domingo, 25 de novembro de 2012

Sp. Braga-F.C. Porto, 0-2 (crónica)

Vira minhoto cedeu à cumbia

O vira minhoto, a dança que ameaçava, uma vez mais, deixar o F.C. Porto sem o sorriso no rosto, cedeu à cumbia. Nos últimos passos, a cultura colombiana demonstrou a sua relação próxima com a felicidade. Golos de James Rodriguez e Jackson Matínez ao cair do pano (0-2).

Benfica alcançado e, de novo, vantagem no goal average para os dragões.

Na mesma região em que o F.C. Porto perdeu os únicos pontos, o Sp. Braga esteve a minutos de repetir a façanha do Gil Vicente: deixar a equipa de Vítor Pereira a zero. 

Mas Douglão, que enchera o campo até então, foi infeliz no desvio após remate de James. Jackson, pouco depois, aproveitou um corte defeituoso de Salino para se manter no topo da lista de goleadores. 

Jorge Jesus levantou a ponta do véu e terá pensado nos números. Ora historicamente, o Benfica tem mais vitórias em Braga que o próprio F.C. Porto. Contudo, nos últimos dez anos, os dragões continuaram a impor-se no Minho enquanto os encarnados sentiram enormes dificuldades.

De facto, olhar para o crescente poder do Sp. Braga e compará-lo com os resultados nas receções ao F.C. Porto permitiria concordar com a tese de Jesus, sem que essa significasse mais que isso: felicidade portista no AXA.

O momento das duas equipas reforçava esse pressentimento. E o início do encontro, então, parecia uma evidência gritante dessa realidade. Anunciava-se um triunfo azul e branco. Entrada fortíssima da equipa de Vítor Pereira, no regresso de Alex Sandro e Fernando ao onze, com Mangala a derivar para o centro.

Otamendi com sede de baliza

Seria Otamendi (grande jogo), ele que já marcara ali, a estar perto do golo em dois lances consecutivos. Primeiro, cabeceou ao poste. Logo depois, isolado por Lucho González, atirou de primeira ao lado. Com a bola quase sempre em seu poder, o F.C. Porto impunha-se a toda a largura do terreno.

Na ressaca do pesadelo de Cluj, José Peseiro trocara apenas Ruben Amorim por Mossoró. As dúvidas em torno da qualidade defensiva do Sp. Braga mantinham-se. 

Após quinze minutos de sentido único, o clássico nortenho foi parar ao micro-ondas. Aqueceu num ápice, como refeição rápida, com intensidade crescente e todos os condimentos de um repasto ao melhor estilo português.

Houve de tudo nessa meia-hora. Antes de mais, uma grande penalidade por marcar a favor do Sp. Braga. A razão parece estar do lado de Alan. Na sequência de um cruzamento de Ruben Micael, o extremo fez o remate e viu Alex Sandro, de lado mas com o braço aberto, desviar a bola com o cotovelo.

O jogo seguiu. Márcio Mossoró, o suplente que menos justifica esse estatuto no plantel arsenalista, surgiu à entrada da área para um disparo que Helton sentiu dificuldades em travar. Pouco depois, Nuno André Coelho e Hugo Viana em lances de bola parada. O F.C. Porto sentia o perigo.

O intervalo aproximava-se já sem aquela noção clara de domínio azul e branco. Sobrava tempo para desacatos na bancada destinada aos dragões (é difícil perceber tamanha necessidade de criar problemas com a polícia) e até um desentendimento junto ao banco onde estava Vítor Pereira. Algumas palavras fortes, empurrões ligeiros e um dedo indicador de Hugo Viana.

A sorte dá trabalho mas aparece

O descanso foi bom conselheiro. Pelo menos, para quem aprecia a paz e não se importa que isso redunde em tédio. Tédio não será a palavra certa, embora pouco ou nada tenha acontecido de verdadeiramente entusiasmante até à dança das substituições.

