sábado, 20 de dezembro de 2014

FC Porto-V. Setúbal, 4-0 (crónica)


Jogos como este parecem resolvidos à partida. Com o devido respeito pelo Vitória, um dos históricos do futebol português, há uma diferença evidente entre os candidatos ao título e equipas como esta, que lutam pela manutenção. Vitória confortável do FC Porto como desfecho natural (4-0). 

Foi, temos de reconhecer, uma prenda de natal para desembrulhar no Dragão a dois tempos - entre os 20 e 25 minutos depois e nos instantes finais. Uma embalagem de abertura fácil, pelas limitações do adversário e por erros grosseiros como o de Manu, um dos mais experientes, a cometer a grande penalidade que cavou o fosso no recinto portista. 

Relatadas as principais evidências, fica outra verdadeiramente importante: jogos como este parecem resolvidos à partida mas são relativamente traiçoeiros por isso mesmo. O cenário de favoritismo apresenta-se de tal forma perante os olhos dos jogadores que pode levar a adormecimento, a preocupante espera pelo golo que parece inevitável. 

Há tradições assim, gente que vê o embrulho mas deixa passar o tempo, até altas horas. Por vezes, até ao dia seguinte. Um retardante de prazer que, no futebol, afigura-se como fatal. 

Não era um presente envenenado 

Ora o FC Porto, pela urgência do momento (tinha de responder à derrota frente ao Benfica e assim fez), abriu a prenda às 20h50. Após uma entrada a ritmo médio/alto, não sufocante, Danilo criou o habitual desequilíbrio pelo seu flanco e cortou para dentro, a passe de Herrera. Manu cedeu à tentação e puxou o braço do lateral. 

Grande penalidade clara: oportunidade soberana ou presente envenenado? Os dragões tinham desperdiçado quatro castigos máximos em seis. Um deslize naquele momento poderia abalar a confiança já de si questionada, após o desaire caseiro frente ao Benfica. Ricardo Quaresma, de regresso ao onze, assumiu e não falhou. Segundo golo da época, primeiro na Liga. 

Quaresma foi uma das novidades de Julen Lopetegui, tal como Maicon. À frente da defesa surgiu José Campaña, uma agradável surpresa. Bom desempenho do médio defensivo emprestado pela Sampdória, face ao castigo de Casemiro. 

O Vitória de Setúbal surgia no Estádio do Dragão após quatro derrotas consecutivas, a primeira na Taça frente ao Oriental e a última na receção ao Boavista, para a Liga. Pior momento da temporada para a equipa de Domingos Paciência, que não conseguiu inverter o seu rumo na Invicta. 

Domingos mudou cinco jogadores, apostou em Diego Maurício – jogou com Danilo e Alex Sandro nos sub-20 do Brasil – após processo de recuperação de lesão mas o brasileiro ainda não é aquilo que prometia em 2011. Os sadinos, aliás, apresentam poucos argumentos para garantir um campeonato tranquilo. 

A fórmula repetida e relativamente curta 

O Vitória apresentou um plano de jogo interessante, com pressão alta sobre o adversário – procurando aproveitar fragilidades do FC Porto na primeira fase de construção, uma estratégia quem se vendo tornando habitual frente aos dragões – mas quebrou após o golo de Ricardo Quaresma. 

A equipa de Lopetegui, por outro lado, arrancou para o seu melhor período. Cinco minutos mais tarde, Hélder Cabral falhou um corte, Tello não complicou e serviu Jackson Martínez. Este, no limite do fora-de-jogo, regressou aos festejos após noite desinspirada no clássico. 

Mais uma assistência de Cristian Tello entre um festival de decisão erradas, com vários momentos de individualismo até ao intervalo. Aos 32 minutos, não serviu Quaresma em melhor posição. Aos 42, por outro lado, perdeu tempo e espaço para um remate fácil, esperando pelo adversário à procura de uma finta para dentro. Incompreensível. 

Levar como recordação a festa tardia de Brahimi 

O FC Porto chegou ao intervalo com uma vantagem de dois golos e, perante tal cenário, as probabilidades apontavam para dois cenários: a goleada ou a quebra de ritmo de jogo. O Vitória poderia relançar a partida com o 2-1, naturalmente, mas faltava-lhe um remate, por exemplo, para ambicionar a surpresa. Pouco mudou na etapa complementar. 

Ricardo Baptista negou o terceiro golo portista ao minuto 49, com uma defesa soberba a remata de Óliver, e as equipas pouco aceleraram a partir desse instante. 

O público manteve-se fiel aos dragões, regressando a casa com o desejo de um 2015 mais feliz na Liga portuguesa. Levou como brinde a festa tardia de Brahimi, lançado nos últimos minutos para um golo e nova grande penalidade. Expulsão injustificada de Ricardo Baptista e Danilo a fechar as contas, com Zequinha na baliza.


in "maisfutebol.iol.pt"

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