quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dominar, desperdiçar e depois sofrer e sofrer

Foi uma eliminatória tirada a ferros por um FC Porto que foi mais competente em todos os domínios menos no da eficácia. Acabou com o credo na boca frente a um Sevilha que, na segunda parte, marcou um golo por Luís Fabiano e depois meteu todos os avançados que tinha trazido da Andaluzia. Acabaram por prevalecer os dois golos marcados pela equipa portuguesa em Sevilha e o FC Porto irá agora defrontar o CSKA de Moscovo nos oitavos-de-final da Liga Europa.

No jogo da primeira mão, o FC Porto tinha conseguido um resultado que foi melhor do que a exibição. Criou três oportunidades e marcou dois golos, num confronto em que os sevilhanos só aproveitaram uma das oito boas situações que criaram. Esta quarta-feira, mais do que o inverso, aconteceu algo de verdadeiramente raro, com o FC Porto a ter um desperdício absolutamente escandaloso. Na primeira parte, foi compacto e criou e desperdiçou quatro boas chances. No segundo tempo, principalmente na fase mais louca do jogo, em que tinha de lidar com um adversário a jogar no risco máximo e com uma defesa de apenas três homens, o FC Porto teve mais de dez oportunidades para bater o guarda-redes Varas, inesperadamente transformado na grande figura do jogo.

O jogo acabou por dar razão a André Villas-Boas, quando alertou para a necessidade de não se considerar a eliminatória prematuramente decidida. Isto em função da qualidade do plantel sevilhano, que custa mais do dobro do orçamento do FC Porto. A 31 pontos do líder Barcelona na liga espanhola, em sérios riscos de falhar o apuramento para a Champions, que era o seu grande objectivo, e já afastado da Taça do Rei, o Sevilha tinha colocado todas as suas fichas na Liga Europa.

O rastilho inicial do Sevilha durou dez minutos, período inicial em que se viu um jogo vivo e intenso e uma boa oportunidade desperdiçada por Kanouté, após assistência de Negredo, que surgiu no lugar de Luís Fabiano. A partir daí, o FC Porto fez um exercício muito profissional, tomando primeiro o controlo do jogo, à custa de um triângulo no miolo que levava sistematicamente a melhor sobre Zokora (voltou à equipa, deixando de fora o chileno Medel) e Rakitic. Belluschi começou então a mostrar todo o seu reportório, enquanto as transições rápidas funcionavam em função de Hulk, que por várias vezes instalou o caos na defesa andaluza, voltando a ficar provado que é um jogador claramente mais desequilibrante quando não tem de fazer de Falcao, finalmente de regresso e autor de uma bola à barra.

A segunda parte recomeçou com uma ameaça de Negredo, mas tudo voltou de imediato à normalidade, com o FC Porto sempre mais sólido, mas a criar e... a desperdiçar. Gregório Manzano decidiu então que era a hora de arriscar, meteu Luís Fabiano e assumiu uma defesa com apenas três homens. E o ex-portista foi, finalmente, feliz no Dragão, precisando de apenas 15 minutos para marcar, num lance em que foi bem assistido por Negredo e beneficiou da falta de ritmo do também regressado Álvaro Pereira. No minuto seguinte, o lateral portista viu o segundo amarelo e Vilas-Boas recompôs a organização com as entradas de Sapunaru e Guarín para os lugares de Moutinho e Falcao (Fucile passou para a esquerda). Foram apenas cinco minutos em inferioridade numérica, porque, logo a seguir, Alexis também foi expulso.

Com apenas dois verdadeiros defesas em campo, o Sevilha passou por uma série de situações aflitivas, principalmente após meter mais um avançado (Rodri). Os sevilhanos massacravam, massacravam, mas quem estava sempre mais perto de marcar eram Varela, Guarín e Hulk, que só à sua conta podia ter enchido o saco. O FC Porto aguentou e passou, mas já vai na terceira derrota em 2011, todas no Dragão...


in "publico-pt"

1 comentário:

Rui Anjos (Dragaopentacampeao) disse...

Jogar para a goleada e acabar perdendo. Esta frase sintetiza o que se passou ontem no Dragão.

Tanto golo falhado! Estamos nos oitavos, como ambicionávamos, com todo o mérito, diga-se.

Agora toca-nos o CSKA de Moscovo.

Vamos lá a afinar a pontaria para continuarmos a sonhar em Dublin.

Um abraço