terça-feira, 15 de março de 2011

A ANÁLISE DE JVP

Leiria-FC Porto

1
Vencedor anunciado cedo

Vitória justa e indiscutível do FC Porto num jogo pouco interessante de seguir, lento, com muitos passes errados e um vencedor anunciado desde cedo, porque sempre que o visitante acelerava provava a si mesmo que iria marcar e ganhar, mais tarde ou mais cedo. Esta vitória perspectiva um final de campeonato pouco interessante. A diferença pontual entre FC Porto e Benfica é tão grande que já só resta saber em que jogo haverá campeão.
Pretendendo virar-se para Liga Europa, o FC Porto quererá resolver a questão do título o mais rapidamente possível e o jogo da Luz terá para os portistas apenas o desafio de conseguirem ser campeões sem derrotas, se possível só com os dois empates cedidos até ao momento, para assim igualarem o recorde do Benfica nos anos 70.

2
FC Porto ganhou o direito a não ter pressa

A primeira parte decorreu do seguinte modo: FC Porto instalado no meio-campo do Leiria durante a maior parte do tempo, com mais iniciativa mas com uma circulação de bola lenta e até previsível. As dificuldades que iam aparecendo deviam-se ao facto de o Leiria defender praticamente com os 11 jogadores atrás da linha da bola, não permitindo espaços.
A tranquilidade pontual do FC Porto permite-lhe dar-se a estas regalias: o tempo deixou de ser obstáculo e a supremacia sobre os adversários é tal que o jogo é mentalmente dado como ganho. E a verdade é que só acelerava de vez em quando, mas era suficiente para criar perigo e acreditar que o golo apareceria. O FC Porto ganhou o direito a não ter pressa. E a verdade é que por volta da hora de jogo o mesmo já estava resolvido, porque o Leiria, que estranhamente estava a jogar para o ponto - cinco defesas e as linhas recuadas -, quase abdicando do ataque, a seguir esboçou uma reacção não muito convincente, mas como teve de se abrir o jogo tornou-se mais agradável.

3
Soluções para todos os problemas

Quando dispõe de toda a gente, o FC Porto tem um naipe de soluções invulgar, porque consegue ladear qualquer problema. Como era difícil ultrapassar uma defesa tão fechada, ontem havia que apostar no remate de meia-distância. E Guarín fez o golo. Noutros jogos era preciso velocidade e o FC Porto foi veloz, de outras marcou de bola parada, de ataque continuado. Marcou sempre mesmo quando o seu futebol não foi de encher o olho.
Porque o jogo de ontem não foi exactamente uma maravilha, vou destacar pormenores que atestam a teoria das soluções para todos os gostos: na segunda parte Belluschi, um craque, fez um passe fantástico que deixou Falcao na cara do guarda-redes, Hulk fez duas ou três arrancadas demolidoras, uma das quais originou um penálti, Guarín fez um golo excelente do sítio certo no momento exacto.

4
Guarín ou Fernando?
Desde que jogue Moutinho…

Sabe-se desde o início da época que o FC Porto tem um plantel rico, mas então nesta altura em que reina a confiança, o treinador pode trocar jogadores sem sequer correr riscos. Ontem Villas-Boas abdicou de Fernando, mais posicional e defensivo e entrou Guarín, jogador com mais iniciativa atacante. E o que resultou daí? Em termos de funcionamento colectivo, nada de especial, porque a inteligência táctica de João Moutinho permite tudo. Ele nunca é problema. É sempre parte da solução. Se Fernando fica, ele sobe; se joga Guarín e vai ao ataque ele fica e compensa, pautando sempre as suas acções individuais conforme as necessidades da equipa.

5
O elogio de Rolando

Nesta altura em que a época se aproxima do fim e no campeonato já pouco há para decidir, não quero perder a oportunidade de dedicar um espaço a Rolando, um dos esteios deste FC Porto. Teve um início de época complicado, ficou órfão de Bruno Alves, começou a jogar com Maicon e ajudou-o a subir. Ao mesmo tempo, no banco estava Otamendi, um jogador de classe com jeito de comandante. Era previsível que o argentino não ficasse de fora por muito tempo e as primeiras indicações até apontariam para que pudesse ser Rolando a sair, mas a verdade é que, no seu jeito discreto mas eficiente, impôs-se sem dar hipóteses à concorrência. De modo que hoje, mesmo com a rotatividade que o treinador vai impondo, os centrais do FC Porto em jogos a doer são… Rolando e um dos outros dois.

in "ojogo.pt"

Sem comentários: