terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Serviço mínimo aflição máxima

Sem a neve e sem o gelo de Viena, a exibição do FC Porto foi patinando à vista desarmada na segunda parte até chegar ao impensável golpe de teatro: um penálti duvidoso - tal como fora duvidoso o que, ainda na primeira, favorecera Falcao - ameaçava roubar dois pontos à liderança confortável dos portistas. Parecia castigo em forma de lição bem dada, ainda que resultasse de um somatório de asneiras: não só a suposta falta de Fucile sobre Henrique era discutível, como Elmano Santos ainda conseguiu punir com amarelo Otamendi, que nada tinha a ver com o assunto. Se o tivesse mostrado a Fucile, apoiado na certeza de que este tinha mesmo feito falta, seria a expulsão do uruguaio. Um detalhe apenas, porque o jogo entrava nos descontos, mas um equívoco a contribuir também para o final escaldante. Frio, qual frio? Jaílson lá marcou o penálti à primeira, mas falhou-o à segunda. Elmano ainda não tinha apitado quando ele enganou Helton e, na repetição, a bola saiu-lhe por cima da barra. O estádio gritou como se fosse golo. Como não foi, os três pontos acabaram no bolso do FC Porto, que esticou novamente a vantagem para oito pontos.

Este último minuto ajuda a um resumo perfeito: pode um jogo pobre ser assim tão rico em histórias? Pode, pois.

Antes de mais, não houve Villas-Boas no banco. E, a avaliar pela quantidade de vezes que Pedro Emanuel se levantou para segredar ao ouvido de Vítor Pereira as instruções vindas da bancada, ele não estava a gostar nada do que via. Provavelmente, não estaria a gostar de tamanho desperdício na primeira parte: o Setúbal, nessa altura, fazia figura de corpo presente, mas, apesar do domínio avassalador de posse de bola, não havia maneira de capitalizar essa supremacia. Por desacerto na finalização, mas também por desconcentrações pouco comuns neste FC Porto. O penálti acabou, assim, por cair do céu. Já se disse que foi duvidosa a infracção assinalada a Collin, mas Hulk não quis saber desses detalhes e marcou mesmo, reforçando o estatuto de melhor marcador do campeonato.

Ao intervalo, Manuel Fernandes deve ter aquecido as mãos num eficaz puxão de orelhas a uma equipa apática. Teve também uma boa ideia, lançando Zeca, autor do primeiro remate setubalense à baliza de Helton - aos mais distraídos, convém reforçar que já se vai na segunda parte. Subitamente, o Setúbal acordava e aproveitava a apatia portista, aparentemente resultante do desgaste físico da Liga Europa, para deixar o jogo num limbo. A vantagem do FC Porto fragilizava-se com o passar dos minutos, aumentando a sensação de desconforto. Villas-Boas, por intermédio de Vítor Pereira, ainda se socorreu de Rúben Micael e de Sapunaru para dar consistência, mas eram os setubalenses quem carregavam. Manuel Fernandes prescindira dos médios-defensivos (Bruno Gallo e François) e apostara em tudo o que era avançado. Depois de Zeca, Henrique e Sassá.

De tanto empurrar o FC Porto para trás, com lançamentos em profundidade, cantos e livres, o Setúbal lá chegou ao que parecia ser um golpe fatal. O apito de Elmano Santos gelou as bancadas do Dragão, onde estava Villas-Boas. Jaílson tratou de as aquecer novamente ao falhar o penálti.

Fica a lição: os maiores tropeções da caminhada podem resultar de obstáculos mais pequenos. O FC Porto argumentará que, além da lição, ficaram também os três pontos...


FC Porto, 1 - Setúbal, 0

in "ojogo.pt"

2 comentários:

Dragus Invictus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Previa-se um jogo que se complicaria com o decorrer do tempo, pois o esforço físico de Viena iria se reflectir no rendimento de alguns jogadores. O mais evidente foi o de Falcao, que estava completamente esgotado quando saiu. Mas também temos de dar mérito ao Setúbal que na segunda parte entrou afoito, com um jogador veloz Zeca, a causar muitos problemas, e a jogar com o passar do tempo e o enervar dos nossos jogadores.

Na primeira parte entramos bem, dominantes, e poderíamos ter resolvido o jogo, não fosse a nossa ineficácia, ou as excelentes intervenções de Diego.
Acabamos por marcar num lance que na minha opinião não é penalti, apesar de existir um ligeiro contacto físico, um pousar de cotovelo de Collin nas costas de Falcao. Eu sou apologista que o futebol sendo um jogo de contacto físico, não se podem marcar penaltis por qualquer disputa de bola.
Também o alegado penalti de Fucile é inexistente. Existe uma luta de braços dentro da área e Henrique deixa se cair. A falta existe sim à entrada da área com Fucile a agarrar com ambos os braços Henrique.

Na badalada anulação do penalti e consequente repetição, falta saber qual o motivo que levou o árbitro a tomar tal decisão.
Estavam jogadores dentro de área, e por conseguinte, tal poderia ser um motivo para mandar repetir o penalti, aliás vê se o árbitro em dialogo, a mandar sair da área alguns jogadores. Mas como quem está em violação da grande área é um jogador do Porto, não há motivo para a repetição. http://www.youtube.com/watch?v=FkpOTmu1vZE
Por sua vez o árbitro indica que não havia apitado, tal como afiançou Pitbull.
Este é um péssimo árbitro, tornou complicado um jogo fácil. Ele não teve intenção de prejudicar FC Porto ou Setúbal, ele apenas é um árbitro que não vale nada. Quem tem coragem para marcar um penalti duvidoso no minuto 89, não o mandaria repetir se quisesse beneficiar uma equipa e prejudicar outra.
Quanto aos nossos jogadores, gostei da garra de Moutinho, Guarin, dos nossos centrais, de Hulk e de Cebola (primeira parte).

Fucile mais uma vez cometeu uma idiotice, tal como aconteceu em Guimarães, que nos poderia ter custado mais dois pontos perdidos.

Villas Boas ao tirar Rafa, foi porque Fucile não conseguia parar Zeca, e não porque Rafa estivesse mal.
Mas Fucile foi ao outro lado borrar a pintura.

Quanto ao pouco público no estádio, é compreensível, face às condições atmosféricas e dia da semana.

Abraço

Paulo

http://pronunciadodragao.blogspot.com/