terça-feira, 13 de setembro de 2011

Vítor Pereira: o abraço de Kléber e o «frango» de Helton

Técnico do F.C. Porto elogia o avançado brasileiro e lembra que o erro de Helton só não tem explicação para quem não conhece o futebol

Helton ficou mal na fotografia no lance do golo do Shakhtar, mas o Dragão perdoou de imediato o guarda-redes portista. Kléber marcou e abraçou, de imediato, o seu treinador. Foram duas das peripécias do jogo com o Shakhtar, que Vítor Pereira comentou, na sala de imprensa:

«O abraço do Kléber foi uma manifestação espontânea de um jogador que tem trabalhado muito, que tem muita qualidade, que é um jovem que vai evoluir para níveis superiores e que sentiu naquele momento que a confiança mútua merecia aquele abraço. É uma cumplicidade fruto de quem trabalha para um objectivo colectivo, de quem dá tudo o que tem e merece as oportunidades que tem disputado. Fiquei feliz pelo golo e satisfeitíssimo.»

[Sobre o «frango» de Helton:] «Houve logo um perdão da parte do público, da parte da equipa e de toda a gente. Sabemos o profissional e o grande guarda-redes que ele é. Só quem não está por dentro deste fenómeno não entende este momento infeliz. A resposta da equipa é a prova evidente de que estamos unidos, fortes e confiantes e que vamos sofrer como equipa e ganhar como equipa. O Hulk também foi infeliz no penalty, mas não é qualquer equipa que depois de falhar um penalty e de sofrer um golo daqueles dá a resposta que o F.C. Porto deu contra uma equipa com a dimensão do Shakhtar.»


«O meu papel é não estragar o talento que tenho em mãos»

Vítor Pereira sintetiza qual é, para si, a missão de um treinador: conduzir jogadores e deixá-los crescer.


Na conferência de imprensa de rescaldo do F.C. Porto-Shakhtar Donetsk (2-1), foi perguntado ao técnico dos dragões, Vítor Pereira, qual o momento que definiu para a equipa estar no momento mais alto de forma. O treinador respondeu que é um tema que não pode ser encarado dessa forma:

«Treinar é uma descoberta constante. Eu não me iludo com o táctico, julgo que treinar é conduzir jogadores. Quem vai dar a dinâmica são os jogadores, são eles que promovem o modelo do jogo. É algo que vai acontecendo, são os jogadores que nos levam para um caminho de posse ou de transições. Eu não acredito em «futebóis» em que o treinador assume o papel fundamental. Acredito no talento dos jogadores e que quanto mais qualidade tivermos e se o treino estiver à altura da qualidade deles, eles próprios vão à procura do jogo em que se sentem mais confortáveis e mais acreditam. Se eles não acreditarem é o treinador que está a impor e se o treinador impõe é o jogo do treinador e não o jogo dos jogadores.»

[Qual o sector que está melhor?] «O meu conceito de jogo é colectivo, não é sectorial. Evoluímos como equipa, não é o sector A, B ou C que está melhor ou pior...Temos de ter consciência que estamos numa fase prematura, inicial, mas estamos a crescer para dominarmos mais e sermos mais agressivos. Agora, não consigo dizer se será contra o Feirense, se será no próximo jogo da Liga dos Campeões. Não sei dizer se a criança já caminha ou corre aos dois ou aos três meses.»

[Sobre James Rodríguez]: «O James tem um talento muito grande e vai ser um futebolista de nível mundial. Mas é ainda um menino que está a crescer e que tem um talento acima da média. Temos muitos jogadores de qualidade. O meu papel é não estragar o talento que tenho em mãos e deixá-los desfrutar do jogo e crescer como equipa, sem muitas amarras tácticas. Espero não estragar o talento que tenho em mãos.»

in "maisfutebol.iol.pt"

2 comentários:

dragao vila pouca disse...

Estôfo de Champion

36.612 espectadores, uma boa casa, assistiram a um jogo intenso, bem jogado, duas excelentes equipas, muitos e bons jogadores, um grande ambiente e um apoio vibrante do público portista, mesmo quando o resultado não era o mais favorável - gostei de ver o apoio dos Super ao capitão Helton, no lance do golo do Shakhtar.

