terça-feira, 13 de setembro de 2011

F.C. Porto-Shakhtar Donetsk, 2-1 (crónica)

Cambalhota de um dragão europeu com muito ferro à mistura


O F.C. Porto de dimensão europeia nasceu a 8 de Março de 1984, ao minuto 47, quando Jaime Magalhães anulou uma desvantagem caseira frente ao Shakhtar Donetsk. Jacques completou a reviravolta. 27 anos depois, o dragão apresenta-se como um grande europeu. Nova cambalhota frente aos ucranianos (2-1), com muito ferro à mistura.

Em 1983/84, a formação portista disputava os quartos-de-final da Taça das Taças. Evitou a derrota em casa, virando de 0-2 para 3-2. Na Ucrânia, empatou a um e voltou para um mar de gente em Pedras Rubras. Chegou à final da prova, caindo perante a Juventus na primeira final europeia.

Em 2011/12, o F.C. Porto surge como produto acabado, vencedor da Liga Europa, duplo título na milionária Liga dos Campeões. No regresso à prova-maior, a equipa de Vítor Pereira superou dúvidas e temores. Saiu Villas-Boas, saiu Falcao, o Porto reinventa-se e subsiste.

Hulk é a bandeira, James recebe a herança colombiana. Uma corrente de futebol eléctrico em dois pés esquerdos de classe Mundial. Como cresceu, este miúdo de 20 anos. Nos Estados Unidos, nem estaria autorizado a comprar álcool. No Dragão, já é um senhor. Juntos, evitaram nova surpresa na Invicta.

Shakhtar partido em dois

O Shakhtar Donetsk abraçou o conceito de globalização e partiu-se em dois. Defende como equipa europeia e ataca com samba no corpo. Aproveitou uma falha inacreditável de Hélton para inquietar os corações azuis e brancos. Luiz Adriano assustou (12m).

O F.C. Porto recebeu o aplauso dos seus adeptos em momento de aperto, soltou-se e desperdiçou créditos até virar o marcador. Hulk e James, James e Hulk. O brasileiro falhou penalty conquistado pelo colombiano e redimiu-se com um golo monumental (28m). O mais jovem sentou Srna para oferecer o segundo a Kléber (51m).

Pelo meio, o primeiro jogo europeu do dragão 2011/12, versão Vítor Pereira, proporcionou dúbias sensações. Defensivamente, Otamendi e Maicon nunca transmitiram segurança. O Shakhtar, com dez elementos e depois com nove, manteve-se em jogo por isso mesmo.

Muito ferro na engrenagem portista

No ataque, o F.C. Porto ficou a dever a si mesmo. Hulk (com desvio nas costas de Defour) atirou à trave e encaminhou um penalty para o poste. Fez o 1-1 à bomba, viu James assistir Kléber para o 2-1 e sentir igualmente o amargo sabor do ferro, na cobrança exemplar de um livre directo (81m).

O Shakhtar Donetsk suspirou, exagerou na agressividade mas chegou a atormentar. Inaugurou a contagem e contestou um golo anulado, por alegada mão da bola, ao minuto 28. Segundos depois, os dragões empataram e ficaram a reclamar nova penalidade. Com razão. Hulk foi derrubado.

Vítor Pereira mandou Belluschi aquecer quando Rakitskyi perdeu a cabeça e entrou a matar sobre Moutinho. Lucescu condenou o seu jogador, o árbitro nem vacilou e puxou pelo vermelho. A formação ucraniana terminaria com nove jogadores, quando Chygrynskyy viu o segundo amarelo (80m).

Kléber na obra de arte de James

Ao intervalo, o técnico portista passou uma mensagem de confiança e manteve a aposta. Defour regressou para formar uma dupla siamesa com João Moutinho. Kléber, único ponta-de-lança, ficou em campo até completar uma obra de arte de James Rodriguez. O brasileiro fintou todos os elementos do banco portista para um longo abraço a Vítor Pereira. Agradecimento pela confiança.

Em Nicósia, o APOEL baralhou as contas do grupo. Após o sorteio, o F.C. Porto recebeu o rótulo de favorito, com Shakhtar Donetsk e Zenit a surgirem como principais adversários. A formação de Danny e Bruno Alves caiu no Chipre (2-1), antes de receber o dragão. Bruno Alves foi expulso e falha o reencontro.

Boas notícias para Vítor Pereira na noite em que concretizou um sonho e cumpriu uma promessa. «F.C. Porto nunca perdeu no primeiro jogo? Comigo, também não perderá».

in "maisfutebol.iol.pt"


1 comentário:

Dragus Invictus disse...

Bom dia,

Tal como se previa ontem tivemos um jogo complicado, perante um adversário valoroso, que se tem vindo a afirmar na Europa.

O jogo iniciou dividido até que o FC Porto ganha a grande penalidade que Hulk não converte.
Para complicar ainda mais, Helton tem aquela infelicidade, e sofremos o golo.

Os adeptos de imediato reagem, empurrando a equipa para a frente, e é com naturalidade que chegamos ao empate, naquele golo de apologia do Hulk. Grande míssil!

Após a expulsão ainda na primeira parte do central da equipa ucraniana, as coisas complicaram-se para nós, embora se possa muitas vezes pensar que contra 10 é mais fácil.

Os ucranianos encostaram o bloco defensivo, e exploravam o contra-ataque através de Wiliam e Luiz Adriano. É neste típico jogo que o Shahktar é perigoso.

Todavia o FC Porto continuou a carregar, e sempre que acelerava no último terço, vinham à tona as fragilidades defensivas do Shahktar.

Foi então que o melhor em campo - James, saca um coelho da cartola, e num lance de magia senta o defensor adversário e assiste Kléber para o golo da vitória.

Até à expulsão do outro central do Shaktar, foi uma fase complicada do desafio.
Nós não conseguíamos marcar o terceiro golo, e alguns dos nossos jogadores já estavam desgastados, como é o caso de Hulk, e tiveram de ser substituídos.

Com o resultado pela margem mínima, o Shahktar revela-se sempre perigoso, daí alguma prudência atacante.

Depois da expulsão do outro central, os ucranianos abandonaram a disputa do resultado, e até final foi o gerir do tempo.

Grande apoio do público, muito importante no empurrar da equipa, depois de um penalti falhado e de um erro de Helton.


O FC Porto está no patamar das melhores equipas da Europa, e ontem sentia-se que ganharíamos o jogo com maior ou menor dificuldade, apesar dos ucranianos terem uma excelente equipa.

Estamos de volta ao nosso lugar, e acredito no apuramento para a fase seguinte.

Abraço e boa semana

Paulo

pronunciadodragao.blogspot.com