segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mangala: de «menino da mamã» a titular no F.C. Porto

Reportagem-Maisfutebol: o perfil do reforço francês, o processo da mudança para Portugal e o jogo que virou a sua vida do avesso


A onda convulsiva na defesa do F.C. Porto fazia adivinhar mudanças. Vitor Pereira afastou Nicolás Otamendi e apostou em Eliaquim Mangala. O reforço francês, resgatado ao Standard Liège, leva já quatro partidas consecutivas ao lado de Rolando. 360 minutos. É uma face desconhecida e a merecer apresentação. 

Maisfutebol investigou, falou com quem o conhece melhor e oferece-lhe uma análise cuidada. Quem é Eliaquim Mangala? O que vale realmente? É a aposta certa para o eixo defensivo do F.C. Porto? 

O português Rolão Preto treinou-o entre 2008 e 2010 em Liège. Traça um perfil dicótomo: «o Eliaquim destaca-se dos outros porque é muito mais rápido e decidido. Um pouco à imagem do Pepe. Diria que é um jogador intratável, no bom sentido. Fortíssimo nos duelos individuais.» Há, porém, um lado lunar. «Era um jogador faltoso. Creio que algo ingénuo até. Mas possui condições fantásticas.»

Siranama Dembelé é um dos melhores amigos e treinador-adjunto no Standard. Fala com autoridade sobre «o rapaz que só pensa em futebol». «Vive futebol, come futebol. Se ele ouvir alguém a falar de futebol, vai instintivamente ter com eles.»

«Ele rezava para se mudar para o F.C. Porto»

A ideia colhe receptividade em Dembelé e Erick Mombaerts, selecionador dos sub-21 de França. Eliaquim Mangala tem um preconceito grave: «detesta jogar feio, atirar a bola para fora». O francês já arriscou uma ou outra vez em zonas proibidas. Uma característica antiga.

«Quer fazer as coisas demasiado bem. Em vez de chutar a bola, prefere sair a jogar, a fintar e a meter o companheiro em boas condições», concorda Dembelé. Mombaerts reforça a impressão. 

«Pode comprometer-se ao querer jogar bonito. Mas a qualidade de sair bem com a bola é o que faz um defesa de top. Tem qualidades atléticas excepcionais e pode melhorar o aspecto técnico.»

O F.C. Porto é, no entender de ambos, o espaço perfeito para essa consolidação. «Antes de se transferir falou comigo. Disse-lhe que o Porto é um dos oito melhores da Europa. Falámos recentemente e o Eliaquim sente-se bastante bem em Portugal. O jogo do F.C. Porto corresponde ao que fazemos nos sub-21, é muito exigente», refere Erick Mombaerts.

«Falo com o Mangala todos os dias. Antes de se mudar, no Verão, desabafou comigo. «Vou rezar para que este interesse do Porto seja verdade.» O Mangala é fã de futebol e sabe que o F.C. Porto venceu três títulos europeus nos últimos dez anos.» 

«Aplicou-se na sua transferência, foi falar com os dirigentes do Standard e recusou ir para o Valência. Estava quase tudo acertado com os espanhóis.» 

A dependência da mãe e o jogo de uma vida 

Eliaquim Mangala tinha 17 anos quando conheceu Rolão Preto. «Era médio defensivo. Vimo-lo treinar e decidimos recuá-lo para central», recorda o actual adjunto de Laszlo Boloni no PAOK. «Era um menino calmo, pouco falador, extremamente humilde e muito ligado à mãe. Aliás, na altura vivia com a senhora perto de Liège.»

Na altura de renovar o contrato com o Standard, Rolão e Boloni encontraram um obstáculo de peso. «Por ele estava tudo bem, mas tivemos de ir a casa dele falar com a mãe e convencê-la de que ficar em Liège era o melhor para o Mangala. Essa é uma imagem forte que guardo dele: a dependência da mãe.» 

Um jogo tudo mudou. Mangala passou a ser homem aos olhos de colegas, treinadores e adeptos. «O golo ao Arsenal na Liga dos Campeões confirmou as nossas melhores expectativas. Fez uma grande exibição e não saiu mais da equipa. Falta-lhe um jogo assim no F.C. Porto. Vai convencer todos, mais cedo ou mais tarde.» 

in "maisfutebol.iol.pt"

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