quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Fernando há só um"


Vítor Pereira resistiu. Um, dois, três jogos. Afinal, Fernando tinha dado o flanco ao anunciar que, por sua vontade, estaria de partida. Era o mote para que o FC Porto se lançasse num trapézio sem sede, mas cedo se provou que dá jeito ter um botão de segurança.
De especialista para especialista, Paulo Assunção é contundente: "Fernando há só um". O antigo dono da posição explica a O JOGO por que não podem os dragões viver sem o brasileiro. "Ele faz o que eu fazia e, já antes de mim, o Costinha. Segura as pontas, equilibra a equipa para que outros possam pensar em atacar. Se algo corre mal, está lá ele", conta Assunção, que ainda conhece de cor os mandamentos de um trinco à FC Porto. "Se ele falha, depois só o Helton pode salvar a equipa. Tem de varrer tudo, acertar na marcação e pensar de imediato no que fazer com a bola, executando depressa", sintetiza. Uma tarefa ao alcance de uma minoria: "No actual plantel, só ele pode fazer isso. Moutinho, Guarín e Souza são jogadores para jogar mais à frente".
O diagnóstico parece coincidir com a leitura de Vítor Pereira. Fernando retractou-se e reabriu as portas de um onze do qual o treinador já pensava dispensar a figura do trinco convencional. Pior para quem já fazia as contas a uma equipa com três médios pensadores. "Fernando joga simples e varre tudo. Jesualdo Ferreira pedia-me para não inventar e acho que o Fernando também tem essa escola. Moutinho, Hulk e James precisam de ter alguém em quem confiar lá atrás, alguém que lhes proteja as costas quando um drible corre mal", sentencia Assunção.
Para isso está Fernando. "Afinal de contas, ele faz um papel que mais ninguém quer desempenhar. Se erra, fica com uma cruz. Já tem muitas responsabilidades, os outros que marquem golos", resume o brasileiro, para quem o sacrifício faz parte do negócio: "Eu jogava na raça. Por isso é que o Lucho e o Lisandro diziam que o melhor jogador da equipa era eu. Podiam contar comigo. Acho que o Fernando também garante isso".

Eficiência que não encontra paralelo

Fernando ou Souza? Vítor Pereira terá uma opinião, mas os números também tomam partido. Por Fernando, claramente. Na Liga, estão separados por 30 minutos de utilização (ganha o camisola 25), margem que permite comparações credíveis. Ora, o Polvo recuperou mais 13 bolas (35 contra 22), cometeu menos 5 faltas (3 contra 8) e é mais assertivo no passe. A sua percentagem de sucesso nas entregas de bola é de 88,1%, acima dos 82% de Souza. A diferença de bolas jogadas é irrelevante (139/133) e o número 23 tem mais um remate (3) do que Fernando. Tudo somado, é com naturalidade que se observa que a eficiência é uma marca que ainda distingue os dois principais candidatos a pivô defensivo no meio-campo.

Experimentar até voltar ao princípio

Vítor Pereira estabilizou as suas opções no meio-campo, o sector que mais tem oscilado e que parece agora recuperar a fórmula que teve sucesso na segunda metade da última temporada, coincidindo com as conquistas do campeonato, da Taça de Portugal e da Liga Europa. Fernando foi titular nos últimos três jogos, igualando a marca de Souza, que foi a opção inicial de Vítor Pereira para o papel de trinco. Pelo meio, Moutinho passou pelo lugar no famoso jogo contra o Feirense. E se o internacional português é mesmo o elemento mais constante no onze, Guarín vai justificando um espaço de destaque nas opções do treinador, superando a concorrência de Belluschi e de Defour.
Numa fase importante para definir tendências na Liga e na Champions, é natural que o técnico fidelize um tridente titular. Pela fiabilidade, parece claro, agora, que um dos lugares pertencerá a Fernando. Uma tradição...

in "ojogo.pt"

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