Quando falo em estôfo de Champion, quero dizer que nestes jogos e nesta prova, entre equipas semelhantes, onde muitas vezes tudo se decide nos pormenores, uma equipa que entra bem na partida, beneficia de um penalty, falha a oportunidade de ficar a ganhar e no lance imediato, sofre um golo, numa infelicidade do seu guarda-redes, mas não se deixa abater, reage contra a contrariedade, que não merecia, parte para cima do adversário, domina, joga bem, marca e pelo que fez, já devia ir para o descanso em vantagem, é uma equipa que dá garantias e tem qualidade para pensar em mais qualquer coisa que os oitavos-de-final.
Foi este o filme da primeira-parte, onde, tirando um ou outro lance de bola parada, mal abordado, vimos um Porto de boa colheita, bem organizado, profundo, pressionante, com largura e criatividade.

Na etapa complementar e até ao 2-1, foi o mesmo Porto, a mesma qualidade, a mesma posse, a mesma pressão, o mesmo domínio. Depois, a ganhar, contra dez e mais tarde contra nove jogadores "ucranianos", se continuamos a mandar, a ser os donos da bola, faltou contundência, o killer instinct de que falava o saudoso Bobby Robson, para matar a partida e dar um colorido ao resultado que, ninguém terá dúvidas, mereciamos.

Em resumo, ganhamos e nesta prova e em casa, ganhar é fundamental. Assim, partiremos para o jogo frente ao Zenit com confiança, tranquilidade e sem pressão, que, é bom referi-lo, estará todo do lado dos russos de São Petersburgo e isso pode ser aproveitado a nosso favor, como a nosso favor estará a tradição de bons resultados conseguidos frente a equipas do maior país do mundo.

O melhor, para mim, foi esse menino, feito homem, James Rodríguez, esse poeta da bola, que quando é tocada pelo talentoso colombiano, deve sorrir de prazer, pela forma como ele a trata e acarícia. Ainda bem que James é jogador do Porto e nós aqui não temos tendência, nem precisamos de nenhum D.Sebastião... Caso contrário lá viriam as comparações, seria o novo Hernâni, Oliveira, Futre, etc. Assim será apenas James, o nome dele é James...Rodríguez. O golo que deu a marcar a Kléber, é mais uma obra prima, de um génio do futebol.

Mas houve muita gente a jogar bem e Hulk, na primeira-parte, foi fantástico no golo que marcou e no que jogou, mesmo, viemos a saber pela boca de Vítor Pereira, com problemas físicos. Idem para a exibição de Alvaro, pelas mesmas razões. Enorme Moutinho, grande Defour, muito bem Fernando, Fucile, Belluschi e os centrais, com o senão, das bolas paradas, apontado. Varela e Djalma, pareceram-me demasiado ansiosos e Helton, tirando o frango, esteve bem... O último, Kléber, até marcou, mas, em alguns momentos, faltou melhor abordagem dos lances e mais calma na hora de decidir, passar ou rematar.
Quando sabemos que não jogaram Bracali, Mangala, C.Rodríguez, Sapunaru, Guarín, Souza, Walter, Rolando e os que nunca vi ao vivo, Iturbe e Alex Sandro, para não falar de Danilo que só vem no fim do ano, só podemos concluir que temos muita qualidade, gente que dá garantias de mais uma boa época do Dragão.

Um abraço

Gaspar Lança disse...

Parecia o melhor começo possível, mas o penalty falhado e o erro do Helton levaram-nos à desvantagem no marcador.

Apesar de tudo, conseguimos recuperar (a confiança?) e o nível de jogo a pouco e pouco e não demorou a surgir resposta, com um excelente golo do Hulk. O resto foi... Magia! James Rodríguez é craque, e a continuar assim não deverá - infelizmente - ficar muito mais tempo no Dragão.

No final dos 90' minutos acabámos por conseguir a vitória, depois dum período em que sofremos por não estarmos a ganhar por mais.

Foi, afinal de contas, um bom resultado, e o que interessa são os três pontos!

Um abraço