quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um susto acaba com os soluços


Há quem garanta que não há nada melhor do que um bom susto para acabar com um ataque de soluços. É capaz de ser verdade: o FC Porto respondeu bem a um erro assustador de Helton, soube reagir ao futebol soluçante que lhe encravou os primeiros passos e, somadas essas virtudes, garantiu uma entrada de pé direito na Liga dos Campeões. Na verdade, até foi de pé esquerdo. O de Hulk, a embalar um livre-bomba capaz de devolver a serenidade a uma equipa que, até aí, já tinha falhado um penálti, sofrido um golo e andava de cabelos em pé com algumas intervenções do árbitro. Carimbado o empate num remate soberbo, os portistas garantiram uma pausa para respirar e, então sim, recuperaram fôlego para dar resposta a um Shakhtar que, de início, soube misturar o sangue quente do talento sul-americano e uma frieza defensiva, com o seu quê de provocador, que contava fazer explodir a paciência ao ataque do FC Porto. Não houve tempo para isso.
Como se previa, Vítor Pereira não prescindiu da robustez de Fernando, mas reservou uma surpresa para o meio: sacrificou Belluschi e preferiu Defour. Uma conjugação que não perdia em lógica, embora pecasse pela falta de rodagem desse trio, que acabou enredado na teia de Lucescu. Fernandinho, Mkhitaryan, Willian e Eduardo enclausuravam o jogo de Moutinho e Defour, precisamente no ponto que o treinador dos ucranianos considerara nuclear, e ainda sobrava Jadson para atrapalhar Fernando. Faltava à zona central do jogo portista um apoio mais efectivo de Fucile e Álvaro Pereira, por exemplo, para ajudar a abrir o jogo e fugir desse labirinto. James também demorou um pouco a entrar no ritmo certo, ainda que tenha sido ele a arrancar o penálti que Hulk desperdiçou. Guarda-redes para um lado e bola para o outro, em cheio no poste. Enfim, galo.
Depois do galo, o frango. Praticamente na resposta ao penálti, Willian ensaiou um remate que Helton encaixou, antes de, inexplicavelmente, deixar a bola deslizar e ficar na ponta do pé de Luiz Adriano. A resposta portista continuava encravada e o Shakhtar, aproveitando alguma intranquilidade defensiva da dupla Otamendi-Maicon (apenas o sexto jogo como dupla titular...), deixou novo aviso: Rakitskiy queimou as luvas de Helton e do canto haveria de resultar um golo anulado aos ucranianos. Se era mesmo um aviso, funcionou, porque daí ao golaço de Hulk foi um instante.
Mais tranquilo, já com Álvaro Pereira "em jogo", o FC Porto ganhou serenidade, até porque Moutinho e Defour começavam a encontrar espaços. É verdade que ameaçava mais de bola parada, mas começava a controlar o ritmo e acabaria por beneficiar de uma entrada duríssima de Rakitskiy sobre Moutinho. O central não só viu o vermelho como ainda levou um valente puxão de orelhas do seu treinador.
Lucescu teve de improvisar para jogar com dez e o golo de Kléber, a abrir a segunda parte, colocou um ponto final quase definitivo no assunto. A entrada de Belluschi mais não fez do que acentuar a aposta na posse de bola (FC Porto terminou com uns asfixiantes 61%...), embora tenha sido uma posse inconsequente. É bonito ver a bola de pé para pé, mas convém encontrar uma saída para essa circulação. Não foi o caso, mas também não foi preciso, e nos últimos dez minutos o Shakhtar ainda perdeu Chygrynskiy por expulsão.
O resultado estava feito: pode até ser magro, mas o que dele resulta é bem confortável...


Arbitragem

Grande dúvida

O Dragão caiu-lhe em cima com uma assobiadela por ignorar um contacto que pareceu faltoso, na área, de Mikhitaryan sobre Hulk, aos 31'. E também por umas quantas decisões discutíveis quanto a outras faltas. Pareceu ajuizar bem o penálti marcado, assim como as expulsões. Lucescu não gostou...

in "ojogo.pt"

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