quarta-feira, 17 de novembro de 2010

João Moutinho e as opiniões de Luís Nazaré e Rogério Alves

1. As grandes equipas ganham, mesmo quando jogam mal e o FC Porto prossegue, sem mácula, a sua caminhada vitoriosa.

Frente a um Portimonense que tentou disfarçar as suas debilidades com uma organização competente, haverá a tentação de reduzir o jogo menos conseguido à ausência de cinco titulares. Trata-se de uma perspectiva mitigada, se atendermos, por exemplo, à variedade de (boas) soluções que Villas-Boas tem à sua disposição. Mas que acaba, pelo menos num caso, por espelhar uma realidade cada vez mais notória: este FC Porto vale bem menos quando não pode contar com João Moutinho, talvez hoje o elemento (a par de Hulk) mais difícil de substituir no habitual "onze" inicial. Não por acaso, o outro jogo em que o FC Porto esteve claramente abaixo da bitola habitual foi frente ao Besiktas (no Dragão). Moutinho começou no "banco"...

2. O Benfica continua a tentar sarar as feridas, mas a goleada imposta à Naval não anula totalmente os 45 minutos iniciais em que a desinibida equipa da Figueira da Foz chegou a assustar. Valeu-lhe a falta de eficácia concretizadora do adversário e, já agora, um Roberto que, pouco a pouco, prova o quanto foram precipitados alguns juizos. Gaitán marcou dois golos (Di María só se estreou a marcar ao fim de ano e meio...) e Sálvio participou em três. No futebol, como em tanta coisa na vida, o tempo acaba sempre por ser o melhor conselheiro. A generalidade dos adeptos tem dificuldade em entendê-lo. Até por isso, exige-se outra postura a quem ocupa cargos de responsabilidade. Não parece curial, por exemplo, que o presidente da Assembleia Geral do Benfica tenha aproveitado o descalabro no Dragão para questionar a qualidade da "matéria-prima" do plantel e "as opções estratégicas" de Jorge Jesus. Dizer, como o fez o normalmente sensato Luís Nazaré, que o único "objectivo crível" do Benfica é agora o de lutar pelo segundo lugar pode até ser uma opinião partilhada pela generalidade dos analistas. Mas dito por quem foi só serve para condicionar o trabalho do próprio treinador (como rapidamente percebeu Luís Filipe Vieira, que reagiu). Não se vê quaisquer vantagens neste processo de autoflagelação. A não ser dar força aos adeptos que forçam a entrada nos treinos à porta fechada.

3. Nesta matéria também não andou melhor o presidente da assembleia geral da SAD do Sporting, quando acusou o rival da Luz de "fanfarrão" e assumiu "a alegria de ver o Benfica naquelas aflições". Mais do que a natural rivalidade entre adeptos de clubes da mesma cidade (o que acontece um pouco em toda a Europa), Rogério Alves como que acabou por assumir um papel de menoridade do próprio Sporting

Bruno Prata in "publico,pt"

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