terça-feira, 4 de outubro de 2011

«Depois do Zenit dissemos basta!»


James partiu ontem para uma aventura há muito sonhada, embalado por mais um golo marcado por cá e capaz de sustentar um arranque de temporada em grande. O avançado deixou Portugal para representar pela primeira vez a selecção principal da Colômbia e fê-lo com a satisfação de quem está a viver um momento único na carreira. Para a despedida - ou melhor, para um até já -, nada melhor do que vencer pelo FC Porto depois de três jogos consecutivos sem o conseguir. "Era muito, muito, muito importante conquistar os três pontos frente à Académica. Sentíamos que podíamos ganhar, tal como já tinha acontecido nos jogos anteriores, apesar de termos defrontado uma bela equipa. Era um jogo muito complicado, mas conseguimos vencer com inteira justiça depois de uma exibição muito positiva", começou por explicar James em declarações a O JOGO, excluindo desde logo a possibilidade de o plantel ter duvidado em algum momento das suas capacidades, mesmo depois das críticas que se seguiram a três resultados menos positivos.
Apesar da evidência, o avançado confessou que a partida na Rússia serviu para mexer com o estado de espírito do plantel. "Sentimos muito a derrota com o Zenit, porque estávamos convencidos de que podíamos conquistar um bom resultado. Foi um jogo em que tudo nos correu mal. Mas depois de a partida ter terminado pensámos todos o mesmo: dissemos 'basta' e decidimos que tínhamos de retomar o nosso caminho de vitórias. E foi isso que aconteceu frente à Académica. Com este triunfo, reconquistámos a tranquilidade e a confiança que podíamos ter perdido", explicou.
Se, no plano colectivo, a equipa não está nada mal, apesar das dúvidas que se precipitaram nos tempos mais recentes, no aspecto individual dificilmente as coisas podiam estar a correr melhor ao avançado; James já é uma figura fundamental e incontornável deste FC Porto, apesar de o colombiano recusar esse título. "É verdade que estou num bom momento de forma, e espero fazer uma grande época. Melhor momento da minha carreira? Não penso nisso, pelo menos para já. Penso apenas em trabalhar para garantir um lugar no onze. Os golos são importantes, como também o são as assistências, mas o mais importante é mesmo a equipa. Quero é que o FC Porto ganhe para estarmos sempre no primeiro lugar." E nem mesmo os mais recentes elogios de Vítor Pereira, antes e depois do jogo com o Benfica, serviram de incentivo para lhe arrancar palavras mais ambiciosas e menos humildes. "Os elogios do treinador foram muito importantes, mas tenho consciência de que há outros grandes jogadores no plantel e de que a concorrência é muito forte. Todos os jogadores são fundamentais: o Cebola, Varela, Djalma... Qualquer equipa gostaria de os ter, e não me sinto dono do lugar."
Aos 20 anos, James vai vivendo de sonho (titularidade no FC Porto) em sonho (chamada à selecção principal), mas nem por isso sabe explicar qual é o seu sonho final. "Nem sei onde acabam os meus sonhos... Não costumo traçar limites para o que me pode acontecer. Quero ser sempre melhor, estar bem para ajudar a equipa. Este ano espero voltar a vencer grandes competições, tal como aconteceu na última época. Liga dos Campeões? Quem sabe?..." Depois acenou e lá partiu rumo à Colômbia.

Curiosidades

6
Sempre que jogou esta temporada - 6 jogos -, James foi decisivo, através de golos marcados, assistências directas ou ainda de uma participação influente em jogadas de golo. Só ficou em "branco" numa partida: no empate a zero frente ao Feirense, jogo em que foi expulso. Terá sido coincidência?
5
Os cinco golos já marcados esta temporada deixam James a apenas um da marca conseguida em toda a temporada passada. No último campeonato, o colombiano tinha apontado apenas dois (mais três na Taça de Portugal e um na Liga Europa); no actual, já fez quatro, o último dos quais na partida com a Académica. O avançado também marcou mais um na Champions.
4
Além dos cinco golos já marcados nos seis jogos realizados esta temporada, James teve influência directa em mais quatro: fez duas assistências para Kléber e Guarín - terceiro golo com a Académica - e ainda desbloqueou as jogadas para mais dois marcados ao Leiria, no jogo que assinalou a sua estreia esta época.

