sexta-feira, 6 de agosto de 2010

André Villas-Boas:


A última semana de trabalho foi profícua e elevou os níveis de confiança de Villas-Boas para o clássico de amanhã (20h45). O técnico garantiu uma equipa preparada para levantar o troféu, mas procurou desvalorizar o peso desse jogo para o resto da época. Na primeira conferência de Imprensa oficial, que durou nove minutos, Villas-Boas não revelou o onze, mas comentou a saída de Bruno Alves e disse que espera receber o substituto o mais rápido possível. E ainda respondeu a José Mourinho...



No final do Torneio de Paris disse que esta seria uma semana intensa de trabalho para corrigir os erros. Foi isso que aconteceu?

Houve uma entrega e dedicação total dos jogadores, tal como tínhamos previsto, até pela influência da motivação de uma partida que todos queremos jogar. Graças a isso tivemos uma semana muito produtiva.

A equipa está pronta para a Supertaça ou precisava de mais alguns dias?

Obrigatoriamente, a equipa tem de estar pronta.

Atendendo à pré-época de ambas as equipas, faz sentido apontar um favorito?

Acho que não. Os jogos de preparação têm o valor que têm. Evidenciar o positivo e o negativo cabe ao treinador e aos jogadores, assim como trabalhar as coisas que estão menos bem. O Benfica fez o seu percurso, nós fizemos o nosso, com adversários e torneios diferentes, mas sempre com o sentido de preparar a equipa para o primeiro jogo oficial. Abordámos esses jogos na lógica de distribuição de minutos por toda a gente e a preparação dos outros não nos diz respeito. Vão defrontar-se o vencedor do campeonato e o da Taça, as duas equipas de maior prestígio do futebol nacional num jogo de cartaz forte para abrir uma época em grande.

Mas o FC Porto é ou não favorito?

O FC Porto tem que ser sempre favorito. Entrará para ganhar o troféu.

Os dois resultados negativos em Paris pesam na preparação?

Só se pesar nas vossas cabeças porque na minha não pesa. A preparação é isso mesmo: preparar a equipa para o primeiro jogo oficial. Deu-me algum gozo ver a evidenciação de uma coisa positiva numa semana e de uma negativa na outra. Os jornalistas tiram as ilações que entendem e eu, como treinador, tiro as minhas. Houve situações positivas e negativas quando ganhámos e quando perdemos. Trabalhámos sobre elas, sem fugir à análise interna, que é o mais importante.

O Rúben Micael e o Raul Meireles vão ser opções?

Ainda treinamos amanhã e, até lá, vamos analisar a disponibilidade de todos os atletas para tomar decisões. Falta um treino, há uma ideia sustentada que foi gerada na cabeça da equipa técnica ao longo da semana e a definição é feita no último dia.

Que peso poderá ter o resultado da Supertaça, a nível psicológico, para o resto da temporada?

A disputa de um troféu é sempre importante e vamos entrar, obviamente, para ganhar. Após a partida, tiraremos todas as ilações. A equipa está forte, a habituar-se a uma nova ideia, a um novo líder e a uma nova forma de trabalhar. Isso são coisas que requerem tempo e, mais tarde ou mais cedo, ou até já, as coisas estarão no caminho certo. Encaramos este jogo com a certeza de que estamos preparados para o vencer.

"Continuaremos a rir das desconfianças..."

No final do Torneio de Paris, Villas-Boas admitiu alguns erros defensivos na equipa, que seriam trabalhados esta semana para preparar um conjunto capaz de responder a algumas desconfianças geradas em torno da equipa e do seu trabalho. O técnico aproveitou o tema para criticar algumas notícias e assegurou que se respira confiança no grupo, mesmo com duas derrotas seguidas a fechar a pré-época. "Desconfiança só se for a gerada por alguns órgãos de Comunicação Social. A confiança está toda do nosso lado, a desconfiança são vocês que a querem para entreter. E se assim é, continuaremos a rir dessa desconfiança."

