terça-feira, 6 de dezembro de 2011

F.C. Porto-Zenit, 0-0 (crónica)

Dragões caíram na roleta russa e seguem para a Liga Europa; Danny saiu por cima numa questão menor.


O F.C. Porto caiu na roleta russa. Despediu-se na Liga dos Campeões, onde não falhava desde 2005/06, recebendo a Liga Europa como prémio de consolação. O Dragão não saiu do nulo mas encheu-se para aplaudir a equipa de Vítor Pereira, após o apito final. Esforço reconhecido pelos adeptos.

A equipa de Vítor Pereira jogou a vida em noventa minutos. Deu tudo, é certo, mas não basta. Teve o destino nas mãos e tombou com estrondo. A derrota do Apoel colocava o primeiro lugar do grupo à distância de um mísero golo. E o F.C. Porto, que tantos marcara até então, ficou em branco.

Na fase de grupos, os dragões venceram apenas uma equipa. Dois triunfos frente ao Shakthar não chegam para uma equipa com pretensões europeias. Malafeev foi um gigante na noite fria da Invicta e Danny saiu por cima. Respondeu às provocações após o apito final, em tronco nu, de braços abertos para as bancadas, triunfantes. Bruno Alves, suplente utilizado, nem festejou.

Djalma traído pela ansiedade

O F.C. Porto entrou como devia e desperdiçou uma vantagem precoce. Djalma, a frio, não escondeu o nervosismo de um jogador de Liga convertido a aposta na Champions. Após soberbo passe de João Moutinho, o angolano perdeu tempo e acabou por rematar para espantosa defesa de Malafeev.

A formação russa apresentou-se em Portugal com um ponto de vantagem e assentou o seu jogo nessa premissa. Fez apenas um remate em toda a primeira parte, recuando linhas para suster a ofensiva azul e branca.

Danny, como esperado, foi presenteado com vaias a cada toque de bola. O português, colocado no flanco esquerdo do ataque, pareceu acusar a pressão e errou quase tudo o que fez na etapa inicial. A excepção surgiu perto do intervalo, com Danny a romper pelo centro e lançar Lazovic na direita. Rolando afastou o perigo.

James renascido ao centro

Vítor Pereira tinha de arriscar. Ao regressar das cabines, recuperou um homem de área, trocando Defour com Kléber. Para além disso, ganhou um factor de desequilíbrio. O Zenit, surpreendido, tardava em acertar na marcação a James, agora convertido a médio ofensivo. 

O colombiano aproveitou esse factor-surpresa para criar vários lances de perigo após o recomeço do encontro. Hulk desperdiçou a primeira oportunidade, procurando marcar de ângulo apertado quando tinha dois companheiros isolados ao segundo poste. Logo depois, foi James a concluir o lance, pelo centro, atirando a centímetros do ferro.

O F.C. Porto mudou de rosto. Impulsionado por um detalhe, James Rodriguez recuperou a alegria e empurrou a equipa para o seu melhor período. Ao minuto 62, o Dragão recebeu uma boa notícia do Chipre. Luiz Adriano colocava o Shakhtar em vantagem no reduto do APOEL. Com um golo, o campeões português podia chegar ao primeiro lugar do grupo! 

A equipa de Vítor Pereira tinha o futuro nas mãos. Dependia de si mesma para abandonar o último lugar do pódio, rejeitar o prémio de consolação e conquistar a liderança no acesso à próxima fase da Champions. Seria uma recta final de nervos, percebeu-se. 

Maldito Malafeev

Malafeev era o principal problema para o F.C. Porto. Pelo menos, assumiu esse papel durante uma vintena de minutos, na etapa complementar. João Moutinho viu o guardião russo voar para mais uma defesa de grande nível.

Seguir-se-ia um período de tiros nos pés. Os jogadores portistas centraram a raiva no árbitro e discutiam cada decisão do espanhol. A razão de nada valia e redundava apenas na perda de tempo que jogava a favor dos visitantes. 

