sábado, 20 de abril de 2013

'Polvo' sonha com Seleção Brasileira e liga mais competitiva


Fernando recebe série do L!Net em sua casa, fala sobre ser referência aos mais jovens, brinca com o Benfica, demonstra seu carinho pelo Porto, mas fala sobre possível saída

Carregador de piano essencial para o esquema do Porto, o volante Fernando está longe de ser um daqueles “brucutus” da posição. Aos 25 anos, e com mais de cinco na Cidade Invicta, o jogador atua de cabeça erguida, já coleciona títulos pelo Dragão, mas para conquistar seu grande sonho, vestir a camisa da Seleção Brasileira, pensa em sair.

Fernando garante que tem um carinho especial pelo Porto, e se pudesse, ficaria lá para chegar à Seleção (aliás, ele descarta atuar por Portugal). Mas ele lembra que a Liga Portuguesa não tem tanta visibilidade.

Depois de ter conseguido se firmar com a camisa tripeira, Fernando já é um espelho para os jovens que chegam na situação que ele se encontrava, dá apoio a eles. Nesta entrevista exclusiva ao LANCE!Net, concedida em sua própria casa, em Vila Nova de Gaia, cidade vizinha ao Porto, ele fala sobre os técnicos que já o comandaram, e até goza um pouco com o Benfica.

Ver um jogo do Porto parece que tem cinco Fernandos em campo...
(risos) Eu procuro trabalhar muito, sempre perguntam se eu não estou cansado, mas corro muito, estou morto. Sou o primeiro volante, tem a bola ali, se eu não for, ninguém mais vai, eu tenho que roubar, correr bastante, por isso que parece que estou em todo o lado, até me chamam de polvo.

Você se sente bem no Porto? Já é muito tempo de casa...E o Porto tem dois meias que saem muito para o jogo (João Moutinho e Lucho). Isso te sobrecarrega ainda mais?
O Alex Sandro e o Danilo ajudam bastante, eles aparecem por dentro para jogar, às vezes eu roubo a bola e eles estão ali, quanto mais alguém estiver perto, melhor, o nosso time melhorou muito com eles. Os dois já jogaram no meio, tecnicamente são muito evoluído, têm capacidade muito grande, estão dando uma dinâmica muito boa.
Eu tenho uma relação de muitos anos, o pessoal me trata muito bem, sou bem reconhecido, conheço a cidade toda, estou totalmente feliz. Já falei que tenho o desejo de jogar em uma liga mais forte, o Porto é espetacular, mas infelizmente o Campeonato Português limita um pouco. Aqui, eu tenho cinco anos de titular, mas no Brasil, poucos me conhecem, isso dificulta até uma possibilidade na Seleção.

Já existem conversas com outros clubes?
Já teve contatos. Todos os anos tenho propostas de grandes clubes, mas o Porto é excelente, consegue manter, tem cláusula alta, pronto. Só libera quando a proposta é alta. Pode ser uma possibilidade grande, como sempre surgiu proposta, deve surgir de novo, vou trabalhar muito para isso, é sempre bom ter time atrás, sinal de que o trabalho é reconhecido.

Sonha com Seleção Brasileira?
É um dos meus principais objetivos, sempre luto pela Seleção, é como eu digo. O Mano era conhecedor do Campeonato Brasileiro, tinha pouco conhecimento na Europa, então era difícil alguém como eu ser lembrado, quase impossível. Com Felipão, já tenho um pouco mais de possibilidade. Para eu ir à Seleção, tem que acompanhar, tem que olhar. Alguém como o Hulk, está fazendo gols, é mais simples.

O Porto abraça muito bem o jogador jovem?
Cheguei no Porto com 19 anos. O Porto é excelente, dão uma estrutura para o jogador excelente, o jogador chega como adolescente e tem que virar um homem, eles ajudam muito, os novos que chegam recebem assistência, eles fazem qualquer coisa, nesse aspecto, não tenho o que reclamar.


Até por essa experiência, você ajuda aos mais jovens?
Eu procuro sempre ajudar os jovens, falar do que eu passei, os que vêm, passam o que eu passei, falta de família, do convívio, e isso é normal. Vai ter que sofrer, eu falo com eles, eles perguntam, vejo que estão meio tensos, e uma hora vai passar, pode demorar, mas vai. Na primeira semana, eu liguei para o empresário e disse que não dava para ficar, mas tive força.

Na sua posição, quem é a grande referência hoje?
O melhor meio-campo é o Yaya Touré (do Manchester City), ele é um jogador fantástico, joga de cabeça erguida, marca, vai para frente, olha para onde vai tocar. Também admiro muito o Pirlo. Hoje, no Brasil, não tem tanto, caiu muito. O ataque é muito forte. Na minha posição, tinha referência, como o Dunga, hoje não tem aquele cara que está ali que é intocável.

Quem foi o seu grande treinador? No Porto você pegou três diferentes nesses cinco anos.
O Jesualdo Ferreira (hoje no Sporting) tinha uma filosofia de ensinamento, ele parava o treino, ensinava, mostrava recepção, qualquer coisa. O André Villas-Boas (hoje no Tottenham), taticamente era muito forte, tinha uma filosofia de que se perdesse a bola, tinha que recuperar logo. O Vítor Pereira é parecido, quer que cadencie às vezes. Mas quem me ensinou muito foi o Jesualdo. Pois é totalmente diferente o europeu do brasileiro, e era ele quando cheguei.


O Vítor Pereira teve muitas dificuldades, tanto por ser novato, quanto por pegar um time campeão de tudo?
Foi muito complicado para ele, teve exigência muito maior, saiu de auxiliar para ser treinador, equipe campeã, já não tinha a mesma mentalidade do time do Villas-Boas, que no ano anterior pegou todos com muita ambição. Vítor pegou todo mundo campeão, com o pensamento de acalmar. Demorou bastante, foi complicado para ele. Esse ano ele já mudou bastante, com mentalidade de vencer.

A rivalidade com o Benfica te surpreendeu?
Eu esperava menos da rivalidade, nossa! Lá no Brasil, são muito rivais, aqui eu não esperava. Vai jogar, uma semana, já para tudo, mesmo que tenha outro jogo no meio. Tem que ganhar, na rua todos falam para ganhar dos "mouros". Em 2010, eles podiam ser campeões aqui, esse era o único que não podia.

 
Mas no ano seguinte...
Fomos campeões lá dentro, até apagaram a luz no Estádio da Luz. Esse ano vai ficar para a História. Ainda goleamos eles de 5 a 0, levamos a Liga Europa, foi o melhor, e veio a história do “salão de festas” (o Porto teve repetidas vitórias importantes no Estádio da Luz, daí a gozação). Ano que vem, a Liga dos Campeões tem a final lá, é o ano bom!

Pensa em jogar pela seleção portuguesa?
Mesmo que eu ficasse aqui sempre, não está no meu pensamento. Quero trabalhar muito para a Seleção Brasileira, tenho no meu coração que posso estar lá, quero saber que lutei por isso. Creio que seja difícil pelo Campeonato Português, isso limita bastante, se estivesse na Inglaterra, Itália, Espanha... Vou buscar muito para ter a amarelinha, ali só passaram os melhores.

Pensa em voltar a jogar no Brasil?
Nunca pensei ainda em voltar para o Brasil, na infância torcia para o Palmeiras, mas por enquanto não penso, claro que a gente tem isso na cabeça, objetivo é fazer grandes campanhas aqui, chegar na Seleção alcançar os objetivos.


in "lancenet.pt"

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