"Opinião de Mourinho não me preocupa"

Tema incontornável na primeira conferência de Imprensa de Villas-Boas: as declarações de José Mourinho na entrevista ao jornal "Record" (reproduzidas na caixa aqui ao lado), nas quais o agora treinador do Real Madrid deixou subentendida a surpresa com a contratação do seu antigo observador para o cargo de técnico principal do FC Porto, colocando mesmo em causa a experiência do jovem treinador. Convidado a reagir, Villas-Boas relativizou o tema, dizendo que a diferença entre ambos no banco não é significativa. "Não sei quantos jogos é que ele fez entre Leiria e Benfica antes de chegar ao FC Porto, mas penso que ou temos os mesmos ou ele tem mais quatro ou cinco", referiu, garantindo ainda que as declarações de José Mourinho não o preocupam. "É a opinião dele e conta tanto como a dos outros", frisou. O JOGO fez as contas e só há um jogo, a favor do Special One, a distanciar os dois jovens técnicos no percurso que antecedeu a chegada ao Dragão.


José Mourinho fez questão de dizer que não faz sentido dizer que Villas-Boas é seu discípulo ou que procura espelhar-se no seu trabalho. O actual técnico portista aproveitou, também, para separar as águas, reafirmando-se muito diferente do agora treinador do Real Madrid. "Finalmente ele concorda com uma coisa que tenho dito. Desde que voltei a Portugal, a 14 de Outubro, e deixei aquela equipa técnica que não tenho feito outra coisa que não afastar-me da clonagem feita por vocês ao José Mourinho", referiu, sustentando a sua opinião: "Não temos o mesmo carácter, não temos a mesma personalidade e temos formas diferentes de comunicar e de trabalhar. Finalmente que fala a voz de José Mourinho para termos mais algum sustento nessa afirmação", atirou.

Declaração de Mourinho que motivou a resposta

"Costumo dizer que no futebol já nada me surpreende. Se o FC Porto achou que ele era o treinador indicado, porque não há-de ser? Os resultados é que determinam sempre se as decisões tomadas são as mais ou as menos correctas. Muitos podem perguntar porque é que escolheram alguém que nunca foi treinador na vida, a não ser nestes dois ou três meses na Académica. Tudo vai depender dos jogos e dos resultados. Se ganhar tudo é o treinador perfeito. Agora não venham fazer comparações comigo, porque eu quando fui para o FC Porto já tinha trabalho de campo feito, o que é bastante diferente. E ainda assim puseram-me muitos pontos de interrogação. Os resultados que consegui é que acabaram por dar razão à opção feita pelo presidente do FC Porto."

"Não há falta de liderança no balneário"

A saída de Bruno Alves era inevitável. O central já assinou pelo Zenit e o FC Porto além de ter ficado sem central titular, perdeu um dos capitães de equipa. Ainda assim, Villas-Boas garantiu que o balneário não vai ficar mais frágil. "Não vejo que haja falta de liderança porque o clube e a equipa técnica definem sempre quatro capitães para a época. Neste momento, transitam dois da época passada [Raul Meireles e Mariano] e perdemos dois: Nuno e Bruno Alves. Portanto, há dois definidos e dois por definir. A voz de liderança está sempre presente e essa é a força do próprio clube", assegurou, aplicando o mesmo princípio para dentro das quatro linhas.


Pergunta O JOGO


Está definido o perfil do substituto de Bruno Alves?

O perfil está estabelecido há muito tempo. A análise do mercado é da responsabilidade da estrutura técnica e do gabinete de prospecção. Há nomes referenciados e, a partir do momento em que se entrar numa negociação, analisaremos tudo ao pormenor para ver qual será a hipótese mais viável, desde que garanta a máxima qualidade. Espero que o assunto seja resolvido o mais rápido possível.

in "ojogo.pt"

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