James Rodriguez teve ainda uma oportunidade de ouro para entregar os milhões ao F.C. Porto mas Malafeev voltou a agigantar-se. O relógio sufocava. Varela e Belluschi em campo, Rolando transformado em ponta-de-lança, Bruno Alves já como adversário, tudo ao monte na confusão. Nervos à flor da pele, Danny picado com o banco portista, tanto e tão pouco para escrever. Acabou-se a Champions. Próximo destino: Liga Europa.

in "maisfutebol.iol.pt"

2 comentários:

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Ontem tivemos atitude, garra e lutamos pela vitória, por isso os atletas estão de parabéns.

Todavia, mais uma vez ficou evidente a falta de um goleador, que materializasse o jogo ofensivo.

Está a nu o grande erro da SAD, que além de ter perdido desportivamente Falcao, também se sabe pelo relatório e contas, que fez um péssimo encaixe financeiro, encaixe este que não permitiu contratar um goleador à altura dos pergaminhos do clube.

Taça de Portugal e Champions já se foram, com maior perda nesta última. Teremos necessariamente de vender jogadores para equilibrar o orçamento vindouro e tapar buracos deste.

Abraço

Paulo

dragao vila pouca disse...

Entrando com a atitude correcta, a que se juntou uma qualidade de jogo que ainda não tinhamos visto, a este nível de exigência, o F.C.Porto fez a sua melhor exibição da época e só não conseguiu o triunfo porque não foi eficaz e, não posso deixar de o dizer, porque Hulk, quando precisavamos dele em grande, teve uma noite apagada, longe do que pode e sabe fazer.
No mais, pressionamos, dominamos, atacamos e banalizamos uma boa equipa. Para além disso, criamos e desperdiçamos, várias oportunidades, que nos dariam uma vitória, que pelo que jogamos, era mais que justa. O que se pode dizer mais?
Era preciso atitude, tivemos atitude; era preciso dar tudo, deixar a pele em campo, demos e deixamos; era preciso jogar bem, jogamos; tinhamos de ser organizados e concentrados, fomos; tinhamos de ser criativos e diversificar, para desmontar o autocarro russo, fomos e diversificamos; quando tinhamos de arriscar tudo, arriscamos; enfim, faltou, como disse, eficácia e porque não dizê-lo, uma pontinha de sorte, que hoje não protegeu os audazes.

Quando se joga tão bem e a equipa funciona em conjunto, não apetece destacar ninguém, mas houve gente que jogou muito: Moutinho, Fernando, Rolando, Otamendi, Alvaro, James, Djalma e um Super-Maicon, a jogar a um nível que surpreendeu até os seus mais acérrimos críticos - Helton não teve que fazer; Defour esteve abaixo do que fez nos dois últimos jogos; Kléber cumpriu; Varela também; Belluschi entrou quase no fim; e de Hulk já disse tudo.
Nada a dizer de Vítor Pereira. Preparou bem o jogo, fez o que tinha a fazer. Quando é assim...

Estamos fora da Champions e naturalmente, estamos tristes e desiludidos, desanimados. Mas se é verdade que pelo que fizemos hoje merecíamos continuar, também é verdade que o que hoje sobrou no Dragão, faltou em outros jogos. Mas não vale a pena olhar para trás. O que não tem remédio, remediado está. Agora é levantar a cabeça, olhar em frente e abordar os próximos jogos da mesma maneira. Hoje fomos Porto e por isso a equipa saiu do campo aplaudida por um público que é exigente, mas justo e generoso. Amanhã temos de manter a mesma atitude, a mesma determinação e encarar os jogos da mesma forma. Os próximos adversários, Beira-Mar e Marítimo, os dois jogos que faltam antes da pausa natalícia, têm de ser vistos, tratados e trabalhados da mesma maneira que foi o Zenit. Se for assim, será mais fácil ultrapassar a tristeza e rapidamente entraremos no rumo certo. O rumo que nos levará a conseguir triunfos importantes: campeonato e Liga Europa, novamente. Porque não?

Nota-final:
O rafeiro vira-latas teve o tratamento que mereceu e só sobressaiu no final do jogo e em mais uma cachorrada.

Abraço