domingo, 8 de janeiro de 2012

O FC Porto um a um

A ESTRELA

Álvaro Pereira 7
Um lateral box-to-box

Álvaro Pereira fez tantas piscinas que, mais do que a figura, quase merecia era levar uma medalha de ouro. Incansável no seu corredor, conquistou situações de cruzamento que puseram a nu a fragilidade do FC Porto no que respeita a opções de área. Tapado pela linha de fundo e pela falta de um avançado que crescesse entre Polga e Onyewu, inventou fintas para dentro e combinações curtas que permitissem à equipa encontrar vias alternativas para a baliza. Firme no duelo com Carrillo e João Pereira, cresceu perante Izmailov quando nem Helton poderia já valer ao FC Porto. Os manuais do futebol vão ter de arranjar espaço para os laterais box-to-box.


Helton 7
Quando a equipa precisou do guarda-redes, Helton disse "presente". Elevou os níveis de concentração aos píncaros e foi enorme perante Polga (28'), primeiro, e Wolfswinkel (76'), depois. Esvaziou a dimensão dos poucos erros dos centrais e contou com a colaboração de Álvaro Pereira no único lance em que a baliza pareceu demasiado grande.

Maicon 5
O que disse antes de partir para as férias de Natal ganhou contornos proféticos durante o clássico. "Sou central", lembrou há semanas; não cumpre a lateral, confirmou ontem. Ficou nas covas perante o arranque de Matías no melhor lance dos leões, deixando vir à tona todas as limitações que vinha contornando com a disponibilidade e a entrega da praxe. Louve-se o esforço, mas o FC Porto reclama mais...

Rolando 6
Os centrais repartiram escorregadelas, mas também uma entreajuda que abafou os erros. Rolando terá sido mais bombeiro do que Otamendi, mas também ele teve lances em que perdeu o chão. Muito forte em velocidade, meteu Wolfswinkel no bolso sempre que o Sporting o lançava no espaço, mas essa sobranceria quase lhe custou caro aos 76'.

Otamendi 6
Em 90 minutos ficaram fielmente reproduzidas as suas qualidades e as suas deficiências. Autoritário nas antecipações - das quais consegue sempre sair a jogar -, sofre quando lhe pedem arranque e velocidade. Compensa com um sentido posicional raro e que lhe permitiu tirar o pão da boca a Carrillo (21') e a Wolfswinkel (26'), mas a ironia do jogo ainda lhe reservou um pouco oportuno desvio a remate de... James.

Fernando 6
Nervoso e envergonhado, enquanto teve Moutinho por perto, agigantou-se depois do intervalo. Uma metamorfose impressionante que o transformou num pivô autoritário e num construtor de jogo esclarecido. Foi ele que lançou Hulk, por exemplo, para uma flagrante ocasião aos 51'. Jogou curto e longo com uma simplicidade desarmante, ditando leis no seu raio de acção. Patrão.

João Moutinho 6
Depois de uma primeira parte em que ficou demasiado preso à tarefa de equilibrar a equipa, também ele cresceu em confiança e intensidade quando soltou amarras e subiu uns metros. Esteve perto do golo no recomeço, ganhando uma evidência que correspondeu ao protagonismo que assumiu na condução do futebol portista. Tremeu na hora de definir, deixando-se trair pela vontade de resolver.

Belluschi 6
Mais do que a qualidade do futebol que produziu, sobressaiu a sua capacidade de exercer pressão, incomodando a saída de bola leonina e empurrando a linha defensiva dos dragões para a frente. É um jogador muito agressivo sem bola, mas que não teve a objectividade desejada com ela. Ainda esboçou dois remates, tão desamparados como o destino que tiveram, na miragem de um Belluschi que fosse mais do que uma armadura de guerra.

Djalma 5
Importante muleta para Maicon, pôs um travão em Insúa e um olho em Capel. Com vistas largas, tentou causar mossa em desmarcações venenosas no espaço, mas nunca houve correspondência técnica entre o futebol que idealizava e aquele que, realmente, saía dos seus pés. Trapalhão, faltou-lhe gerir melhor o ritmo e a velocidade para dar pertinência a um esforço algo sôfrego de quem ainda tem mais olhos que barriga.

Rodríguez 6
Caído em graça, o Cebola deu razão à leitura de Vítor Pereira e confirmou que pode ser mais do que um fenómeno episódico. Arrancou um amarelo a Elias mal o jogo começou, deixando o leão alerta face à ameaça das suas arrancadas. Com Álvaro Pereira, definiu a forma de o FC Porto construir o seu futebol, mas o tempo encurtou-lhe o fulgor ofensivo, reforçando a sua capacidade de luta.

Hulk 6
Pairou sempre no ar a ameaça de que Hulk fosse dar um safanão no jogo, mas Patrício cresceu no único lance em que o brasileiro foi directo ao assunto. O Incrível foi mais um fantasma do que um susto real, perdendo-se em rodriguinhos que o confundiram mais a ele do que aos centrais do Sporting. Ineficaz nas tabelas, faltou-lhe ser mais previsível no um para um, entregando-se aos seus pontos fortes.

James Rodríguez 5
Entrou de pantufas num jogo onde todos pisavam com botas de tropa. O seu futebol virtuoso teve pouco por onde se expressar e, longe das zonas de definição, James tardou em perceber que o jogo não aconselhava os seus pezinhos de lã. A curiosidade da análise é que acabou por ser o colombiano quem mais se aproximou do golo, espreitando-o num forte remate cruzado (90') e num desvio simples que Otamendi lhe negou (90+1').

Defour 4
Teve dificuldade em entrar no registo de Belluschi. Mais macio, menos intenso, teve pouca bola, e o FC Porto ressentiu-se dessa abordagem menos esclarecida. Ora, também o belga esteve, contudo, perto da glória no tal lance que James acabou por desviar para um golo cantado que Otamendi abafou.

Kléber 3
Vítor Pereira sentia que podia ganhar o jogo e lançou uma referência para a área, libertando Hulk para um ponto de partida que o desviasse do foco das apertadas marcações de Polga e Onyewu. Kléber não teve bola para fazer a diferença na área, limitando-se a servir de tabela e a segurar os centrais leoninos. Uma tarefa que quase ia dando resultados...

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