domingo, 20 de março de 2011

F.C. Porto-Académica, 3-1 (crónica)

Pimenta na penúltima ceia do Dragão. O F.C. Porto está a um passo do título nacional. Ensaio geral com 46 mil almas num recinto à pinha, assistindo a reviravolta motivada por uma Académica incómoda. Resposta goleadora do líder, chegando e ultrapassando a barreira de cem tentos numa temporada gloriosa (3-1).

David Addy assustou o patrão mas Guarín voltou a impor a sua lei. Maicon assinou o centésimo golo dos dragões, numa resposta apresentada em meia-hora de pressão intensa. Varela preparou os foguetes. «Campeões na Luz», gritou-se na recta final do jogo. 

André Villas-Boas agradeceu o rigor disciplinar dos seus homens. Todos evitaram o sinal amarelo, pedindo licença para disputar o clássico. Beto, Maicon, Alvaro Pereira, Belluschi e Varela foram as novidades no onze. Ulisses Morais respondeu com o caos organizado. Addy subiu no terreno, Diogo Valente flectiu para o centro, Sougou foi segundo lateral quando o azul e branco predominava. O Dragão, bem perto da lotação máxima, viu-se num colete de forças irritante.

Três corredores à frente do autocarro

A Académica estacionou o autocarro mas deixou três corredores de fundo à solta. Ao segundo minuto de jogo, o aviso polémico. Pedrinho desceu pela direita e cruzou para a cabeça de Diogo Valente. Rolando parece desviar mesmo com a mão. Penalty por marcar.

O líder não percebeu a mensagem e deixou-se envolver na teia estudantil, adiando a produção de oportunidades de golo. A organização defensiva dos locais manteve a baliza de Peiser a uma distância considerável, enquanto o trio da frente concebia o resto.

À meia-hora de jogo, quando Hulk insistiu num lance individual sem sentido, Sougou sorriu. O velocista arrancou até à área do F.C. Porto e cruzou para o improviso de Addy. O lateral, cedido pelos dragões, rematou com o pé mais fraco, a bola levantou e chocou a plateia.

Addy despertou o Dragão

Vinte homens da Mancha Negra, em tronco nu numa noite amena, faziam a festa numa pequena curva do estádio. Os restantes nem pestanejavam, entoando um cântico de incentivo à reviravolta. Eis, então, o despertar do Dragão.

Hulk, Falcao, Varela e Rolando. Quatro protagonistas, o mesmo desfecho. Sucessão de oportunidades de golo em cima do intervalo, anunciando um F.C. Porto esmagador na segunda metade.

André Villas-Boas conservou as apostas e Guarín reproduziu o guião. Bola pelo centro, via aberta e pontapé inspirado, no quarto jogo consecutivo a marcar para o médio colombiano. O empate chegara cedo, ao minuto 55, deixando tempo e espaço para a volta completa.

A Académica, saliente-se, não queria entrar na festa para fazer número. Tanto que respondeu, incomodou e voltou a ameaçar. Ulisses trocara Hélder Cabral por Laionel, ao intervalo, mantendo a ambição. Contudo, desta vez, o F.C. Porto respondia ao sinal de alerta com velocidade e entusiasmo.

A festa do centenário

O 2-1 surgiu como uma inevitabilidade lógica. Canto de Hulk, cabeça de Maicon, tudo natural, concebível num quadro de recuperação sustentada, sem desesperos. Moutinho entrou com uma hora de jogo, os dragões chegaram à vantagem logo depois.

Maicon apontou o centésimo golo do F.C. Porto na temporada 2010/11. Um tento providencial, tão importante como a marca assinalada nesta prova. A reviravolta portista afastava o receio de novo desaire caseiro, o primeiro numa Liga onde o término sem derrotas continua a afigurar-se como objecto concreto e apetecível.

Hulk quis encerrar a questão com um golo de letra, uma obra de arte num quadro azul e branco. Os adeptos não gostaram. Faltava demasiado tempo para subvalorizar uma Académica com provas dadas na noite portuense. A Briosa esboçou reacção sem convencer, Varela fez o terceiro a quinze minutos do fim e reforçou a aposta de um F.C. Porto campeão. Seis créditos à disposição.


in "maisfutebol.iol.pt"

2 comentários:

dragao vila pouca disse...

Uma entrada lenta, adormecida, pouco esclarecida, trapalhona até, da equipa portista, que estava à espera que a vitória lhe caísse do céu, sem ter de lutar, trapalhar, fazer pela vida. Com um Porto assim, a Académica arrebitou cabelo, defendeu bem, foi rápida a sair para o ataque e quase se pode dizer, sem surpresa, adiantou-se no marcador, curioso, por D.Addy, jogador emprestado pelo F.C.Porto, que para além de marcar o golo, fez uma exibição prometedora e a pronunciar que temos ali gente.

Com a vantagem coimbrã o conjunto de André Villas-Boas começou a despertar, chegou a ameaçar empatar por Hulk, mas não conseguiu e foi para o intervalo com o castigo, justo, de ter feito uma primeira-parte muito abaixo dos mínimos exigíveis.

Na etapa complementar tudo foi diferente. Entrando forte, dinâmico, rápido, pressionante e jogando a um nível alto, ao nível que se lhe exíge, o F.C.Porto dominou, demoliu a boa organização da equipa de Ulisses Morais, deu a volta ao resultado e acabou a partida em apóteose e aos gritos de campeão, campeão. Foi um jogo em que o Dragão teve de fazer apelo a tudo o que tem e viu-se que tem muito para dar. A segunda-parte também mostrou uma equipa capaz de jogar muito bem, mesmo com alguns dos seus principais jogadores, Hulk e principalmente Falcao, claramente cansados e a jogarem abaixo do que podem e sabem.

Um abraço

Rui Anjos (Dragaopentacampeao) disse...

Mais um jogo de duas faces que terminou em grande.

Primeiros 30/40 minutos de um Porto irreconhecível (lento, sem dinâmica nem inspiração) e o restante um Porto à Campeão.

Boa moldura humana no Dragão, engalanado para o ensaio geral do título que já não fugirá (isto se não houver nova emboscada na Luz!).

Destaques: Guarín, mais uma vez, a marcar golo decisivo na reviravolta e a rubricar excelente exibição; 100º golo da temporada, da autoria de um estreante nestas lides (Maicon); 22ª vitória no Campeonato, em 24 jogos (2 empates); Título à distância de uma vitória... na Luz!

Um abraço