sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Álvaro Pereira, foguete sem sombra

É convicção geral que esta temporada André Villas Boas herdou e/ou criou o grupo mais competitivo, no plano interno, que o FC Porto agregou nos últimos anos, percebendo-se com extrema facilidade que só mesmo à esquerda da defesa não há essa competitividade que Villas Boas faz gala em acentuar prazenteiramente.

Helton será o outro quase inquestionável, porque Beto mantém-no permanentemente em sentido, mas, depois, não há quem possa respirar ou facilitar minimanente: o suporte defensivo é amplo, a luta no meio-campo é praticamente ombro a ombro, com pelo menos seis homens de calibre sem descanso, tal a qualidade e diversidade do miolo; na frente panorama também diverso, extenso e elevado em número e qualidade.

Há, claro que há, uma primeira base, e Villas Boas já utilizou 22 jogadores nos seis primeiros jogos oficiais, dois onzes mas com clara predominância de uma flagrante maioria. Mas se há lugar sagrado, inquestionável e sem 'sombra' convincente, é precisamente na esquerda, onde Emídio Rafael dificilmente se coloca como adversário real nas competições prioritárias, embora com utilização prevista nas provas secundárias, sem esquecer que “Palito” na temporada de estreia, pulverizou todas as marcas de utilização, com 46 jogos e mais de quatro mil minutos nas competições de clubes, a que se somaram mais sete jogos pela selecção uruguaia...

Evocar “Palito” e esta situação rara no actual panorama do plantel portista vem à mão precisamente porque foi frente ao Sp. Braga e naquela célebre goleada por 5-1 que Álvaro Pereira marcou o seu único golo em Portugal, bem vistas as coisas um golo que valeu... por muitos, um violento e inesperado foguete a bons 35 metros da baliza de Eduardo, seguramente um dos grandes golos da última Liga e que, por sinal, levantou ou remexeu também a estranheza de o verem tão pouco rematador, mesmo sendo a função defensiva e a de municiamento as suas prioridades.

Mas o facto é que o 'Palito' que veio para a Europa tem outras obrigações, notoriamente mais defensivas, e assim se explica por que só marcou um golo pelo FC Porto e outro pelo Cluj, quando, na sua carreira sul-americana, designadamente Quilmes, Argentinos e selecção, soma 17. Mas, na verdade, jogava sempre do meio-campo para a frente...

in "abola.pt"

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