sábado, 20 de abril de 2013

Alex Sandro exalta adaptação no Porto e lembra tempos no Brasil


Com apenas 22 anos, o lateral-esquerdo Alex Sandro já tem bastante experiência para contar. Já foi campeão pelo Atlético-PR, pelo Santos, aonde levou a Copa Libertadores, e agora é o titular absolutado do Porto, aonde teve que substituir Alvaro Pereira, da seleção uruguaia.

Neste bate-papo exclusivo com o LANCE!Net, que ocorreu dentro do centro de treinamentos do Porto, em Vila Nova de Gaia, Alex Sandro fala sobre as dificuldades em se adaptar ao futebol europeu, aonde teve que mudar algumas de suas características, sobre a responsabilidade de ser titular do atual bicampeão português. Até os tempos de Brasil e a participação nos Jogos Olímpicos de Londres fazem parte da entrevista.

Como está sua adaptação ao futebol português até agora?
Adaptação está excelente, não demorei. O maior medo do pessoal que vem é de se adaptar. Mas aqui tem a língua, comida muito boa, no clube tem vários brasileiros, isso dá conforto, isso foi essencial para se adaptar.
Alex comemora com Mangala e Fernando
No início da temporada, os dirigentes disseram que o uruguaio Alvaro Pereira seria bem substituído, que sua saída não seria uma tragédia, pois tinha você aqui. Isso dá motivação a mais?
É bom o jogador ouvir esse tipo de declaração da comissão, de diretores, dá confiança. Mas o melhor é trabalhar todos os dias com os companheiros ajudando, poder jogar, independente das vozes que vêm de fora. Se o que vier de dentro estiver bem, é melhor.

Você prestava muita atenção nele, que foi muito vencedor no Porto?
Na minha carreira, nunca quis jogar igual a ninguém. Óbvio, que ele sempre estava jogando, eu sempre olho os jogadores da minha posição, como jogam, como marcam, o que fazem de certo e errado

Quais foram as principais diferenças entre jogar no Brasil e na Europa?
O jogo na Europa é mais rápido, o toque é mais rápido, o raciocínio também. No Brasil, recebe a bola, pode ficar cinco, seis segundos com a bola, ninguém vai marcar. Aqui é sempre pressão, isso dificultou muito, e muito difícil jogar como lateral, aqui é defesa-esquerdo. Aqui, lateral, primeiramente é zagueiro, na minha cultura, que já joguei no meio-campo, sempre fui mais ofensivo. Dificultou jogar em linha, jogar taticamente, aprendi muito no Porto, estou aprendendo ainda, mas foi um suporte grande.

E em termos táticos? O Porto tem uma forma bem particular de jogar, com apenas um volante.
O Fernando é essencial, mas Lucho e João se sacrificam, pois eles criam, mas marcam muito, e os laterais não só defendem. Todos os jogos, os rivais jogam com pontas para marcar a gente. A melhor defesa é o ataque, quando eles atacam, a gente tenta atacar também. Quando os rivais vêm, eles sabem que temos grande força ofensiva, eu e Danilo aprendemos muito.

Como é a relação com a torcida?
Gosto muito da torcida do Porto, me recebeu muito bem, nunca ouvi críticas a mais, a torcida respeita a torcida. Vou no shopping, torcedor quer tirar foto e me espera comer, pede licença. No Brasil é uma muvuca, se não tira a foto, é metido, mala.

Como você vê a evolução do técnico Vítor Pereira?
Um treinador que cresceu e amadureceu dentro do clube, ganhou um bom suporte, está tendo mais confiança no todo. A gente amadureceu muito, seja o Vítor, seja a gente. Acho que quando um bom treinador sai (André Villas-Boas), com títulos, o próximo tem que fazer igual ou melhor, em todos os clubes. Comparação é de títulos, personalidade diferente, o Vítor é muito ambicioso, quando perde ou empata, ele fica muito nervoso, o vestiário parece um funeral, tenho certeza que vai ganhar muito pelo Porto.

Como vê a política do Porto de apostar em jovens de outros continentes?
O Porto, talvez seja o que melhor contrata na Europa, tem mais sul-americanos do que europeus, já tem vários jovens, se sentem à vontade, já joguei contra Iturbe (hoje emprestado ao River Plate), James em outras competições, a gente se conhece antes de chegar no Porto. Eles dão oportunidades, o importante é isso, na maioria dos clubes, eles não trabalham, o Porto lança o jogador. A gente sabe que no máximo vai levar um ano, que é adaptação, tem que ter isso. Para os jovens, a porta está aberta, tem várias pessoas para ajudar. Se me perguntasse se eu saíria, não saíria, tenho tudo aqui, o que eu preciso, eu tenho aqui, me sinto muito à vontade.

Como foi a experiência em Londres-2012?
O Santos e o Atlético-PR ainda estão na sua cabeça?
Tive uma história no Atlético, cheguei no Santos na hora certa, cheguei, ganhamos o Paulista, vieram os títulos, aonde tive mais jogos, abriram portas, vitrine grande, jovens surgindo, fiquei feliz de estar nesse meio, de ter uma passagem boa, tenho muitos amigos em todas as áreas. Foi muito bom para mim, deu um suporte muito bom, convivi com jogadores experientes, de Seleção Brasileira. Um clube que vai ser marcado para mim, daquele grupo, todos são amigos.
Olimpíada foi uma experiência muito, muito boa. Foi triste de não ter conseguido o ouro, mas às vezes o pessoal esquece que a gente é medalhista, eu me sinto orgulhoso de ter levado a prata, me sentiria mais de ter vencido o ouro, mas adorei ter levado a prata.

Já conhecia a histórica rivalidade entre Porto e Benfica?
Eu conhecia apenas por história, mas quando vim para cá, desde chegar no aeroporto já vê a rivalidade, pessoal já falava que eu tinha que ter ido para o Benfica. E mesmo entre cidades existe rivalidade, é como se fosse Corinthians e Palmeiras há 10 anos, aqui é muito grande. É gostoso jogar com essa rivalidade, são duas grandes equipes, a gente se foca no Porto, não pensa no Benfica.

Como vê a crise do Sporting?
Não sei o que acontece internamente no Sporting, mas torço para que saia da crise, que alcance objetivos maiores, tenho amigos que estão lá, não sei se é crise, mas espero que saia.


in "lancenet.br"

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