Éder reclamou o estatuto de exceção. Pediu um penalty mas foi traído pela sua mão na bola, segundos antes e ficou a queixar-se sem grande repercussão num lance em que Lucho González se colocou no seu caminho, na esquina da área. Tremenda atividade para quem esteve em dúvida até à véspera do encontro. 

O nulo seria desfeito, de qualquer forma, ao som da cumbia, com tentos de James e Jackson. Como diria Vítor Pereira, a sorte dá trabalho. Mas esteve presente e fez-se sentir, claramente.

in "maisfutebol.iol.pt"

4 comentários:

Dragus Invictus disse...

Boa noite,

Hector Berlioz, compositor francês, no século XIX disse "A sorte de ter talento não basta, é preciso, também, ter talento para a sorte", e foi o talento de El Bandido que definiu a sorte que nos levou à vitória na Batalha da Pedreira.

À partida para este desafio, adivinhavam-se dificuldades, o adversário é de qualidade evidente, tem excelentes executantes, e tratava-se portanto do primeiro grande desafio na Liga para a nossa equipa.

E assim foi, um jogo disputado, e que foi decidido pelo talento de James.

Uma excelente vitória que nos coloca no lugar que é nosso por mérito.

Realces individuais para Helton, que transmitiu segurança à defensiva, para James, o homem do jogo, que apontou o golo que nos abriu o caminho para a vitória, e por último para Jackson que apontou mais um fantástico golo.

Muito apagados na partida de hoje Lucho e Moutinho, estando bem VP nas substituições.

De saudar os regressos de Fernando e Alex Sandro que estiveram bem na partida após pausa prolongada.

Na sexta-feira, nova Batalha na Pedreira, desta vez para a Taça de Portugal.

Espera-se mais um jogo disputado e que poderá ser tal como o de hoje, definido por um momento de magia de um jogador.

Última nota para o fantástico apoio dos nossos adeptos à equipa.

Abraço e boa semana

Paulo

pronunciadodragao.blogspot.pt

dragao vila pouca disse...

Por aquilo que fui ouvindo e lendo, parecia que o campeonato acabava hoje e se o F.C.Porto não ganhasse perdia o título. Enfim, sempre a mesma história, sempre o mesmo facciosismo, sempre o mesmo anti-portismo. Vamos dando a resposta, no lugar onde tem de ser dada, isto é, dentro do campo.

Uma primeira-parte muito bem jogada por ambas as equipas, um espectáculo de qualidade, a que apenas faltaram os golos. Entrou muito forte, dominador, jogando muito bem e envolvendo numa teia de bom futebol, um Braga aturdido, o F.C.Porto podia ter-se adiantado no marcador logo nos minutos iniciais, primeiro com Jackson a cabecear ao poste e no lance imediato e Otamendi, sozinho, a falhar um golo claro, tudo isto ainda não tinham decorridos mais de 3 minutos. Durou cerca de pouco mais de um quarto de hora esse domínio azul e branco. A partir daí, o Braga que estava muito recuado, receoso, defendendo com todos atrás da linha do meio-campo, equilibrou, cresceu, começou a criar mais lances de ataque e foi mais perigoso. Apesar de ter mais bola, o bi-campeão perdeu chama, clarividência, ritmo, organização, deixou de ser dominador, perigoso e passou a ir lá apenas em jogadas de contra-ataque. E chegou-se ao descanso com um resultado justo, embora, tudo somado e tivermos em atenção as flagrantes oportunidades que o conjunto de Vítor Pereira teve no início do jogo, coisa que o Braga nunca teve, a haver vantagem teria de ser do F.C.Porto.

