terça-feira, 4 de outubro de 2011

Futebol à brasileira deixava FC Porto à beira de um ataque de nervos

E se o campeonato português imitasse o brasileiro e decidisse não parar durante os jogos das selecções? Os dragões, que acabam de dar um pontapé na minicrise, seriam os mais prejudicados e nem sequer teriam opções para formar um onze. Jorge Jesus teria o trabalho mais facilitado, muito por culpa da legião de brasileiros e argentinos que não são chamados, enquanto o Sporting começa a pagar os dividendos da filosofia aplicada no Verão de contratar jogadores que sejam habitualmente chamados pelas selecções dos seus países



FC Porto
Kléber e Alex Sandro estão lesionados. Iturbe vai participar nos Pan-Americanos, Sapunaru foi chamado pela selecção romena apesar das dificuldades físicas e até Silvestre Varela foi opção de última hora de Paulo Bento para substituir Danny. E a razia continuou nos nomes já esperados: Fucile, Rolando, Mangala, Otamendi, Álvaro Pereira, Guarín, James Rodríguez, João Moutinho, Defour, Cristian Rodríguez e Hulk deixam Vítor Pereira a trabalhar com uma equipa que mais parece de futsal. Restam dez jogadores e três deles são guarda-redes: Helton, Bracalli e Kadú. Prevê-se que o técnico portista reforce o plantel provisoriamente com juniores, mas ainda assim dificilmente conseguirá fazer trabalho de planeamento para o jogo da Taça de Portugal, em Sintra, frente ao Pêro Pinheiro. A prioridade passa por recuperar os índices físicos depois de uma semana de desgaste (recepção ao Benfica, jogo com o Zenit na Rússia e deslocação a Coimbra). Por outro lado, há males que vêm por bem. Prevendo que Vítor Pereira opte por uma estratégia cada vez mais comum no futebol português e dê oportunidades aos jogadores menos utilizados no jogo da Taça, poderá começar já a testar o entrosamento num meio-campo com Souza e num ataque com Djalma e Walter. Como não há milagres e, que se saiba, nenhum dos guarda-redes tem habilidade para jogar na frente, Vítor Pereira está, para já, privado de qualquer opção para o lugar de lateral direito, central e uma das alas. Felizmente para o líder do campeonato, Portugal não segue o exemplo do Brasil, onde os jogos das selecções não são justificação para interromper o campeonato.
Benfica
Eduardo e Rúben Amorim foram convocados por Paulo Bento apesar de não jogarem na Luz e Maxi Pereira, Witsel e Gaitán são as baixas de luxo nas contas de Jorge Jesus. Aparentemente compõem um trio difícil de substituir, mas a versão deste ano do Benfica é forte precisamente por isso: tem um banco de indiscutível qualidade. Felizmente para Jesus, nem sempre esta qualidade é sinónimo de chamada à selecção. Mano Menezes ignora Luisão, enquanto Artur, Emerson e Bruno César não têm passado no escrete e Sabella olha para as opções argentinas na Luz e só rouba Gaitán, deixando ficar Garay, Aimar e Saviola. E Cardozo também continua a ser ignorado na selecção paraguaia. Por último, a cereja no topo do bolo: Javi García e Nolito são bons e fazem falta a Jesus, mas a selecção espanhola é uma muralha praticamente impenetrável para quem compete contra nomes como Xavi, Iniesta ou David Villa. Entre os prós e os contras das selecções, Jesus fica apenas com uma dor de cabeça: o lado direito da defesa. Maxi Pereira é insubstituível no Paraguai e Rúben Amorim dá graças a que “Paulo Bento não pensa como Jesus”. Na lista de possíveis adaptações sobra um lugar para Miguel Vítor, o mesmo que, durante o estágio, passou de possível dispensado a titular com direito a envergar a braçadeira de capitão. Naturalmente, o Benfica perderia opções entre os suplentes, mas o onze continuaria a ser de luxo se jogasse já no próximo sábado frente ao Portimonense para a Taça de Portugal ou mesmo para o campeonato em Aveiro. Assim, Jesus poderá apenas recuperar alguns dos jogadores mais importantes e afinar rotinas e entrosamentos.
Sporting
Godinho Lopes deu o mote no ataque ao mercado na pré-época, exigindo que os jogadores contratados fossem internacionais pelos seus países. Carlos Freitas fez-lhe a vontade e de todas as caras novas em Alvalade apenas o guarda-redes brasileiro Marcelo Boeck sabe que não vale a pena sonhar com uma eventual chamada. A aposta do presidente está a dar frutos e a subida de rendimento da equipa de Domingos Paciência já ajudou a que jogadores como Onyewu e Bojinov fossem chamados às selecções dos Estados Unidos e da Bulgária. Os resistentes entre os reforços são poucos e concentram-se todos no ataque. Van Wolfswinkel está num excelente momento, mas Marwijk tem muitas opções de qualidade e só chamou Schaars. Diego Capel sofre o mesmo que Nolito ou Javi García e Carrillo foi preterido por Markarian, apesar dos elogios da semana passada. Se no ataque os grandes nomes continuam, daí para trás acontece exactamente o oposto. O meio-campo é a situação mais grave, porque com Rinaudo, Elias e Schaars nas selecções, o regresso de Luis Aguiar ao Uruguai, as lesões de Jeffrén e Izmailov e até a chamada à selecção de um suplente (Matías Fernández), restam apenas os portugueses André Santos e André Martins. A falta de médios faz com que, num eventual jogo, Diego Rubio (ignorado pelo Chile) pudesse ganhar um lugar ao lado de Van Wolfswinkel. Na baliza e na defesa também há uma razia completa entre os titulares, mas as alternativas estão todas em condições para treinar às ordens de Domingos Paciência. E até dá para pensar que se voltou ao início da época, com Anderson Polga, Daniel Carriço e Evaldo na linha da frente.
in "ionline.pt"

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