Prefere não correr o risco de brincar com Falcao...

James - tal como Guarín - vai reencontrar Falcao na selecção colombiana. Mesmo depois da partida relativamente atribulada do avançado para o Atlético de Madrid, continuam a sobrar apenas elogios para as qualidades futebolísticas e humanas do compatriota. "É um grande amigo, um bom jogador, continua a fazer golos, e espero que nos ajude na selecção." Seguiu-se uma provocação: será que James pondera brincar com a provável ausência de títulos do avançado no Atlético de Madrid, em contraste com o que costuma acontecer no FC Porto? "Não, não... não vou brincar com isso. Ele pode levar a mal [risos]. Fez essa escolha porque entendeu que era o melhor para ele. Espero sinceramente que tudo lhe corra bem, porque estamos a falar de uma pessoa espectacular." Falcao já apontou cinco golos em outros tantos jogos do campeonato, apesar de o Atlético de Madrid se encontrar apenas no oitavo lugar, já a seis pontos da liderança...

"Iturbe? É difícil chegar e ficar sem jogar"

Iturbe igual a James. Essa é, pelo menos, a primeira conclusão que se tira da ausência do argentino nestes primeiros jogos da época. O colombiano passou pela mesma situação e confessou que não foram momentos fáceis de ultrapassar. "Foi um período muito complicado, em que por vezes chegámos a duvidar das nossas reais capacidades. Estive quatro ou cinco meses sem competir, apenas a treinar, e é difícil, porque cheguei com o sonho de jogar. Mas temos de compreender que o futebol europeu é diferente, tem outro ritmo, e é preciso algum tempo para nos adaptarmos." O aviso a Iturbe fica feito; restam os elogios às suas qualidades. "Percebe-se que é um grande jogador. É muito rápido, tem talento e condições para triunfar."

Selecção é "mais um sonho" cumprido

Depois de uma brilhante participação no recente Campeonato do Mundo de sub-20, James prepara-se agora para se estrear na selecção principal. O arranque de mais uma etapa na carreira coincide com o primeiro jogo de qualificação para o Mundial'2014. O adversário é a Bolívia, e o portista só pensa em ajudar a Colômbia a garantir a presença na prova, que se realizará no Brasil. "Estou muito feliz com tudo isto, até porque é um grande orgulho representar a selecção principal do meu país. É mais um sonho concretizado, e espero que tudo corra bem". O avançado revelou que já conversou com o novo seleccionador, Leonel Álvarez, que lhe telefonou ainda antes da divulgação da convocatória. "Ele falou comigo e disse-me que estava a acompanhar os meus jogos no FC Porto. Disse-me que estava muito satisfeito com as minhas exibições em Portugal. Agora espero conseguir repetir estes bons jogos pela minha selecção. Seria fantástico."

Um dia cheio no aeroporto

Otamendi foi o primeiro dos internacionais portistas a chegar ontem ao aeroporto; o argentino, que se fez acompanhar da mulher, chegou alguns minutos antes de Hulk e dos colombianos Guarín e James, tendo ainda encontrado Moutinho e Rolando (e também Sereno, Paulo Machado e Ricardo Costa), que viajaram até Faro numa companhia low cost. O belga Defour, que está de regresso à selecção, também partiu ontem para o seu país, assim como os uruguaios Fucile, Cristian Rodríguez e Álvaro Pereira, que deixaram a Invicta apenas ao final do dia. Aliás, o lateral-esquerdo ainda estava em Portugal quando o FC Porto oficializou, por meio de um comunicado enviado à CMVM, a notícia de O JOGO sobre a sua renovação de contrato até 2016.

in "ojogo.pt"

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