rui Vitória para esta partida. Baldé, El Adoua e Soudani saíram para o estrangeiro, Ricardo e Tiago Rodrigues foram para o Dragão (pelo menos o último deve regressar por empréstimo, mas só após a final) e Kanú está lesionado.

Além disso, Rui Vitória tem ainda um grande problema no ataque: Maazou ainda não obteve o certificado e Russi chegou apenas na passada quinta-feira. Sobra Tomané para o ataque, apoiado por Marco Matias, e depois a dúvida: povoar ainda mais o meio campo com Barrientos ou lançar uma supresa (Alex, Crivellaro ou Hernâni).

Por entre dúvidas táticas e humanas, por entre ansiedade e romaria, respire fundo, caro leitor... 76 dias depois, vai começar a bola a sério novamente!!


in "zerozero.pt"

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