Depois da vitória em Coimbra, O JOGO imitou Otamendi e fez-lhe marcação cerrada. Falou com ele em Portugal, mas também na Argentina, onde se encontra agora para preparar o arranque da fase de qualificação do Mundial do Brasil. Nesta dupla-entrevista a O JOGO, Otamendi não se escondeu nas palavras: falou do campeonato, dos rivais, do golo marcado ao Benfica e até da partida de Falcao. E esteve sempre ao ataque.
Depois de três jogos sem vencer, o FC Porto deu uma resposta positiva em Coimbra. Os jogadores sentiram que aquele jogo podia ser um momento decisivo na temporada?
Foi muito bom vencer, primeiro porque é sempre importante ganhar, e depois porque no FC Porto só se sabe viver com as vitórias. Na época passada conquistámos todos os títulos e este ano temos de seguir na mesma linha e manter a concentração em todos os jogos. Todas as equipas nos querem ganhar e nós temos de ser ainda mais fortes para as ultrapassar. Nesse sentido, a vitória em Coimbra foi importante, até para irmos mais tranquilos para as nossas selecções. Agora, é tratar de seguir neste caminho de vitórias.
Que opinião tem sobre as críticas que foram feitas à equipa e ao seu treinador nos dias que antecederam o jogo com a Académica?
Pareceu-me exagerado tudo o que se disse e escreveu depois dos três jogos que não ganhámos. Compreendo e aceito que depois de uma época cheia de vitórias as pessoas estejam à espera de mais vitórias... Estão habituadas a isso e é sempre difícil quando se perde um jogo ou, no caso, se está três sem se vencer. Mas é preciso recordar que só perdemos uma partida depois da final da Supertaça Europeia. Apesar disso, vamos tentar corrigir os erros para continuar a somar vitórias no futuro.
Houve algum momento marcante na intimidade do balneário depois da derrota com o Zenit?
Não se passou nada de especial. É claro que quando se perde, os erros ficam mais expostos, fala-se mais deles, e é mais complicado estar no dia-a-dia. Isso é normal no futebol. No entanto, como mantemos o mesmo grupo da época passada, e como já toda a gente se conhece, é mais fácil ultrapassar estes momentos menos positivos. Essa é uma das grandes vantagens que temos no FC Porto: o nosso espírito de equipa e a humildade de todos os jogadores.
Concorda com a ideia de que Benfica e Sporting estão mais fortes do que na última temporada?
Acredito, sobretudo, que o campeonato será mais equilibrado. Depois dos sucessos que conseguimos no último ano, os nossos adversários trataram de se reforçar para esta temporada, enquanto nós seguimos com a mesma base da última época, que era o mais importante. Já nos conhecemos e temos é de pensar em nós, vencer os nossos jogos e não nos preocuparmos muito com os outros.
Mas considera que o Benfica será o adversário mais complicado do FC Porto?
Acredito que sim. O Benfica é uma das maiores equipas de Portugal e também do mundo. Já o demonstrou. Sabemos que será difícil vencer o campeonato desta época, mas estamos muito bem preparados para ultrapassar todas as dificuldades que possam surgir. Temos rivais muito complicados pelo caminho e, no final, todos querem ficar com o troféu. Temos isso bem claro nas nossas cabeças. E, como é evidente, o Benfica estará nessa luta que se prevê intensa.
Temos ouvido muitas opiniões distintas sobre o assunto que se segue: afinal, qual é a equipa mais forte de Portugal?
Obviamente que é o FC Porto. Se calhar, as pessoas já se esqueceram, mas no último ano também não arrancámos da melhor forma. Acredito que este ano vai acontecer o mesmo, que vamos melhorar com o tempo, e que, no final, voltaremos a conquistar muitos títulos.
Já agora, até onde pode chegar o FC Porto na Liga dos Campeões? Os jogadores acreditam mesmo que podem vencer esta competição?
O mais importante é ter a mesma concentração em todas as partidas e depois Deus dirá até onde vamos chegar. Mas é lógico que seria um sonho conquistar a Liga dos Campeões, e como nada me impede de o fazer, vou continuar a sonhar com a possibilidade de ganhar esta linda competição
"Melhor momento desde que cheguei à Europa"
Voltou a ser convocado para a selecção. Acredita que tem o lugar seguro?
Acredito que sim. O importante é estar na selecção e depois, se jogar, ainda melhor. Obviamente que o treinador é que decide, e eu tratarei de estar sempre em bom nível para continuar a ter oportunidades no futuro. É sempre bom voltar à selecção e poder defender as cores do meu país. Temos de estar tranquilos, fazer tudo bem e tratar de incutir no grupo a ideia de que vamos cumprir o objectivo de estar no Mundial do Brasil.
Esta chamada chega no seu melhor momento desde que chegou a Portugal?