Se na primeira-etapa, houve uma equipa, o F.C.Porto, que durante um período de cerca de 15 minutos, foi muito melhor, na segunda, o jogo foi sempre equilibrado, com o F.C.Porto a ter mais bola, mas o Braga bem organizado, mais esclarecido e menos receosos, a sair muito bem para o contra-ataque e num ou outro lance, quase sempre por Éder, a criar algum perigo. Estava o jogo a caminhar para o fim e já depois de Vítor Pereira ter substituído, bem, um Varela a desaparecer, mas a tardar em refrescar o meio-campo - Defour devia ter entrado mais cedo - e quando já se pensava no empate, James tirou um coelho da cartola, adiantou o F.C.Porto no marcador, com Jackson a confirmar a vitória e dando uma vantagem de dois golos, pelo que foi o jogo, excessiva.

Notas finais:
Não fizemos um grande jogo, a equipa pareceu-me cansada, faltou gente na exibição portista - Moutinho, Lucho, Varela, Jackson e James, os dois últimos, apesar dos dois golos e João Moutinho, nunca jogaram ao nível que nos habituaram -, mas, tudo descaroçado, vitória muito difícil, mas indiscutível do F.C.Porto. Pelo que o Braga jogou, pela réplica que deu, talvez a diferença mínima fizesse mais justiça ao que foi o jogo. Que e repito, foi um belíssimo espectáculo.

Voltamos à cidade dos arcebispos já na próxima sexta-feira, agora para a Taça de Portugal. Acredito que com mais tempo para recuperar - os jogos da Champions, não matam, mas moem -, podemos fazer um jogo mais conseguido, prolongar por muito mais tempo, os 15 minutos, brilhantes!, do jogo de hoje.

Estava com algum receio em relação à falta de andamento de Alex Sandro e Fernando. Felizmente, não se notou e quer um quer outro, estiveram muito bem. Como muito bem estiveram Helton, Danilo, Otamendi e Mangala. Atsu e Defour entraram bem e Kléber não teve tempo para nada - entrou aos 87 minutos.

Curioso, mas sintomático, a frase que mais ouvi, no final do jogo, foi: F.C.Porto cola-se ao Benfica. Ninguém foi capaz de dizer, preto no branco, F.C.Porto ganha ao Braga e recupera a liderança.
O que faz a azia!
Ah e Peseiro, teve azar, ficou mesmo a 9 pontos!

Abraço

Penta disse...

caro Paulo, caríssimas(os),

na pedreira, onde habita o «salBaduôre», tiBemos mesmo aquela "pontinha de suórte" que o burgesso das madeixas tanto não queria que acontecesse.
com aquele ar de palonço que tanto lhe é característico (e comum a qualquer lampião), até se engasgou quando desejou que «bóm éra que perdêreçem os duois»...
esta noite, vai ter que digerir um mamute. e "inventar" o autocarro de dois andares para não ser muito humilhado em Barcelona. e pensar que o duelo da Segunda Circular é já na próxima jornada. a Vida não lhe sorri e a Sorte não quer mesmo nada com ele, 'tadinho.
(peço desculpa por concentrar a minha raiva na azia lampiónica do abstrôncio em causa, mas estava entaladinho :D)

somos Porto!, car@go!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
Miguel | Tomo II

Rui Anjos (Dragaopentacampeao) disse...

Vitória suada e iluminada pela estrelinha dos campeões. Como disse e bem Vítor Pereira, em resposta ao bronco vermelho, a sorte dá muito trabalho.

Foi um teste qualitativo à liderança portista, num palco sempre difícil frente a uma equipa que valorizou e de que maneira a vitória portista.

Os campeões nacionais não conseguiram praticar o seu habitual futebol apoiado e fluído, muito por mérito do adversário, que conseguiu «apagar» alguns dos jogadores nucleares da equipa (Moutinho e James). Porém, ao contrário de Peseiro, Vítor Pereira, perto do fim do jogo, deu uma mensagem de inconformismo, quando tirou um médio (Lucho) e meteu um avançado (Kléber). A verdade é que a equipa parece ter percebido e nos últimos minutos da partida fez o resultado. Foi feliz, é verdade, mas fez por merecer.

A liderança continua a ser uma realidade ainda que presa apenas por 1 golo, o resto é folclore.

Um abraço