terça-feira, 5 de abril de 2011

Entrevista a Castro: «Villas-Boas é um espectáculo»

Há um campeão do F.C. Porto nas Astúrias. E teve um fim-de-semana absolutamente perfeito. André Castro está emprestado ao Sp. Gijón e antes de ver o seu clube a vencer autoritariamente na Luz, ainda teve o descaramento de acabar com um recorde de nove anos de José Mourinho, ao derrotar o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu.

Castro fez 15 minutos contra o Portimonense no campeonato e jogou em mais cinco partidas oficias pelo F.C. Porto esta época. Sente-se «campeão de corpo inteiro» e nunca duvidou que o título viria parar ao Dragão.

«Entrámos muito fortes esta época. Mostrámos desde o início que temos, de facto a melhor equipa. Não me surpreendeu nada, por isso, que o F.C. Porto tenha sido campeão esta época», diz Castro ao Maisfutebol, poucas horas depois da apoteose azul e branca.

«Foi o final perfeito de uma grande campanha na Liga. Diria que a equipa conseguiu uma vitória à Porto. Falei com todos os meus colegas logo depois do jogo da Luz e estavam doidos de alegria. Mantenho uma ligação muito forte com todos eles.»

«Villas-Boas deixou-me uma mensagem muito bonita»

Não é preciso complicar. A procura pelas razões do sucesso do F.C. Porto pode ficar por aqui. Castro ajuda, e muito, a perceber como se vive no balneário dos novos campeões nacionais. E há um nome a merecer os elogios mais rasgados: André Villas-Boas.

«É um privilégio trabalhar com ele. O Villas-Boas é um espectáculo. Mesmo quando não jogamos temos de reconhecer a qualidade do técnico. É este o caso. O mister é um prolongamento dos jogadores, é quase mais um de nós. Valoriza todos os jogadores, trabalha com uma alegria incrível e tem sempre uma palavra amiga», explica Castro.

A despedida do Dragão está, aliás, gravada na memória do médio de 23 anos. «Falou comigo e deixou-me uma mensagem muito bonita. Sinto que confia em mim e por isso temos vindo a falar com regularidade. Entendemos que o melhor era eu sair para jogar regularmente. Estávamos ambos certos.»

«O Porto tem o segundo melhor meio-campo da Europa»

A vida obriga-nos a tomar decisões difíceis. Aceitar a urgência de um passo atrás, na expectativa de dar dois em frente logo depois. Castro percebeu essa necessidade. Fernando, Guarín, João Moutinho, Belluschi, Rúben Micael, Souza. Nomes a mais para um meio-campo com uma densidade qualitativa anormal.

«O F.C. Porto tem o segundo melhor meio-campo da Europa. Só o Barcelona tem tantos e tão bons jogadores. Reconheço isso e por isso acho que fiz bem em maturar no Sp. Gijón. No final da época espero regressar ao meu clube. Se não for este Verão, será no próximo, com certeza.»

Afrontar um colosso, golpeá-lo cirurgicamente e sair vivo da querela. Não é para todos. O Sp. Gijón conseguiu-o no último sábado. Silenciou as ambições do Real Madrid no campeonato e interrompeu um ciclo heróico de José Mourinho: nove anos sem perder em casa. Na força rebelde estava um português. Castro conta ao Maisfutebol tudo sobre a noite épica no Santiago Bernabéu.

«Nem nos meus melhores sonhos acreditava ser possível vencer», confessa o atleta emprestado pelo F.C. Porto. «Entrei no relvado, olhei em volta e percebi que era o estádio mais bonito onde já joguei. Intimida. Estava ansioso no início, não toquei muitas vezes na bola, mas saí satisfeito. Tivemos alguma sorte, é verdade. Foi uma vitória incrível.»

Nos balneários, quando se preparava para o duche retemperador, Castro teve uma surpresa. «O José Mourinho entrou e fez questão de nos cumprimentar um a um. Teve uma grande atitude. Todos nós ficámos perplexos, pois ele tinha praticamente acabado de perder o título espanhol.»

Para o compatriota houve um tratamento especial. «Quando me viu fez questão de me dar os parabéns pela minha exibição e perguntou-me se estava a gostar de jogar em Espanha. Depois disse-me que eu tinha feito muito bem em ir para a liga espanhola. Fiquei orgulhoso porque ele é o melhor treinador do mundo», sublinha Castro.

No relvado, Castro até teve tempo para observar com atenção as estrelas merengues. Sem o lesionado Cristiano Ronaldo, dois outros atletas impressionaram o português. «Gostei muito do Diarra e do Di María. Fizeram um grande jogo. O Ricardo Carvalho, que admiro há muitos anos, também esteve bastante bem.»

«A experiência em Gijón não podia ser melhor»

Os números são à prova de especulação. E dão razão a Castro na opção pelo histórico Sp. Gijón. Nove presenças no campeonato, dois golos, 600 minutos em cerca de três meses. Castro, de resto, ainda não perdeu com a camisola asturiana. Cinco vitórias e quatro empates, com o Barcelona e o Real Madrid a fazerem parte do rol de vítimas.

«Não podia estar a correr melhor. Tenho jogado sempre, já marquei duas vezes e adoro o clube. Na cidade de Gijón as pessoas são todas do Sporting. O estádio está sempre cheio e o centro de estágio é muito bom. Estou feliz.»

A excelente época em Espanha amplia os horizontes de Castro. O médio emprestado pelo F.C. Porto começa a pensar em voos mais altos. A selecção principal, por exemplo, começa a ser um objectivo mais definido, como confessa o atleta de 23 anos ao Maisfutebol.

«Acho que uma chamada à selecção A já não está longe. Estou a jogar com regularidade na melhor liga do mundo e sei que o Paulo Bento é um treinador atento», explica o jogador, internacional em vários escalões jovens.

Castro não conhece Paulo Bento pessoalmente, embora tenha «as melhores referências», e pretende convencer rapidamente o seleccionador. Isto, apesar do leque de opções muito alargado existente para o meio-campo da Selecção Nacional.

«Euro-2012? Mundial-2014? Sinceramente, quanto mais cedo eu for chamado, melhor. Seria um prazer enorme poder chegar à equipa de todos os portugueses, até por que tenho um percurso muito grande nos escalões de formação. Vamos ver o que acontece. Já fui aos sub-23, falta dar mais um passo.»

in "maisfutebol.iol.pt"

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