Está tudo a correr-me da melhor forma no FC Porto e acredito que estou no melhor momento desde que cheguei à Europa. Também sei que ao ter continuidade em Portugal, será mais fácil ter oportunidades para mostrar o meu valor também na selecção. E é essa a minha ideia: continuar a esforçar-me e a evoluir para que de agora em diante esteja sempre presente entre os convocados. Apesar disso, tenho consciência de que nada do que tenho feito me garante, por si só, um lugar na selecção, embora tenha estado sempre presente desde que Alejandro Sabella é o nosso seleccionador.
Saber que o FC Porto comprou os restantes 50% do seu passe ao Vélez Sarsfield dá-lhe mais confiança?
Claro que sim. A totalidade do meu passe está agora nas mãos do FC Porto e isso dá-me ainda mais confiança para o futuro. Estou muito tranquilo e penso apenas em continuar a jogar e a evoluir. Espero que tudo continue a correr como até agora, espero continuar assim, e pensar em melhorar no dia-a-dia.
No passado, quase sempre que foi chamado à selecção, perdeu a titularidade no regresso ao FC Porto...
Não penso nisso. Para mim, é importante estar na selecção e jogar pela Argentina. Aliás, no FC Porto nunca senti que tinha o lugar seguro, até porque temos grandes jogadores para a minha posição. Estou tranquilo sobre a titularidade e sei que tudo continua a depender apenas de mim.
Que sente um jogador de futebol quando arranca uma nova era, como acontece na selecção argentina com a chegada de Alejandro Sabella?
A nível pessoal, o mais importante é ter continuidade no meu clube, jogar e fazê-lo bem, para depois surgirem as oportunidades na selecção. É muito bom estar a ter um bom rendimento no meu clube, porque isso dá-me a possibilidade de estar presente nestas convocatórias.
E o que espera do jogo com o Chile?
Sabemos o que vale esta equipa e o que tem vindo a fazer nos últimos anos. É um rival muito complicado de vencer, apesar de termos de pensar apenas na nossa equipa. Temos de pensar em colocar a Argentina a jogar bem e fazer todos os possíveis para vencer sempre.
"Nunca gritei tanto na vida!"
Depois dos seis golos marcados na época passada, Otamendi estreou-se este ano com um golo no recente confronto com o Benfica. O defesa confessou que nunca tinha marcado num clássico, seja em Portugal ou na Argentina, e explicou que não se pode viver sensação mais fantástica num campo de futebol. "É algo do outro mundo. É um momento que se desfruta de outra forma, porque não é um golo normal. Por isso é que gritei como nunca! Para além disso, foi a primeira vez que marquei um golo num clássico e confesso que é diferente de tudo o resto. Nem sei como explicar aquele momento e aquelas sensações, porque se sente muitas coisas diferentes naquela altura". A verdade é que Otamendi se tem transformado num defesa goleador desde que chegou ao Dragão, onde já apontou sete golos nos 39 jogos já realizados. Em contrapartida, na Argentina, ao serviço do Vélez Sarsfield, tinha apontado apenas um nos 54 jogos em que participou.
No regresso ao tema do clássico, Otamendi reencontrou-se agora com Gaitán na selecção argentina, depois de o compatriota também ter apontado um golo no encontro do Dragão, por sinal o da igualdade. O portista revelou que já conversou com o extremo benfiquista sobre o assunto. "Falei com ele e com a maior parte dos argentinos que jogam no Benfica. Mas, naqueles momentos em que nos encontramos em campo, não há amizade, nem algo parecido, porque cada um defende as duas cores. Infelizmente, empatámos aquele jogo, apesar de, no final, ter ficado contente com o golo que marquei", explicou o defesa, que também marcou recentemente ao serviço da Argentina (Venezuela).
"Kléber pode repetir êxito de Falcao"
O FC Porto perdeu Falcao, mas agora tem Kléber. Otamendi não esqueceu a importância que o colombiano teve nas conquistas da época passada, mas tratou de elogiar o substituto encontrado pelo FC Porto. "Pelo goleador que é, sentimos a falta do Falcao. Mas agora temos o Kléber, que está a melhorar a cada dia que passa. Aos poucos vai-se moldando à equipa e à forma de jogar dos seus novos companheiros. Vai tentar imitar os feitos que o Falcao alcançou na última temporada, sabendo que é muito difícil, mas que não é impossível". Depois de se perceber que Otamendi está satisfeito com o rendimento de Kléber, tentou perceber-se que outros reforços estão a surpreender o argentino. "Chegaram ao clube bons jogadores, mas no geral mantivemos a mesma base da última temporada, que era o mais importante para a nossa estabilidade. Mas os que chegaram vieram para acrescentar qualidade e para que o FC Porto continue a somar títulos", concluiu.
in "ojogo.pt"
1 comentário:
Dispenso bem estes comentários, parece coisa dos vermelhos.
Isso é no campo que se prova e não nos jornais.
Abraço
Enviar um comentário