domingo, 17 de outubro de 2010

Plano b também já tem quem resolva


Tudo nos conformes: era suposto que o jogo fosse uma festa, e foi; era previsível que o FC Porto ganhasse, e ganhou; era obrigatório que as segundas escolhas de Villas-Boas dessem sinais de que podem ser alternativas válidas ao onze do costume, e deram.

Walter, por exemplo, deu três fortíssimos sinais. Os golos fizeram dele protagonista óbvio, mesmo que a diferença de forças entre as duas equipas aconselhe a conclusões contidas. Mas houve mais. De uma só vez, houve três caras novas (Sereno, Emídio Rafael e James) apresentadas a um estádio quase cheio, a comprovar que preços convidativos são isso mesmo: um convite irresistível.

Finalmente, houve também, sem os dramas e as reviravoltas das grandes surpresas, o lado romântico da Taça, espelhado no golo de um Limianos já em inferioridade numérica. Esse tornar-se-ia, aliás, num momento de catarse colectiva, com unanimidade de aplausos nas bancadas. Pouco depois a claque do FC Porto juntou-se à festa num sonoro tributo ao Limianos e aos milhares de adeptos que pintaram o Dragão de amarelo. Aplausos a isso, pois claro.

Arrumado o lado sentimental, sobra um enredo simples. Como se previa, Villas-Boas transformou o relvado num laboratório de experiências e as caras novas deste "plano B" não mudaram muito a identidade. O FC Porto manteve a forma, arrumando-se no 4x3x3 do costume, e apresentou conteúdo suficiente para assumir o controlo de jogo. Walter fez o favor de evitar ataques de ansiedade, com um golo fácil e obrigatório que castigou uma desatenção defensiva do Limianos.

Apanhando-se em vantagem quando o adversário ainda se adaptava à dimensão real do palco - com duas linhas defensivas muito próximas, as incursões de ataque do Limianos começaram por ser aventuras muito cansativas -, os portistas passaram a controlar o jogo sem carregar muito. Carregavam apenas o suficiente para mostrar que tinham as coisas controladas, beneficiando de alguns arranques de Hulk para espevitar emoções. Do outro lado era Pedro Tiba quem animava, expondo Sapunaru a alguns embaraços. Daí resultava um equilíbrio inconsequente, que parecia destinado a prolongar-se até ao intervalo. Não se prolongou, porque um arranque de Emídio Rafael abanou esse aparente pacto de não agressão, com Varela a completar a maldade, mesmo em cima do intervalo.

A segunda parte arrancava assim, com uma vantagem mais do que confortável para o FC Porto. O desfecho parecia definitivo com a expulsão de Zé Manel e, na sequência da falta que a originou, com o segundo golo de Walter. Adivinhava-se uma ponta final ainda mais desnivelada. Villas-Boas aproveitou, então, para testar uma fórmula nova: abdicou de Sapunaru e Varela, apostando em Ukra e James. Desenhava-se um 3x4x3, que acabaria encravado quase no minuto seguinte. O golo de Pedro Tiba obrigou o treinador a repensar a estratégia, optando por um reajuste táctico mais clássico.

Em todo o caso, James mexeu consideravelmente com o ritmo. E até marcou, um golo acabaria por ser (mal) anulado. Ukra, James, Hulk, Walter e um Rúben Micael mais solto tornaram o FC Porto - em vantagem numérica, é preciso recordar... - ainda mais acutilante. Por estranho que possa parecer, o Limianos também estava desinibido.

Já no último fôlego, Walter voltaria a encontrar o caminho certo da baliza. Demorou, mas o brasileiro explodiu tudo de uma vez. Será que também ele é fã da teoria de Cristiano Ronaldo, segundo a qual os golos são como o Ketchup? Ontem, não houve um, nem dois. Foram logo três de uma vez.

in "ojogo.pt"

1 comentário:

Rui Anjos (Dragaopentacampeao) disse...

Jogo conseguido frente ao um frágil adversário que teve um comportamento muito digno, merecendo por isso o golo de honra.

A ânsia de ver alguns dos novos reforços foi de algum modo satisfeita, já que AVB, optou e bem por fazer descansar quase todos os habituais titulares.

James foi para mim o mais prometedor, apesar do pouco tempo que teve para se mostrar. Demonstrou qualidades que o podem lançar num ápice para a equipa principal, ou pelo menos, ter uma utilização mais constante.

Apesar dos 3 golos marcados, Walter pareceu-me pouco móvel mas oportunista e com faro de golo. Beneficiou de uma defesa macia que lhe deu tempo para, em dois golos, receber a bola algo defeituosamente, corrigir o posicionamento e disparar para as redes.

Rafa começou muito irregular, a falhar muitos passes, mas com o decorrer do jogo foi acertando.

Os outros pouco mostraram. Esperava um pouco mais, atendendo à modéstia do adversário.

Um abraço

PS: novo endereço - http://dragaopentacampeao2.blogspot.com/