quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Poker" de Falcao inspira FC Porto

FC Porto 5-1 Villarreal CF
Uma segunda parte demolidora e quatro golos de Radamel Falcao colocaram os "dragões" perto da final.



O FC Porto deu um passo de gigante rumo à presença na final da UEFA Europa League, com os "dragões" a recuperarem de uma desvantagem ao intervalo para baterem no Estádio do Dragão o Villarreal CF, por 5-1, em partida referente à primeira mão das meias-finais. Falcao assinou um "poker" e igualou o recorde de 15 golos numa única edição da Taça UEFA/Europa League, na posse do alemão Jürgen Klinsmann.
O embate entre as duas equipas mais concretizadoras da prova começou por prometer isso mesmo: muitos golos. Diego López, guarda-redes do Villarreal, foi obrigado a uma intervenção de risco logo aos vinte segundos, quando desviou um cruzamento do lado esquerdo do ataque portista, antes de Nilmar ficar muito perto de colocar os visitantes em vantagem no marcador, decorria o minuto sete. Cani desmarcou o avançado brasileiro com um passe soberbo para as costas do último reduto portista, valendo aos "dragões" a providencial defesa de Helton para canto.
O arranque frenético foi, contudo, dando lugar a um ritmo mais pausado e a um equilíbrio de forças a meio-campo, sendo precisar esperar até aos 28 minutos por novo lance de perigo e mais uma vez para o "submarino amarelo". Borja Valero tentou solicitar a desmarcação de Nilmar, mas foi o oportuno Guiseppe Rossi quem quase aproveitou o lance para facturar, com o italiano a conseguir ultrapassar Helton, mas a ver Rolando cortar de carrinho para canto quando a bola já levava a direcção da baliza.
A resposta do FC Porto surgiu três minutos volvidos e só não resultou no 1-0 porque o remate rasteiro de Hulk, desferido à entrada da área espanhola, saiu a rasar o poste. Rossi atirou por cima da barra à boca da baliza quase logo de seguida, mas, depois de várias ameaças, o Villarreal acabou mesmo por marcar no último minuto da primeira parte. Nilmar apareceu solto na direita e cruzou na perfeição para o desvio de cabeça de Cani.
O Villarreal tinha motivos de sobra para sorrir ao intervalo, mas o regresso dos balneários tratou de mudar esse estado de espírito, já que o FC Porto logrou restabelecer a igualdade com apenas quatro minutos decorridos. Fredy Guarín assistiu Falcao na área espanhola e o dianteiro colombiano foi derrubado por Diego López, que tinha saído da baliza para tentar o desarme. O melhor marcador da Europa League confirmou esse estatuto e não falhou a conversão da correspondente grande penalidade.
O tento galvanizou a equipa da casa, perante um adversário cada vez mais incapaz de sair do seu meio-campo. O domínio "azul-branco" crescia à medida que o cronómetro ia avançando e foi sem grande surpresa que Guarín fez o 2-1 aos 61 minutos. O internacional colombiano avançou no terreno e apareceu em zona de finalização já no interior da área contrária, descaído para a direita, tirando um adversário da frente antes de rematar com violência ao poste. A infelicidade transformou-se de imediato em festejos, já que a bola sobrou para o mesmo Guarín, que desta vez não perdoou na recarga de cabeça.
Encostado às cordas, o Villarreal não conseguiu reagir e acabou mesmo por sofrer um terceiro golo aos 67 minutos. Hulk conduziu um rápido contra-ataque pelo lado direito e fez tudo bem, fintando um adversário e oferecendo o golo de bandeja ao inevitável Falcao. O vendaval portista não parou por aí e Falcao voltou a fazer das suas aos 75 e aos 90 minutos, primeiro correspondendo de cabeça a um livre de Guarín e depois fazendo o mesmo numa solicitação de James Rodríguez. Estava selado o seu primeiro "poker" com a camisola do FC Porto e garantida uma vitória que coloca os "dragões" com um pé e meio na tão ambicionada final de Dublin.

1 comentário:

dragao vila pouca disse...

Eu vi, meus amigos, eu sou um dos 44.719 espectadores que viram ao vivo e a cores, mais uma noite fantástica, inesquecível, para guardar no cantinho das melhores recordações desportivas.
Eu vi, meus amigos, um Porto esmagador, com uma segunda-parte de qualidade superior, do melhor que tenho visto e eu já vi muita coisa linda!
Eu vi, meus caros amigos, um grande espectáculo, digno de uma meia-final de Champions e que reduziu à vulgaridade o Real/Barça de ontem.

Eu vi, meus amigos, muitos e bons jogadores; golos de bandeira; mais uma reviravolta notável; um Falcao do outro mundo e a conseguir um poker para a história.
Mas também vi uma primeira-parte equilibrada, bola cá, bola lá, um Porto tenso, nervoso, precipitado até, talvez a acusar a responsabilidade de um favoritismo enganador.
Vi, também, nos primeiros 45 minutos, um Villarreal de qualidade, criativo e bom de bola a meio-campo, com avançados acima da média, rápidos a aparecerem nas costas dos defesas e em diagonais perigosíssimas.
Na segunda-parte, tudo que vi foi diferente. Só deu Porto. Um Porto de sonho e à procura do sonho, diabólico, esmagador, contundente, demolidor e uma grande equipa, conhecida pelo submarino amarelo, reduzida à vulgaridade de um "barquito fatela" e a meter água por todos os lados.
Mas o que esteve na origem de tamanha mudança? Nada de transcendente... Mais e melhor pressão, médios mais subidos, mais rápidos, a pegarem mais à frente e a servirem melhor o tridente ofensivo. Enquanto o F.C.Porto subia o Villarreal descia, o seu meio-campo teve menos espaço para jogar, deixou de ter tempo para pensar, executar, servir nas melhores condições os avançados e a defesa mais apertada vacilou, abanou e caiu por cinco vezes.

Hulk e Rodríguez, com ajuda precisosa de Álvaro mais e Sapunaru menos, colocaram o dinamite e o matador do momento, a voar entre os centrais, acendeu o rastilho por quatro vezes, detonou o submarino e recolheu os despojos.

Homem do jogo R.Falcao, numa equipa que nos mata de orgulho. Grande treinador - não me lembro de um treinador que tenha uma percentagem tão grande, em mudar para ganhar. Muitas vezes com substituições, mas também com o discurso, que muda o estado de espírito e faz autênticos milagres.
Dublin está muito próximo, mas não está garantido. Humildade, concentração, muita alma e raça, muito respeito pelo Villarreal, que é, ninguém duvide, uma equipa de grande qualidade. Se for assim, se formos iguais a nós próximos, o sonho de mais uma final será concretizado.

Nota final: estranhei tão poucos adeptos espanhóis no Dragão, mas vim a saber que se enganaram, foram para a Luz e festejaram exuberantemente o golo da sua equipa.

Um abraço