quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Benfica é uma questão de orgulho


É mesmo diferente dos outros jogos. Defrontar o Benfica mexe com o balneário do FC Porto, inclusive na decoração das paredes. Villas-Boas tinha por hábito colocar imagens ou vídeos do rival encarnado - fosse uma declaração, um festejo ou uma provocação - para espicaçar os jogadores. Depois, puxava do latim e motivava-os até ao limite. O resultado foram quatro vitórias em cinco clássicos. "Ele sabia retirar o máximo de cada um de nós. As famosas imagens e vídeos colocados nos corredores de acesso aos balneários e no hotel também eram importantes. Escolhia sempre coisas que nos tocavam no orgulho e na honra e isso pode fazer toda a diferença na altura de entrar em campo. A ideia era sempre criar em nós uma reacção enérgica", contou a O JOGO, desde a Argentina, Mariano González, um dos capitães na época passada.
O guarda-redes Beto concorda com o antigo companheiro. "Não devo dizer que métodos o Villas-Boas usava. Mas eram muito motivacionais e não passavam apenas pelo uso da palavra. Mais não posso. Saíamos das palestras absolutamente convencidos de que íamos vencer", sublinhou.
Rúben Micael acrescenta pormenores sobre o papel de Vítor Pereira. "Durante a semana procurava corrigir pormenores com os jogadores e antes dos jogos era ele que falava individualmente com cada um de nós para explicar o que a equipa técnica pretendia. Isso foi fundamental em muitos jogos", admitiu.
Os treinos também desempenham um papel importante, naturalmente. Há mais intensidade, garante Rúben Micael. "A pressão é outra e os treinos são mais intensos e é trabalhado tudo ao pormenor como as jogadas dos adversários, as bolas paradas e o posicionamento que devemos ter em campo". Mariano acrescenta mais um dado. "Todos querem dar o máximo porque o plantel tem 28 jogadores e só há espaço para 11 e mais sete no banco e ninguém quer falhar um jogo destes", lembrou.

"Vítor Pereira e Villas-Boas falam a mesma língua"

Rúben Micael garantiu que Villas-Boas não mudava muito a sua atitude na semana dos clássicos. "Falava nas palestras, tratava dos aspectos tácticos e o resto era tratado pelo seu adjunto". Vítor Pereira, pois claro. "Ele sabia exactamente o que o Villas-Boas queria transmitir. Partilhavam das mesmas ideias, alinhavavam as mesmas estratégias, falavam em uníssono", assegura Beto e Mariano diz o mesmo: "Explicava-nos tudo e essas conversas também ajudavam".

Mariano González

Extremo do Estudiantes

"O Vítor Pereira estava sempre perto dos jogadores, mas falava mais a nível individual. Explicava-nos tudo e essas conversas também ajudavam. Não sei como ele é como treinador principal, mas imagino que siga a mesma linha

Rúben Micael

Médio do Saragoça

"É uma semana diferente, sem dúvida. A pressão é outra e os treinos são mais intensos e é trabalhado tudo ao pormenor, nomeadamente as movimentações dos adversários, as bolas paradas e o posicionamento que devemos ter em campo

Beto

Guarda-redes do Cluj

Os métodos deles os dois [Villas-Boas e Vítor Pereira] são muito motivacionais e não passam apenas pelo uso da palavra. Mais não posso dizer. Mas a linguagem dos dois era a mesma. Falavam em uníssono

"Se o Benfica sofresse um golo ia tremer e deitar tudo a perder"

Rúben Micael sublinhou a importância das palavras nas semanas dos clássicos. Villas-Boas preparava a equipa tacticamente e só dava a palestra antes dos jogos; o resto era obra de Vítor Pereira, a quem competia falar individualmente com os atletas, explicou o médio. Actualmente no Saragoça, Micael contou, a O JOGO, um episódio relativo ao encontro da segunda mão da Taça de Portugal, quando o FC Porto foi à Luz vencer por 3-1. "É evidente que as conversas foram fundamentais. Por exemplo, quando fomos para Lisboa estávamos mais do que certos de que íamos conseguir dar a volta à eliminatória; entrámos supermotivados e confiantes porque sabíamos qual era o nosso valor", referiu, acrescentando um pormenor curioso. "Não sei se devia revelar isto, mas vou arriscar e ele não me deve levar a mal. Esse assunto já foi comentado aqui em Saragoça com Roberto, [guarda-redes que assistiu a essa partida no banco dos encarnados e que agora também joga no emblema de Saragoça], numa conversa entre treinos. Falamos muitas vezes sobre o futebol português, e ele admitiu que o Benfica estava receoso, porque se sofresse um golo ia tremer e podia deitar tudo a perder. E foi exactamente o que aconteceu", recordou o internacional português.

Repetir os 5-0? Eles querem é ganhar

"Gostava que o FC Porto voltasse a ganhar por 5-0, mas é muito difícil repetir esse resultado", admitiu Mariano González quando convidado a adiantar um prognóstico para o clássico desta semana. Aliás, os outros dois ex-companheiros de equipa partilham dessa opinião. Por isso, já se contentavam com a diferença mínima. "Não sei se se pode repetir essa goleada. Acredito que o FC Porto irá vencer, pois confio nos jogadores que se mantiveram no clube e na equipa técnica. Como torcedor do FC Porto, acredito e por mim 1-0 já chegava", atira Beto. "Vai ser complicado, porque o Benfica está numa fase boa, mas acredito que o FC Porto tem condições para vencer", considera Rúben Micael.

in "ojogo.pt"

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