domingo, 1 de abril de 2012

O Tango de Lucho: um passo atrás e dois à frente

Lucho foi o primeiro a marcar no regresso do FC Porto às vitórias, e é nele que começa a explicação. A coisa era óbvia e este jogo tornou-a mais óbvia ainda: El Comandante andava mesmo perdido numa zona de ninguém a acrescentar coisa nenhuma e, ainda que essa evidência tenha sido desvalorizada ao longo da semana, a verdade é que o argentino lá voltou a pisar terrenos mais recuados, permitindo também que João Moutinho avançasse uns metros e deixasse a estranhíssima posição de guarda-costas de Fernando. Coincidência das coincidências, que não é coincidência nenhuma: o meio-campo do FC Porto ganhou um desenho normal e outro fôlego, com lances desenhados pelos pés de ambos, a esticar bem o jogo até à cara de Fabiano. Hulk e Maicon começaram por esbarrar nas mãos do brasileiro, que foi adiando um golo que Lucho haveria de assinar pouco depois. Ironia perfeita ter sido Lucho a fazê-lo, porque isso só reforçou a certeza de que, como se desconfiava, colocá-lo um pouco mais atrás não lhe retira fôlego algum para aparecer nas zonas de finalização. Pelo contrário.
Partindo de trás, El Comandante assumiu protagonismo na coordenação de jogo, acertando o passo com um inesgotável Moutinho ao lado, e conseguiu também estar onde Vítor Pereira gosta que ele esteja - à entrada da área para capitalizar os ressaltos. Aproveitando um deles, Lucho aplicou um pontapé forte, colocado e certeiro que o deixou visivelmente eufórico. É natural. O golo não só ajudava a contrariar a tendência do FC Porto em adiá-los para as segundas partes como lhe permitia também dar uma resposta firme às críticas. É bem capaz de ser a parte mais subjetiva da questão, mas Lucho pareceu acusar o toque do protagonismo em que se viu metido pelas interrogações à volta da sua anterior, e discutível, posição em campo.
Afinal, Lucho não era uma falsa questão jornalística. O mau momento de Rolando também não, porque foi ele quem saltou do onze, deixando a defesa nas mãos de Maicon. Do outro lado, era precisamente na defesa que Sérgio Conceição se via forçado a improvisar. Cauê a central foi uma novidade, mas o puzzle contemplou outras mudanças. À frente, onde era suposto o Olhanense surgir reforçado com o regresso de Wilson Eduardo, notou-se apenas um fogacho ou outro de Salvador Agra. Pouco para incomodar a defesa portista e, por acréscimo, para reavivar os fantasmas das vantagens curtas.
A segunda parte acentuava a tendência da primeira. Embalado por um Moutinho de gala, o FC Porto continuava dono e senhor do jogo, esbarrando quase sempre em Fabiano, um guarda-redes inspirado que justifica atenções especiais. Sérgio Conceição decidiu, então, mudar: Toy e Dady saltaram do banco para o relvado, onde se desenhava um Olhanense capaz de correr riscos. A ideia era boa no papel, mas acabou por não resultar como estaria pensada, porque, escaldado por situações semelhantes, os portistas não tiraram o pé do acelerador, nem os olhos da baliza. E há mais Lucho na equação. Desta vez, convencido de que já havia espremido o que ele tinha de melhor, Vítor Pereira decidiu substituí-lo. Uma boa ideia, com uma consequência ainda melhor: Defour entrou e participou logo no segundo golo. O belga combinou bem com Hulk e este com James, que fez o resto: tirou uma defesa da frente, Fabiano incluído. A vantagem ganhava, agora, um conforto acrescido, permitindo a Vítor Pereira gerir o plantel, trocando Álvaro Pereira, que estava a um amarelo de falhar Braga, por Alex Sandro e permitindo também que Varela ganhasse alguma rodagem.
O FC Porto continuou a dominar. E a esbarrar em Fabiano. Mas, o mais importante estava feito, a deixar a pressão do lado da concorrência direta, que jogava na Luz pouco depois. Braga é já ali...

in "ojogo.pt"

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