quarta-feira, 21 de março de 2012

"Com Moncho tudo é mais fácil"

Ao ser eleito MVP da Taça de Portugal, Gregory Stempin recebeu uma bola dourada, a terceira depois das duas conquistadas na Taça Hugo dos Santos (ex-Taça da Liga). Por não ser individualista - faz até questão de sublinhar que o "basquetebol é um jogo de equipa" -, o extremo/poste, em bom português, desvalorizou: "É bom, mas não sou fã de distinções MVP. As vitórias são o meu verdadeiro prémio. Fico feliz e orgulhoso se puder ajudar a equipa a ganhar, se puder trabalhar para a equipa".
Mesmo assim, as últimas duas bolas de MVP foram para um lugar especial: Direitinhas para a cave do pai, em Detroit. "É lá que guardamos os troféus e as medalhas da família. Os meus irmãos, um joga hóquei [no gelo] e outro basquetebol, também põem lá os deles", referiu Stempin que nas próximas férias de verão levará para o Michigan a bola que levantou em Fafe. Mas isso será apenas após o casamento. Em julho, Greg vai casar-se na Playa del Carmen, no México, num cenário de capa de revista, cumprindo o sonho da namorada portuguesa Mónica, com quem vive desde que chegou a Portugal para jogar na Ovarense. "O primeiro ano em Portugal foi difícil, mas depois conheci-a e tudo mudou. Dizem que por detrás de um grande homem, há uma grande mulher. Ela é, sem dúvida, parte do meu sucesso", contou.
A liderança em campo tem poucos segredos e todos lhe reconhecem uma enorme capacidade de trabalho. Stempin, de 32 anos, diz que quando era criança e adolescente o pai lhe dizia que " trabalho duro é a chave do êxito".
Levou o conselho à letra e hoje garante: "Jogar é o que me motiva. Sou muito competitivo. Eu e os meus irmãos competíamos por tudo. Não aceito bem a derrota. Trabalho diariamente para ganhar. Quando perco fico de mau humor, nesses dias não sou boa companhia. Felizmente, aqui não perdemos muito". Depois vem Moncho López, o treinador a quem Gregory Stempin não poupa elogios - desta vez, em inglês porque as palavras lhe saem com maior rigor na língua materna: "Tenho um grande respeito por ele. Sabe gerir o relacionamento de amizade com os jogadores. Com Moncho estamos todos ao mesmo nível e ele faz tudo por nós. Com ele jogamos como treinamos. Com ele tudo é mais fácil. Eu ponho muita pressão em mim, como o Carlos Andrade. Quando perdemos na Luz, ele viu-nos a ferver e disse: 'Não te preocupes. Perdemos, mas vamos melhorar. Vamos ganhar outros jogos e eles vão perder outros jogos'... E ele tinha razão".
Com o treinador partilha um sentimento especial pelo FC Porto e sabe que o Benfica é o grande rival dos dragões: "Como jogadores não nos podemos deixar envolver demasiado, porque podemos ser vítimas da pressão. Mas é uma das maiores rivalidades na Europa. Adorei o play-off do ano passado: o pavilhão cheio e os cânticos... Foi uma sensação incrível e quero repeti-la. Digo sempre aos americanos para verem os vídeos na net e confirmarem como foi fantástico".
Há três épocas no FC Porto, e com mais dois anos de contrato pela frente, Gregory Stempin é um dos jogadores mais acarinhados. Pode um dia regressar a casa, mas ficará sempre no coração dos portistas. Emocionado, responde: "Nunca pensei nisso. É bom saber que as pessoas me vão recordar. Tem muito significado para mim. Gosto quando os adeptos nos apoiam, mesmo quando perdemos. Estão sempre lá. Gosto do ambiente que criam e adoro a cidade".

"Esta equipa sabe sacrificar-se"


O FC Porto conquistou a 13ª Taça de Portugal depois de em 2011 ter perdido nos quartos de final. Este ano, "aprendendo a lição", como confessou Stempin, o FC Porto encarou o Barreirense com respeito e ambição: "No ano passado relaxámos e quando isso acontece tornamo-nos piores jogadores, porque, como jogamos com intensidade defensiva, essa parte falha. O nosso jogo começa pela defesa e falámos sobre isso". Na Taça, Greg garantiu que a final "foi mentalmente o jogo mais difícil". Agora segue-se, já no sábado, a receção ao Benfica. Para Stempin não há dúvidas: É muito importante ganhar o fator casa para o play-off. Nos momentos difíceis unimo-nos mais no campo e somos mais coletivos. Esta equipa sabe sacrificar-se".

Pesca e golfe anti-stress


Fora de campo Gregory Stempin revela espírito empreendedor e até pensa abrir um negócio quando se retirar. Oriundo de uma cidade afetada pela crise da indústria automóvel, que fez disparar o desemprego, Stempin espreita já algumas oportunidades, como talvez "comprar uma casa, porque os preços baixaram". Um dos irmãos é consultor financeiro e o portista gosta de investir na bolsa. Mantém-se informado com as notícias de Economia da CNBC e da Bloomberg, vai seguindo a vida política do seu país com o olho clínico republicano. Contudo, para já, o basquetebol é prioridade. Adepto da vida ao ar livre em família, a pesca nos Grandes Lagos (Detroit) e o golfe são hóbis. E um dia gostava de ser treinador. "Mas não na NBA", atirou, explicando: "Gosto do basquetebol tático europeu e nas faculdades americanas a modalidade também é mais tática. Tenho algumas ideias e gostava de as passar a jovens jogadores".

in "ojogo.pt"

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